Diário de bordo de 22 de Fevereiro de 2012

«Desde que assumi a liderança do PS que fiz do emprego e do crescimento económico a principal prioridade da minha ação política. Simultaneamente, tenho defendido que a UE necessita de adoptar medidas concretas para fazer face à crise.» (…) «Há cada vez mais iniciativas de diversos líderes políticos defendendo que as políticas europeias respondam eficazmente aos problemas das pessoas. Este é o caminho».  Isto, disse ontem António José Seguro no Facebook. E disse mais: «Num momento em que o crescimento e emprego são a preocupação dos portugueses é difícil de compreender como o primeiro-ministro português não subscreveu a carta que onze dos seus colegas dirigiram ao presidente do Conselho e ao presidente da Comissão propondo mais crescimento económico. Temos um primeiro-ministro de braços caídos e sem iniciativa». 

 

Refere-se a uma carta assinada por 12 chefes de Governo da UE- Espanha, Itália, Reino Unido, Holanda, Estónia, Letónia, Finlândia, Irlanda, República Checa, Eslováquia, Suécia e Polónia, enviada ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Carta perfeitamente inútil.

 

Como inúteis são as palavras de Seguro.

 

Porque udo isto é blá, blá sem sentido para quem se lembre de como o PS governou. Mais uma vez, Seguro mostra ser incapaz de produzir uma afirmação inteligente e de disparar um tiro certeiro – se há coisa que Passos Coelho tem tido é iniciativa e de braços caídos nunca tem estado. Na perspectiva de quem é governado, só tem cometido erros e mais valia que tivesse estado de braços caídos, mas na óptica de quem verdadeiramente governa, as «iniciativas» do primeiro-ministro têm sido magníficas. O que está aqui a passar-se é um remake de uma filme que todos já vimos. Seguro prepara-se para ser primeiro-ministro quando Coelho cair. E de incapaz em incapaz, de estúpido em estúpido, de degrau em degrau, vamos descendo sempre.

 

Era preciso a esquerda acordar. Mas parece continuar a descansar e a satisfazer-se com uma ou outra declaração desassombrada de Jerónimo de Sousa ou de Ana Drago.

 

Não existindo um preceito constitucional que impeça a chegada ao poder de partidos que já provaram à saciedade ser incapazes de governar com isenção, honestidade e respeito pelos interesses das maiorias que os elegem (se houvesse esse preceito, PSD e PS estariam extintos há muito tempo), a esquerda, esquecendo ideologias, aparelhos partidários, interesses corporativos, erradicando a corrupção, que também existe no seu seio, podia dar um contributo válido para a normalização da vida nacional. Assim, continua a viver de recordações, a organizar protestos que a nada conduzem. Fazendo o jogo da direita.

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