O Acordo Ortográfico – “agarrar o cão pelo pelo”

 

 

Ainda vamos a tempo de não permitir que vingue este atentado à nossa língua. Declararam guerra às variantes da língua portuguesa falada em todo o mundo. Onde há uniformidade e monolitismo não há riqueza. Porque havemos de permitir em Portugal que nos obriguem a falar o português como se fala no Brasil? Quando há guerra, vai-se à luta. Esta é uma guerra demasiado importante para ficarmos parados.

 

Leiam e oiçam os argumentos dos que sabem bem do que falam, ao contrário dos papagaios políticos e dos de todos os outros quadrantes que querem abastardar a componente fundamental do nosso património cultural.

 

Ouçamos primeiro o que disse a Prof. Maria Alzira Seixo em 2010:

 

 

 

 

 

 

E, agora, o Prof. João de Figueiroa-Rego:

 

(enviado por Adão Cruz)

 

 

São como eu CONTRA O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO???

 

SE SIM, fiquem a saber que EXISTE UMA FORMA DE TRAVAR O ACORDO e ainda podemos ir a tempo. Tudo é possível.

Só temos de fazer duas coisas: dar uma assinatura, e ESPALHAR PELOS AMIGOS.

 

Quer em papel, quer reencaminhando este email. Espalhem por todos os que conheçam a ver se vamos a tempo.

Neste site têm tudo explicado, e links para o site do movimento:

 

http://www.portuguespt.com/

Leiam o site, é rápido. Ele explica o que fazer. E tem links para o movimento. Está tudo escrito.

(…)

Para quem acha que o Acordo é bom, ficam aqui algumas razões:

1. Este é apenas o 1º de outros acordos que se seguirão, diz-se até que este foi insignificante, se este prosseguir, os outros serão imparáveis. O que virá nos próximos? Se lá se fala “tu quer” (Gaúchos) ou “você quer” acho que iremos um dia falar igual. Entre outras coisas.

2. O “C” de Directo serve para algo. Para os Brasileiros é mudo porque eles acentuam todas as sílabas como os Espanhóis. Nós não, precisamos de ter o “C” para nos dizer que “directo” é lido como “diréto”, senão seria como coreto (“corêto”), cloreto (“clorêto”), luneta (“lunêta”), não dizemos “lunéta” nem “cloréto” nem “coréto” não é? Vamos ler “direto” como? “dirêto”? Enfim, o “C” serve para algo cá, no Brasil não, mas cá serve.

3. Vai ser bonito falarmos Egipto com o P e lermos Egito sem o P. E como as crianças aprendem o que é Egipto na escola e não em casa (não andamos a falar no Egipto a crianças de 3 ou 4 anos), irão aprender a falá-lo como “Egito” sem “P”, mesmo que os pais falem com “P”.

4. Vamos ensinar um Inglês como? Dizer-lhe «olhe, você aqui lê EGITO mas NESTE CASO específico, fale “EGIPTO” finja que existe lá um “P” imaginário, finja que é como o “EGYPT” do seu país, mas escreva só “EGITO” não tente perceber, o Português é assim! E olhe há egípcios, egiptólogos, tudo tem P mas no Egipto é EGITO, sem “C”!» – É isto que vamos dizer ao ensinar Português?

5. E que mal tem “pêlo” ter o acento? É mais bonito escrever: “agarrar o cão pelo pelo”?…

6. Não há qualquer desvantagem em em existir Português-PT e Português-BR, como há Inglês diferente em UK e USA (doughnut e donut), como com o Espanhol onde “coche” na Espanha será “carro” na América do Sul, etc. Cá só há desvantagens e custos com o Acordo. Seremos o único ex-colonizador a escrever e falar como a colónia (por algum motivo obscuro). Não nos entendemos assim? Só pouparíamos dinheiro e neurónios.

7. Peçam a um Brasileiro para dizer “Peniche” e verão a palavra que sai de lá. Isto porque o Português-PT tem muito mais riqueza fonética e até linguística que o Português-BR. Aprendemos facilmente o Português-BR e eles não aprendem tão facilmente o Português-PT porque lhes falta essa prática no range maior de sons que a nossa língua contém, havendo até quem diga que somos os melhores a aprender línguas e sotaques devido à riqueza da nossa língua. Vamos aproximar-nos do Português-BR porquê?

8. Corretora Oanda, movimenta triliões por ano, é a maior corretora cambial do mundo, traduziu os seus manuais para Português-PT. Isso mesmo, nada de Acordo, nada de Português-BR. Português-PT. Porque vamos nós andar a alterar o Português e mostrar-lhes que afinal fizeram a escolha errada? Entre muitas outras empresas.

9. Querem que os livros escolares de 2012/13 sejam já com o novo acordo. As crianças serão ensinadas neste primeiro passo a lerem e escreverem de forma diferente. Não é assim opcional a mudança como nos querem fazer querer. A mudança é obrigatória, é imposta nas escolas, já está nos media, etc. Não podemos escolher continuar como estamos porque daqui a uns anos será mesmo errado. Os Brasileiros cortam “C” e “P” e podem ler da mesma forma, nós não! Esqueçam a dupla grafia…

10. O que é que o povo mandou? Inquéritos em que umas 65% das pessoas rejeitaram o acordo, umas 30% não saberem o que é e o resto diz que sim? E que salvoerro umas 28 em 30 universidades e editoras consultadas disseram que não? Além de muitos linguístas? Porque é que é aprovado o acordo contra a vontade do próprio povo? Mesmo uma petição com 120.000 assinaturas foiv apresentada a 50 deputados dos quais 49 faltaram e uma apareceu e ignorou. Para ir mesmo à Assembleia, só com uma ILC!

11. Os Portugueses devem estar mesmo no fundo. A falar do glorioso povo do passado e ninguém quer saber da língua. Os Espanhóis nunca aceitariam um acordo destes para os obrigar a falar como os Argentinos! Os Bascos, são apenas uns 100.000 ou 200.000 a falar Basco, nunca desistiram até ao fim e agora têm até a língua Basca como oficial no seu pequeno “país”. Só o Português é que deixa andar e desleixa a língua e deixa que outros façam o que querem dela…

12. Estamos nós a defender letras como “C” em Directo que realmente não são inúteis, têm a sua função, e lá fora há línguas que mantêm letras desnecessárias, como “Dupond” ou “Dupont” em Francês que nunca apagaram nem apagarão o T só porque não é lido!! Vamos apagar porquê? Somos burrinhos e é difícil para nós percebermos para que servem?

13. Há mais falantes nativos de Inglês mais Espanhol juntos (Espanhol mais ainda que Inglês), que passam de um bilião de nativos, e mais de 2 biliões de falantes não nativos das mesmas, do que os 200 milhões de Brasileiros. Estarmos a afastar a língua de 2 biliões de pessoas para ficarmos mais próximos do Brasil é disparate. Mais uma vez, para facilitar a vida aos Brasileiros, vamos dificultar a vida a quem quer aprender Português lá fora e tornar a língua inconcisa como visto acima. Vejam: “Actor” aqui, “Actor” no Latim, “Acteur” no Francês, “Actor” no Espanhol, “Actor” no Inglês, “Akteur” no Alemão, tudo com o “C” ou “K”, e depois vêm os Brasileiros com o seu novo: “Ator” (devem ser Influências dos milhões de Italianos que foram para o Brasil e falam “attore” lol). Algumas outras: Factor, Reactor, Sector, Protector, Selecção, Exacto, Baptismo, Excepção, Óptimo, Excepto, etc, “P”, “C”, etc. Estamos a fugir das origens, do mundo, para ir atrás dos Brasileiros. Quanto amor não?

14. Alguém quis saber do resto das colónias que não falam da mesma forma que os Brasileiros? Só o Brasil é que interessou ao Acordo (já que Portugal foi o que cedeu).

15. O Galego-Português da Galiza, o da variante da AGLP, é mais parecido com o Português de Portugal neste momento que o próprio Português-BR. Os Brasileiros têm alterado a língua sem se preocupar com o resto do mundo, porque é que temos de ser nós a pagar pelos seus erros e prepotencia?

16. ODEIO instalar um software e ver que vem tudo em Português do Acordo, e fóruns também, em que uma votação é uma “ENQUETE” (sei lá como foram inventar isto), em que um utilizador é um usuário, em que “apagar” é “DELETAR” (do “Delete” Inglês, por incrível que pareça nos seus dicionários), ou Printar, ou etc. Por vezes sou obrigado a utilizar softwares em Inglês para aguentar… Como haverá agora Português-PT e -BR ao gosto de cada um, se só existirá um “Português”? Eu quero sites e softwares que eu entenda e na minha língua e isso SÓ É POSSÍVEL mantendo o -PT e o -BR separados! Senão será tudo misturado para sempre! E depois lá vamos nós “enquetar” (votar) e coisas assim…

17. A prova do ponto 16, é que o próprio Google Translator já só tem o “Português” e tudo o que escreverem ficará no Português-BR, e até “facto” que ainda não mudará já aparece lá como “fato”, é bom que nos habituemos pois será o que virá nos próximos acordos, bem como “oje”, “abitação”, etc.

18. No Brasil mesmo não sofrendo as alterações que temos, há milhões contra o acordo também por coisas tão insignificantes como o acabarem com o “trema”!!! Vejam na net!! E nós com alterações tão brutais, ainda estamos contentes e sem fazer nada!!!

19. Existirão sempre pseudo-intelectuais em todas as línguas que irão dar a vida pelo acordo (sem querer ofender ninguém), achando que é o ideal, e que salvará o país e que dará emprego ao país, e até que sem isto a lígua Portuguesa morre e haverá um “Brasileiro”. A variante Português-BR nunca poderia ser uma língua independente como “Brasileiro” só pelas alterações que fazem, não há esse perigo, teria de ser radicalmente mudada (nunca acontecerá) de propósito para o efeito. Não inventemos. A variante Português-BR nunca poderia ser considerada outra língua. E não deixem que pseudo-intelectuais nos tratem como burros só porque defendemos a língua. Tudo o que é chicos espertos e pessoal com manias irá para a defesa dovacordo (existirão também pessoas decentes a defendê-lo é certo).

20. Nada impede que haja uma espécie de concordância mais simples em que digam apenas que incluímos palavras deles e nossas num dicionário universal mas SEM IMPOR regras a ninguém, e que no futuro cada um dos países só alterará a SUA PRÓPRIA variante com acordo dos outros, sem impingir aos outros essas mudanças, apenas para evitar que as mudanças no Brasil possam ir ainda mais longe e arruinar ainda mais o Português. Nada impede isso.

21. Com o Português unido, qual ficará a bandeira oficial? Já vejo por todo o lado a bandeira do Brasil no Português, mas se tivesse Brasil para Português-BR e a Portuguesa para Português-PT, ainda era aceitável, apesar de sabermos que só há uma bandeira oficial que é a Portuguesa, mas é difícil impedir o patriotismo Brasileiro, mas com tudo unido, haverá a tendência das empresas para adoptarem a bandeira do país que tem mais população, o Brasil, mais valia termos variantes.

22. Cada vez que me lembro que lá já escrevem quase todos “mais” em vez de “mas” porque falam no fundo “mais” com o sotaque e eles têm a tendência de passar para a escrita a forma como falam, no futuro não será de admirar que nós sejamos em futuros acordos obrigados a escrever também: “eu fui lá MAIS não vi ninguém”…

23. EXISTEM FORMAS DE TRAVAR ESTE ACORDO! Petições ou clicarmos num LIKE no Facebook não faz nada. Há uma ILC em movimento que será entregue em breve, prazo final para impedir esta desgraça. É chato porque temos de imprimir um miserável papel e enviá-lo, porque é entregue na Assembleia, mas quem é que diz ser contra e fica sem agir? Se 20 pessoas assinarem, fica a 2 cêntimos cada o envio dessas assinaturas para o correio. É só colocar num marco de correio! Houve uma ILC antes, e entrou na Assembleia, e anulou uma lei de Arquitectura. As ILC’s podem ter esse poder. É uma forma do POVO LEGISLAR. Do povo criar leis, e acabar com leis. O governo fez isto sem apoio de ninguém e nós podemos tentar fazer algo para corrigir.

24. Há mil outras razões para dizer não ao acordo, mas… para quê? Estas não chegam?

25. Para terminar fica uma frase de Edmund Burke: “Tudo o que é necessário fazer para que o mal triunfe, é que os homens bons nada façam.” Neste caso, tudo o que é necessário fazer para que o Acordo triunfe, é que NÓS continuemos à sombra da bananeira, e deixar o tempo passar. Porque o Acordo foi aprovado e se ninguém lutar contra ele, ele já cá anda.

Se estas razões forem sufientes para vocês, ou se pura e simplesmente querem um Acordo mais bem feito, então vamos agir. Basta uma assinatura e as instruções estão no site acima.

Nada é garantido à partida mas vamos-nos ficar sem dar luta?

Se não quiserem assinar, por favor enviem aos vossos contactos.

SOMOS PORTUGUESES E TEMOS DIREITO A MANTER A NOSSA LÍNGUA.

João de Figueiroa-Rego
Ph.d – History, Researcher

(CHAM, FCSH/UNL e CIDEHUS, U. Évora)
PORTUGAL

 

11 Comments

  1. Duas cousas (escrevo “cousas”):1.- Parece que os galegos lusófonos vão tendo alguma existência. Devemos agradecer o detalhe.2.- Em ambos os textos, acima, advirto que há uma confusão grave entre língua escrita, unificada, e realizações orais bem diversas. Em particular, a referência ao castelhano (ou, como aí se diz, “espanhol”) não serve para apoiar o argumento em causa, porquanto as variedades orais são tantas e tão diversas que só a ficção de a língua escrita se corresponder com elas é que vale, mas justamente para argumentar em contrário. E penso que a referência ao inglês prova ainda mais o argumento contrário ao exposto em ambos os textos acima.Em suma: Línguas extensas e úteis, como a castelhana ou a portuguesa ou a inglesa e mesmo a chinesa são tais porque se toma como certa e efetiva a ficção “acordada”, de jeito expresso ou tácito, de uma só língua escrita se corresponder com realizações orais diversas e mesmo divergentes.

  2. Tomar os galegos como referente de uma suposta divergência entre o português do Brasil e o de Portugal é o mais hilariante dos últimos tempos hilariantes. O autor do texto ficou descansado. E os galegos, a morrermos sentados aguardando que a Lusofonia nos reconheça. Senhores de Portugal: a sua língua não é somente sua.Assdo: uma galega.

  3. Meus caros amigos da Galiza, eu que não sou linguista mas que, mesmo assim, me apercebo – porque é fácil apercebermo-nos – das distorções, das mudanças forçadas que nos limitam o uso e a riqueza da língua, dou aqui neste espaço a palavra aos especialistas que se manifestam contra o Acordo Ortográfico e nos explicam porquê. Mas leiga como sou na matéria, aproveito esta oportunidade para vos pedir que me esclareçam uma coisa que ainda não percebi, e acreditem que uso de toda a boa fé e que vos agradeço, de igual modo, que o façam: sempre achei muito interessante o modo como se fala na Galiza, diferente do castelhano, diferente do português de Portugal, enfim, precisamente pela riqueza da sua especificidade. Se eu fosse galega, de certeza, que quereria manter essa maneira de falar e de escrever a língua que tinha seguido essa evolução na minha terra. Daí que não entenda, e daí o meu pedido de esclarecimento, o motivo porque sempre vejo algum de vós chegar aqui zangado quando nos pronunciamos contra o Acordo Ortográfico relativamente ao português falado em Portugal. Confesso que me é estranho, ou será simplesmente ignorância?

  4. Não há uma posição d’A Viagem dos Argonautas sobre o AO, até porque também não há acordo quanto a qual seria. A maioria será talvez contra o AO mas sem unanimidade ou consenso. Nem todos o são.Não sou linguista pelo que não sei afirmar da necessidade, ou não,deste AO mas ainda não descortinei nele razões para ser militantemente contra.Também ainda não vi explicação para justificar porque foram as revisões ortográficas necessárias e positivas e esta o não é.Os que também criticam a anterior perda do trema percebo melhor.O que aceito mal são os argumentos que roçam a superioridade imperial – “a língua é nossa e não queremos falar e escrever como os brasileiros e africanos (… como os pretos) ignorantes”.O texto do professor João de Figueirôa-Rêgo é um mau exemplo de argumentação contra-AO – há-os mais interessantes entre os opositores ao AO -; nele estão coisas que nada têm a ver com o AO, como se tivessem, e dele perpassa um anti-brasileirismo do qual não partilho – internacionalmente, o Brasil tem feito mais pela língua portuguesa que Portugal.A citação do reacionário E. Burke não me é particular simpática.Também me desagrada ver que quem afirma defender a língua portuguesa prefere assinar “Ph.d – History, Researcher”. O que lhe fará comichão para não dizer que é Doutor em História e investigador?A língua é muito mais que a ortografia e há, de facto, muito para fazer em prol da sua defesa, afirmação e desenvolvimento.

  5. Angola e Moçambique recusaram o Acordo que, segundo Miguel Sousa Tavares escreve no jornal Expresso do passado dia 11, supostamente lhes seria prioritariamente destinado. É ainda o mesmo MST que cita o editorial do oficioso “Jornal de Angola” dessa semana onde se lê “não queremos destruir essa preciosidade (a língua portuguesa) que herdámos inteira e sem mácula” e que “se queremos que o português seja uma língua de trabalho na ONU, devemos, antes de mais, respeitar a sua matriz e não pô-la a reboque do difícil comércio das palavras. Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos. negócios”. Angola e Moçambique, ex-colónias portuguesas, são dois dos países com o maior número de habitantes efectiva ou potencialmente falantes do português.

  6. Pode dar ricochete. Até à data não ratificaram o que não é exatamente o mesmo que recusar. Ao contrário do VGM o MIL – Movimento Lusófono difunde que reconhecendo ser uma questão sensível Angola estuda implementar o AO: “Num momento em que aumentam ações contra a nova ortografia do Português – a ser usada pelos oito países falantes da língua – Angola estuda implementação de acordo “sensível” no país africano.”(http://www.dw.de/dw/article/0,,15746981,00.html?maca=bra-newsletter_pt_africa_em_destaques-6779-html-newsletter&fb_source=message)

  7. Augusta, já respondi a isso, a um comentário “galego”.Admito a existência duma língua galaico-portuguesa, cuja prosódia se assemelha muito mais à da nossa língua que à do castelhano.Mas há algumas reflexões a fazer. Tanto quanto sei, a vertente galega do português era já uma língua moribunda, confinada à oralidade entre camponeses, quando Rosalía de Castro a resgatou do esquecimento e a “reinventou”!A ditadura franquista baniu as línguas autónomas (como o galego, o catalão ou o basco), impondo o uso do “espanhol” (na verdade, o “castelhano”). Com a “democracia formal”, como as mentalidades não se alteram por milagre, permaneceu a imposição ortográfica ditatorial, em vez de se promover a escolhida, com verdadeira autonomia, pelos galegos.Mas, por outro lado, têm de ser os galegos a impôr-se aos governos espanhóis, os mais activistas conquistando o comum cidadão para essa causa: determinar e usar a sua própria ortografia, sem se pendurarem em qualquer coisa, boa ou má (do ponto de vista científico), produzida por outros falantes da língua. Esta minha posição decorre de eu considerar que, sendo necessária uma “norma ortográfica” para cada país onde o português seja língua oficial, é desnecessário e inútil qualquer “acordo”, já enterrado, em vigor, ou a “fabricar”. O inglês, o castelhano ou o francês, falados e escritos em diversos continentes (fruto do colonialismo) não têm acordos! Porquê esta ânsia “acordante” da “lusofonia”? Seria mais compreensível que se harmonizassem algumas regras entre galegos e portugueses, pela proximidade geográfica e miscigenação fronteiriça, do que entre países geograficamente muito distantes, onde a língua vai, fatalmente, evoluir até uma diferenciação que já não permita juntar a sua variada descendência sob uma mesma designação. Se assim não fosse, ainda estávamos todos a falar latim, de Portugal à Roménia! Curiosamente, detecto nesta ansiedade uma reminiscência, admito que não consciente, da ideologia colonial-fascista do “grande Portugal”, transposta para o mito da “grandeza” da “lusofonia”…A sequência de acordos em que os brasileiros (e muito bem) se borrifaram, nunca me impediu de ler e perceber (com maior ou menor recurso ao dicionário) dezenas de autores brasileiros, de diversas épocas. Nem a ausência de acordo “castelhano” me impediu de ler obras escritas por autores espanhóis ou latino-americanos, apesar das suas diferenças. Nem as diversas e caóticas grafias me impedem de ler os nossos clássicos, sem “actualização”… Etc. Se, aqui ou ali, em algumas argumentações esparvoadas, emerge um certo nacionalismo bacoco, por parte de opositores do AO, tal advém de um desconhecimento análogo ao dos seus apoiantes… Isto é, deve-se – lá volto ao mesmo – à ligeireza, à falta de rigor, ao bojudo “não-te-rales” e à abissal ignorância com que a maioria das pessoas aborda praticamente todos os assuntos: eu sei que a afirmação parece sobranceira e excessiva, mas basta, em cada tema, analisar com honestidade e atenção as “não-razões” apresentadas pela maioria dos intervenientes num qualquer debate, para se perceber que esta é a triste realidade, com a qual, evidentemente, não me congratulo: tomara eu que todos me ultrapassassem em atenção e rigor! A minha oposição ao “Aborto Ortofágico” – bem como do Graça Moura e tantos outros – baseia-se em que, mesmo esquecendo a sua inutilidade, está “cientificamente mal-feito”! Cheio de contradições, questões mal resolvidas ou não resolvidas de todo, sem critérios coerentes, gerador de um sem número de confusões que a cada passo se evidenciam nos “media” (ou vão-me dizer que não é verdade?), o que não pode ser varrido para debaixo do tapete … Esse é o problema: o resto é palha e disparate!Trata-se é de fazer as coisas bem-feitas, cometendo o encargo a quem tenha sabedoria e cultura para dar conta do recado!E há ainda, no meu entender (que não é comum, creio, à generalidade dos opositores do AO), uma atitude corporativa de reservar a “boa pronúncia” a uns tantos “sábios”, que assim se distinguem da massa ignara que nunca acederá com facilidade a essa correcta pronúncia, tesouro de “eruditos” (que erudito não é sinónimo de culto – o que não falta são eruditos incultos, como o AO comprova).

  8. Estou de acordo, claro. Realmente é como diz o Prof. José Gil: já foram repetidamente apresentados rodos os argumentos contra este AO que querem impor pela força, não porque tenha razão e necessidade de existir. E os erros científicos foram também referidos pela. Prof. Maria Alzira Seixo, entre outros. Tenho esperança que não passe.

  9. Angola favorável ao acordo ortográfico, mas com modificações Diretor para assuntos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Oliveira Encoge, garante que Angola seguirá o caminho da ratificação mas quer a introdução de termos do vocabulário nacional. Raquel Pinto (www.expresso.pt)23:36 Quarta feira, 28 de março de 2012 Angola é favorável à ratificação do novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa com a introdução de vocabulário nacional, afirmou hoje Oliveira Encoge, o diretor para assuntos da comunicade dos Países de Lingua Portuguesa (CPLP) no Ministério angolano das Relações Exteriores. De acordo com a agência “Angop”, a declaração foi proferida durante um encontro técnico de preparação da reunião de sexta-feira que colocará frente-a-frente ministros da Educação da CPLP. Oliveira Encoge referiu que “Angola é parte significativa da língua portuguesa, por isso o país vai contribuir para a sua alteração, no bom sentido”.”A sua ratificação só vai depender de alguns aspetos de ordem organizativa, técnica e académica, porque elas é que vão definir o horizonte temporal para que este ato jurídico aconteça, porque Angola já é parte signatária do acordo”, disse o dirigente, escreve a “Angop”. Oliveira Encoge garante que “se vai ouvir todos os atores da sociedade como os académicos e os escritores para darem o seu contributo, naquilo que é um bem comum para todos os falantes da língua portuguesa”.Ler mais: http://expresso.sapo.pt/angola-favoravel-ao-acordo-ortografico-mas-com-modificacoes=f715283#ixzz1qVrgTmpu

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