HOJE NASCEU FRANCISCO de SÁ de MIRANDA

Francisco de Sá de Miranda (1481? , ou 1485? – 1558?). Poeta português, também autor de teatro e de outras formas literárias. Nasceu em Coimbra, e estudou em Lisboa, onde na altura funcionava a Universidade. Alcançou o grau de Doutor em Leis. Em 1516 encontram-se composições poéticas suas no Cancioneiro Geral de Garcia  de Resende. Em 1521 vai para Itália, onde terá contactado com figuras destacadas do Renascimento.

Volta a Portugal em 1526?, sabendo-se que em 1527 já vivia em Coimbra, sendo assíduo na corte de D. João III, que na altura ali estava fixada, fugindo à peste que na altura grassava em Lisboa. Embora amigo pessoal do rei, que por ele tinha grande estima, as intrigas da rei, e talvez impelido por um conflito com Gil Vicente, fizeram com que se afastasse e fosse viver para o Minho, tendo-se fixado em Duas Igrejas, ao pé do rio Neiva. Ali terá composto e escrito a maior parte da sua obra, de onde lhe terem chamado O Poeta do Neiva. José Vitorino de Pina Martins, na entrada que fez para a Enciclopédia Verbo, assinala a importância que têm na sua obra valores humanos, de modo nenhum virados para o passado, antes para a defesa da simplicidade e da verticalidade na vida de todos os dias. Terá procurado exprimir nos seus  escritos alguns receios pelos resultados dos empreendimentos dos Descobrimentos.

Sá de Miranda introduziu em Portugal o verbo decassílabico, e formas como o soneto, a écloga e a elegia. A écloga Encantamento é a primeira escrita em português. É de referir que influenciou grandemente os poetas portugueses do seu tempo, a começar por Luís de Camões. As suas cartas revestiram-se de formas inovadoras entre nós, sendo um veículo fundamental para compreender a sua postura moral e cívica. Destaca-se a carta a D. Fernando de Meneses. No teatro compôs a tragédia Cleópatra, e as comédias Os Estrangeiros e Vilhalpandos.

Apresentamos a seguir um dos sonetos mais conhecidos de Sá de Miranda:

 

O sol é grande: caem coa calma as aves,
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!

 

Obrigado ao Projecto Vercial, da Universidade do Minho. Ao seu site fui buscar este soneto. E ao Dr. Pina Martins, e à Enciclopédia Verbo.

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