Ethel Feldman Caminho de ferro
(Adão Cruz)
Quando o mar roubou o sal dos rios, bracejei contra os predadores sem dar conta do encontro das águas. Estuário fértil, onde a vida se procria.
Quando o sol iludia a noite alongando o dia, contemplava o céu. Apaixonada, descobria a vida. Equânime é o olhar de quem ama.
Cada quarto de hora, ameaça a meia hora. Ruído infernal que anuncia a morte do tempo. Cadenciado é o som, em cada intervalo da hora.
Entre a minha casa e o mar, existe um caminho de ferro.
O silêncio aparece de madrugada, quando a estação adormece cansada, ou quando os maquinistas fazem greve e as crianças do bairro colam seus corpos nos trilhos como se fossem lagartos.
Uma sirene prolongada, anuncia a desgraça. Num lamento sombrio a noite escurece o dia.
Da minha janela vejo o mar. Noite e dia.
Que bom ver o mar Ethel, noite e dia. Entre a minha casa e o mar existe a esperança que o teu poema nos faz respirar no silêncio da madrugada. Um beijinho
Adão, nem sei o que responder… Talvez entendas esse intervalo de silêncio, onde as palavras não cabem e a vida respira ténue. Espaço de liberdade pura, sem tempo onde o amor transpira sem ficar cansado.Obrigada, AdãoBeijinho