No dia 19 de Dezembro de 1961, José Dias Coelho foi assassinado pela PIDE na rua que hoje tem o seu nome, e é nessa rua que fica esta dinâmica Biblioteca dedicada à cultura e à valorização do partilhar encontros sobre Liberdade, Democracia, Ditadura, Mulheres…
“A morte saiu à rua num dia assim” Zeca Afonso deu vida a mais um morto pela PIDE. O poema é uma homenagem a José Dias Coelho e a todas as pessoas que abriram caminho para a “Liberdade passar por aqui” dando o corpo às balas e à prisão.
A Vida saiu à rua num dia assim, com Cravos Vermelhos e o Povo a apoiar, com alegria, os Militares de Abril.
Foi para homenagear a Revolução dos Cravos que estive na Biblioteca de Alcântara, para conversar com crianças sobre o antes e o depois do 25 de Abril de 1974 com base no livro A Escola e os Cravos.
A partilha de conhecimentos, com crianças que não sabiam como era a vida em casa, na rua e na Escola antes do 25 de Abril, em ditadura, e depois em Democracia, foi vivida com espanto, sensibilidade e curiosidade.
Nas escolas, hoje, há meninos e meninas de muitas etnias diferentes que brincam, estudam, convivem, veem semelhanças e diferenças entre eles. Ficaram a “conhecer” que em ditadura não se podia criticar o governo, não se podia ir para a escola sem bata, que havia uma Polícia para prender quem criticava o governo, a guerra, que não havia comida na escola e que muitas crianças passavam fome. Ficaram a saber que na Escola havia livro único de leitura, de história… para todo o país, para que todos pensassem da mesma maneira, como era isso possível? Questionaram eles. Como era possível haver escolas só para rapazes e escolas só para raparigas? A Liberdade está a passar por aqui…
“No dia 25 de Abril eu gostava de ser militar de Abril”
A morte saiu à rua num dia assim
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
A lei assassina a morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas por uma nação.
Como a nossa Luisa, tua Mãe e minha Amiga, ficaria feliz ao ler este e outros belos textos que tens escrito.
Um grande abraço de Confiança no Futuro e um MUITO OBRIGADO A TI, QUERIDA LUISINHA.
MRIA JOSÉ RIBEIRO