UM CAFÉ NA INTERNET – A RAZÃO DOMINADA PELA FORMOSURA, de Bocage

Um café na Internet 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Importuna Razão, não me persigas;

Cesse a ríspida voz que em vão murmura;

Se a lei de Amor, se a força da ternura

Nem domas, nem contrastas, nem mitigas:

 

Se acusas os mortais, e os não abrigas,

Se (conhecendo o mal) não dás a cura,

Deixa-me apreciar minha loucura,

Importuna Razão, não me persigas.

 

É teu fim, teu projecto encher de pejo

Esta alma, frágil vítima daquela

Que, injusta e vária, noutros laços vejo:

 

Queres que fuja de Marília bela,

Que a maldiga, a desdenhe; e o meu desejo

É carpir, delirar, morrer por ela. 

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