O 13º aniversário da Âncora Editora – por Carlos Loures

Há quase vinte anos num curso de especialização para Editores, ministrado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, conheci pessoalmente António Baptista Lopes. Era um curso relativamente extenso, presencial, feito em horário pós-laboral – três semestres lectivos e um trabalho final e, portanto, durante quase dois anos, os, salvo erro, 18 alunos encontrávamo-nos, de segunda a sexta-feira, entre as seis e as dez da noite. Digo era, pois o curso continua a existir, mas a sua duração foi reduzida, creio, a dois semestres.

 

O Baptista Lopes era o director da Editorial Notícias. Eu estava numa editora de Barcelona implantada na América Latina, que, nos anos 80 foi comprada pela Hachette – um dos tentáculos culturais do “Polvo” (“La pieuvre)”, o grupo do Jean-Luc Lagardère, que dos jactos Mirage 2000 e dos Falcon aos livros fazia praticamente de tudo. Tinha mesmo um canal de televisão, La Cinq. A Hachette, era uma das jóias da coroa. Voltemos ao Baptista Lopes.

 

Quando digo que nos conhecemos pessoalmente, quero dizer que num mundo relativamente concentracionário, como era (e é) o universo editorial português, era impossível não termos ouvido falar um do outro. E tinha até havido, cerca de dez anos antes, um episódio, irrelevante para o que quero hoje dizer, que não me dispunha a ser particularmente amigo daquele colega. Mas, tendo ficado lado a lado, tornámo-nos amigos ao fim de poucos dias. Com o Fernando Mão de Ferro, que já conhecia e com o qual tinha já contrato assinado para a publicação de um livro (hei-de falar aqui deste irmão do nosso António Mão de Ferro), e com a Cândida Correia, que está na Impala, formámos um grupo a que depois se juntou o José Pinho, o dono da Ler Devagar. Nos trabalhos de grupo, tínhamos as tarefas bem divididas e mantivemos a equipa até ao final do curso.

 

Entretanto a empresa onde eu estava foi comprada por um sócio português e a multinacional transformou-se numa empresa familiar – eu não tinha feitio para trabalhar numa empresa desse tipo – aguentei um ano ou quase e depois saí e montei uma empresa de serviços editoriais. O Baptista Lopes ficou admirado como é que, um tipo que já não era jovem, que não tinha fortuna pessoal, saia de uma empresa onde trabalhara vinte e tal anos e corria o risco de partir do zero. Disse-mo.

 

Passados cerca de dois anos, não sei se levado pelo exemplo deste amigo mais velho, fez o mesmo – deixou a Notícias e fundou a Âncora Editora. Fizemos diversos negócios. Alguns até correram bem.

 

Hoje, de parceria  com as Edições Colibri, do Fernando Mão de Ferro, co-edita os meus livros. Jurista de formação, mas editor de devoção, Baptista Lopes é um trabalhador incansável que acreditando na inspiração, não se furta à transpiração, encara a profissão como um acto de militância (durante anos acumulou com a condução da sua empresa o cargo de presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.

 

O respeito por grandes figuras da cultura, é outra das suas características – alguns dos livros do seu catálogo são disso prova. Beirão, adepto do Belenenses (ninguém é perfeito!), António Baptista Lopes é uma figura prestigiada no meio editorial. Muito falámos nas vésperas da criação da empresa – parece que foi há pouco tempo e já lá vão treze anos!

 

Parabéns António, um grande abraço!

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