O muro de Belém é como o muro de Varsóvia.

Diário de bordo

 

 

 

Um dos temas recorrentes da actualidade internacional é o da permanente ameaça que o conflito entre Israel e os palestinianos representa para a paz precária em que o mundo vive. Um erro da diplomacia britânica deu lugar a um estado artificial cuja existência se baseia em textos milenares de duvidosa consistência histórica. Como se, com base em lendas, se pudesse redesenhar a geografia política de uma região. Porém, o erro foi cometido vai para um século e a lenda sionista transformou-se numa realidade – um estado com quase oito milhões de habitantes.

 

É curioso como algumas das mais agudas críticas contra o sionismo, são provenientes de judeus, como por exemplo a obra de Hannah Arendt (1906-1975) «Origens do Totalitarismo» – e uma outra da professora Idith Zertal – «A Nação e a Morte»,(1944). Temos falado nos últimos dias de Zygmunt Bauman, o sociólogo e pensador polaco que na sessão de abertura do Congresso Europeu da Cultura, realizado em Wroclaw, na Polónia, teve uma intervenção brilhante, salientando o valor da cultura, incluindo o valor económico e afirmando que os principais recursos económicos europeus, são os recursos culturais.

 

Pois bem, hoje falaremos dele por outro motivo – sendo judeu condenou a construção do muro da Cisjordânia e comparou-o ao que cercava o gueto de Varsóvia – O muro de Belém é como o muro de Varsóvia.  E com esta comparação, tão pertinente, o pensador polaco, também ele de origem judaica, reabre uma polémica. Bauman, prémio Adorno, crítico do totalitarismo e do negativismo com 85 anos afirma que  «Israel invoca o Holocausto para legitimar acções inconcebíveis». E manifesta a sua preocupação. Legítima preocupação, dizemos.

 

Voltaremos a Bauman e a este tema.

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