O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade – 18 – por Raúl Iturra

 

 

Freud, pai da psicanálise, nunca leu Weber, mas estudou o Talmude e outros textos religiosos para entender a mente cultural dos seus pacientes. Podemo-nos interrogar do porquê destes textos e não de outras confissões? Eu diria, tal como já o afirmei noutros livros, que a resposta é simples: no Talmude há saber antigo, saber pragmático e ciência do concreto e do abstracto.

 

Sempre tive a ideia que este saber é a base da teoria freudiana sobre o inconsciente, após estudar os textos rabínicos e ser instruído em formas de comportamento hebreus. Em adulto, Freud rebela-se contra a sua forma de pensar e sentir, que permite usar o saber, mas sem prática.

 

NOTA:

 

O Talmude (em hebraico: תַּלְמוּד, transl. Talmud) é um registo das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico, perdendo importância apenas para a Bíblia hebraica. O Talmude tem dois componentes: o Mixná (c. 200 da nossa era), primeiro compêndio escrito da Lei Oral judaica, e o Guemará (c. 500 da nossa era). A discussão do Mixná e dos escritos tanaíticos que frequentemente abordam outros tópicos é amplamente exposta no Tanakh. O Mishná foi redigido pelos mestres chamados Tannaim (“tanaítas”), termo que deriva da palavra hebraica que significa “ensinar” ou “transmitir uma tradição”. Os tanaítas viveram entre o século I e o III d.C. A primeira codificação é atribuída a Rabi Akivá (50 – 130), e uma segunda, a Rabi Meir (entre 130 e 160 da nossa era), ambas as versões foram escritas no actual idioma aramaico, ainda em uso no interior da Síria. Os termos Talmud e Gemarah são utilizados frequentemente de maneiras intercambiaveis. A Guemará é a base de todos os códigos da lei rabínica e muito citada no resto da literatura rabínica; já o Talmude, também chamado frequentemente de Shas (hebraico: ש”ס) é uma abreviação em hebraico de shisha sedarim, as “seis ordens” da Mixná.

 

 História completa em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Talmud.

 

Originalmente, o estudo académico do judaísmo era oral. Os rabinos expunham e debatiam a lei (isto é, a Bíblia hebraica) e discutiam o Tanakh sem o benefício das obras escritas (além dos próprios livros bíblicos), embora alguns possam ter feito anotações privadas (megillot setarim), por exemplo, a respeito das decisões de cortes. A situação mudou de forma drástica, principalmente, como resultado da destruição da comunidade judaica no ano 70 da nossa era, e os consequentes distúrbios nas normas legais e sociais judaicas. À medida que os rabinos foram forçados a encarar uma nova realidade — principalmente a de um judaísmo sem um Templo (para servir como centro de estudo e ensino) e uma Judéia sem autonomia — surgiu uma enxurrada de discursos legais, e o antigo sistema de estudos orais não pôde ser mantido. Foi durante este período que o discurso rabínico passou a ser registado na escrita.[1][2] A primeira lei oral registada pode ter sido na forma dos Midrash, na qual a discussão haláquica está estruturada como comentários exegéticos sobre o Pentateuco. Uma forma alternativa, porém, organizada pelos tópicos de assuntos, em vez dos versos bíblicos, tornou-se dominante por volta do ano 200 d.C., quando o rabino Judá HaNasi redigiu a Mixná (משנה). A Lei Oral estava longe de ser monolítica, variando enormemente entre diversas escolas. As duas mais famosas eram a Escola de Shammai e a Escola de Hillel. Em geral, todas as opiniões, mesmo as não – normativas, eram registadas no Talmude. A Mishná, também conhecida como Mixná ou Mixna[1] (em hebraico משנה, “repetição”, do verbo שנה, ”shanah, “estudar e revisar”) é uma das principais obras do judaísmo rabínico, e a primeira grande redacção na forma escrita da tradição oral judaica, chamada a Torá Oral. Provém de um debate entre os anos 70 e 200 da Era Comum por um grupo de sábios rabínicos conhecidos como ‘Tanaim’ e redigida por volta do ano 200 pelo Rabino Judá HaNasi. A razão da sua transcrição deveu-se, de acordo com o Talmude, à perseguição dos judeus pelos romanos e à passagem do tempo; este novo suporte (a escrita) trouxe a possibilidade dos detalhes das tradições orais não serem esquecidos. As tradições orais que são objecto da Mishná datam do tempo do judaísmo farisaico.[2] A Mishná não reclama ser o desenvolvimento de novas leis, mas meramente a recolecção de tradições existentes. A Mishná é considerada a primeira obra importante do judaísmo rabínico e é uma fonte central do pensamento judaico posterior. A lista dos dias de festa conhecida como Meguilat Taanit é mais antiga, mas de acordo com o Talmude já não está em vigor. Comentários rabínicos à Mishná nos três séculos seguintes à sua redacção (guardados sobretudo em aramaico) foram redigidos como a Guemará. Retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mixn%C3%A1. Não resisto ao ímpeto de falar da língua, da qual nasceu a psicanálise, com palavras usadas por Freud como conceitos psicanalíticos, o Aramaico. Freud, tendo especial pendor para idiomas, dominava o alemão, o aramaico, o inglês, o francês. Encantou-se, na adolescência, pela obra Dom Quixote, de Cervantes e aprendeu, sem mestre, a bela língua castelhana. Este capricho juvenil permitiu-lhe constatar pessoalmente o acerto da tradução das suas Obras Completas para o espanhol, registado em algumas palavras do tradutor D. Luis López Ballesteros y de Torres (Freud, 1923b). Ao usar o Talmude, escrito em Aramaico, Freud tinha a obrigação de usar a língua referida, para definir os seus conceitos. Esta afirmação do uso do aramaico para definir conceitos na sua teoria é mais do que evidente. Os textos estudados por ele, não apenas o Talmude, estavam escritos em aramaico, como a Mishnná. Paulo Roberto Medeiros, Recife, organizador dos estudos psicanalíticos de Freud e Lacan, na sua Universidade, tem um texto que define os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, denominado Conceitos fundamentais da Psicanálise. Apresentação, leitura e comentários de Seminários e Textos de Jacques Lacan Os Nomes-do-Pai. Para aceder aos conceitos fundamentais da Psicanálise e aos conceitos aramaicos de Freud e Lacan, veja-se:

 

 http://www.traco-freudiano.org/tra-instituicao/word/  paulo-medeiros-4conceitos/11-06_julho_%202004.pdf.

 

 

 Aramaico é a designação dada aos diferentes dialectos de um idioma com alfabeto próprio e com uma história de mais de três mil anos, utilizado por povos que habitavam o Oriente Médio. Foi a língua administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, além de ser o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Daniel e Esdras, assim como do Talmude. Pertencendo à família de línguas afro-asiáticas, é classificada no subgrupo das línguas semíticas, à qual também pertencem o árabe e o hebraico. O aramaico foi, possivelmente, a língua falada por Jesus e ainda hoje é a língua materna de algumas pequenas comunidades no Médio Oriente, especialmente no interior da Síria; a sua longevidade deve-se ao facto de ser escrito e falado pelos aldeões cristãos que durante milénios habitavam as cidades ao norte de Damasco, capital da Síria, entre elas reconhecidamente os vilarejos de Maalula e Yabrud, esse último “onde Jesus Cristo hospedou-se por 3 dias” além de outras aldeias da Mesopotâmia reconhecidamente católicas por onde Cristo passou, como Tur’Abdin no sul da Turquia, fizeram com que o aramaico chegasse intacto até aos nossos dias. No início do século passado, devido a perseguições políticas e religiosas, milhares desses cristãos fugiram para o ocidente, ainda hoje existem algumas centenas vivendo nos Estados Unidos da América, na Europa e na América do Sul. Acrescento que o Aramaico não é apenas um língua, define actividades, sentimentos, saberes e emoções dentro da lógica das palavras. Além destas ideias, há o livro de Lucille Ritvo: A Influência de Darwin sobre Freud, Imago, 2008 comentado como: “Este livro é o primeiro a revelar o pleno impacto sobre Freud da efervescência criada pelas obras de Charles Darwin. Lucille B. Ritvo mostra como método e as ideias de Darwin desempenham papel seminal nas descobertas psicanalíticas básicas de Freud – sexualidade infantil, conflito, regressão, o significado e a função dos sintomas, a coexistência de opostos no inconsciente e a relação entre perverso e normal. Darwin fez da história um método científico à psicologia com resultados igualmente surpreendentes. O período em que Freud cursou a escola secundária, de 1865 a 1873, coincidiu com a divulgação do trabalho de Darwin no mundo de língua alemã e a publicação alemã de A Variação de Animais e Plantas em Domesticação e a descendência do Homem. Como Freud mais tarde recordou, “as teorias de Darwin, que então eram de interesse corrente, atraíram-me fortemente, pois apresentavam esperanças de um extraordinário avanço em nossa compreensão do mundo”. Ritvo afirma que foi Carl Claus, professor de zoologia de Freud na Escola Médica da Universidade de Viena, mais que seu professor de fisiologia, Ernst Brücke, como até agora se julgava, quem formou Freud nos rigores da biologia darwiniana”. É preciso acrescentar que Freud e Darwin eram de origem judaica, apesar de Darwin ter tido instrução anglicana e ter estudado teologia anglicana em Cambridge. Darwin e Freud eram judeus. O primeiro apenas contestou o criacionismo; o outro desenvolveu a teoria da psicanálise. Dois pilares, cada qual em sua ciência, do pensamento moderno. Donde, a formação em aramaico é também passivel de pensar. Porém, os conceitos e as ideias vêm do activo aramaico. Informação completa em: http://www.interney.net/blogs/gravataimerengue/2006/03/20/genios_judeus/. Esta informação provém da minha pesquisa e de textos mais extensos, que podem ser lidos em: http://www.adufpb.org.br/publica/conceitos/09/art_18.pdf, sobre o uso do aramaico de Freud. Quem escreveu mais sobre esta ideia, foi o analista João Leonardo Ribeiro de Morais, Professor Adjunto de Psiquiatria do Depto. de Medicina Interna do CCS/UFPB. O texto denominado: Influências do Darwinismo na formação e na obra de Sigmund Freud, Revista Conceitos – Janeiro – Junho de 2003,

 

 http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Revista+Conceitos&btnG=Pesquisa+do+Google&meta=&aq=f&oq

 

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