A oposição mais forte que está a ser feita ao executivo de Passos Coelho, parece ser a que vem do interior do proprio PSD.
Uma acumulação de gaffes cometidas por figuras do partido, do governo, como o próprio primeiro-ministro e as suas inconvenientes considerações sobre a pieguice e a preguiça dos portugueses ou a da super ministra Conceição Cristas sugerindo a importação de ribatejanos para o Alentejo, e por históricos, como Manuela Ferreira Leite, com a defesa de que a hemodiálise gratuita deve ser recusada a quem tenha mais de 70 anos, o que condenaria à morte muita gente. Ou as queixas de Cavaco quanto á sua «reduzida» pensão de reforma Para já não falar em Alberto João Jardim que, pelo simples facto de existir, constitui um handicap para qualquer secretário-geral – uma gaffe permanente, monumental e vergonhosa. Todos estes disparates convergem no sentido de demonstrar a insensibilidade de quem supostamente nos governa – estamos nas mãos de gente que, para além de tudo mais, está longe da realidade.
Como se tudo isto não bastasse, temos um ataque de lucidez em José Pacheco Pereira, que publica uma violenta crítica a Passos Coelho. E dizemos de lucidez, pois a sua inteligência e cultura sempre foram evidentes. Marcelo Rebelo de Sousa, no seu estilo peculiar, irónico e sibilino, apontando erros ao primeiro-ministro. Já nos referimos a estas críticas vindas de dentro.
Ontem foi Marques Mendes com a afirmação de que as medidas de austeridade (embora correctas, na sua opinião), criando «angústia» no eleitorado, podem acarretar a perda das eleições legislativas. É uma evidência, mas os políticos não costumam preocupar-se com evidências. O PSD, sem uma ideologia própria, com uma bússola que aponta para interesses e não para princípios, parece estar a dar sinais de que a todo o momento pode haver uma implosão.