A semana passada parece que os juros da dívida portuguesa estavam a descer generalizadamente nos mercados. Esta semana uma agência de notação voltou a baixar a notação do nosso país, em conjunto, é verdade, com as de outros cinco países europeus, entre eles a Itália e a Espanha. A seguir outra agência baixou a notação de sete bancos portugueses.
Para Portugal, segundo o Público on-line, a Moody’s, a primeira das agências em questão, aponta quatro razões para a descida: as condições macroeconómicas na Europa; o “potencial” para uma “contracção económica mais profunda e longa” do que o antecipado; o patamar do défice “mais elevado do que o esperado”; e o “potencial contágio” de um incumprimento grego, que poderá, diz a agência, “prolongar o período durante o qual Portugal não conseguirá aceder aos mercados privados” para financiamento a longo prazo. Entretanto, outra agência, a Standard’s & Poor, trata da saúde aos bancos, invocando para um, a crise da dívida soberana, para os outros seis a análise aos perfis de crédito.
Não ficaremos surpreendidos se os juros voltarem a subir mais uma vez. O que nos surpreende há já algum tempo é a recusa’ pelos poderes públicos e privados, a aceitar que há uma correlação, se não directa, pelo menos muito consistente. Os juros quebram por que se torna mais fácil descobrir financiadores, por os detentores do dinheiro terem mais dinheiro para emprestar, e que eles querem pôr a dar lucro. E a seguir sobem por os mesmos quererem ganhar mais dinheiro. O mercado financeiro funciona no curto prazo. Tanto faz os juros respeitaram a empréstimos a curto, médio ou longo prazo.
Isto impossibilita o crescimento da economia. Esta, tal como a vida da sociedade em geral, o bem estar das populações, o planeamento da vida dos particulares, dá-se mal com este ambiente de risco. Quem gosta dele são os especuladores, sobretudo os grandes especuladores. A ideia de que se trata de um ambiente de liberdade, favorável à iniciativa, só cabe na cabeça de um desvairado.