«Nunca, em quase 50 anos, conheci um político que se aproximasse tanto de não ser nada como António José Seguro. Não tem um currículo académico de qualquer distinção. Não tem um currículo profissional. Em 30 anos de PS raramente se deu por ele.»
Na sua crónica de sexta-feira no Público, Vasco Pulido Valente começa assim a desmontagem, peça a peça, da figura do novo secretário-geral do Partido Socialista. Todos sabemos que Pulido Valente não se distingue pela benevolência com que critica, porém há que reconhecer que este retrato de Seguro está muito bem feito.
O que se pode contrapor é que do outro lado deste combate de wrestling que é a política portuguesa, está outra nulidade – tudo o que acima Pulido Valente diz de António José Seguro, mudando o nome, assentava como uma luva a Pedro Passos Coelho.
Pulido Valente, na minha opinião, exagera quando diz que em quase 50 anos não conheceu um político tão próximo de «ser nada». Salazar e Caetano, mas sobretudo o primeiro, eram hábeis em desencantar ministros obedientes, mas sem qualquer outro atributo.
Depois do 25 de Abril, também têm aparecido alguns. Reconheça-se, no entanto, que as coisas estão a piorar. De Jorge Sampaio a Seguro vai uma distãncia considerável e no PSD, Passos Coelho é nitidamente mais medíocre do que Pedro Santana Lopes, por exemplo. Será que os patrões dos grandes grupos financeiros optaram por políticos assim com este perfil? Dois zeros à frente dos dois partidos do poder. Coincidência?
Há quem diga que as não há.