Há quem faça punhais
com as suas vidas,
porque o aço temperado
seguiu a tempo um bom conselho
e abandonou as forjas.
Há quem teça bandeiras
com os seus corpos,
porque o pano encarnado
se cansou de ser vermelho
e fugiu das lojas.
Há quem acenda fogueiras
com o seu sangue,
porque Prometeu
estava já a ficar velho
e se deixou de brincadeiras.
Em todo o caso,
há quem teça punhais,
há quem acenda bandeiras,
há quem faça fogueiras.
Há quem enfrente os canibais!
Fui buscar este poema a O Cárcere e o Prado Luminoso. A edição do livro é das Edições Salamandra, de 1990. Sei que o poema é muito mais antigo, até porque já tinha ouvido o Carlos dizê-lo em público, há muitos anos, não sei quantos. Talvez ele nos queira contar a história, um dia destes.