Edição 75 e9 jornal FraternizarSexta-feira, 10 de Janeiro 2012
Ai, este Ocidente (cristão) que não tem emenda! Já liquidou a Líbia e o Egipto. Está a liquidar a Síria. E a seguir vem o Irão? As Populações da Síria do ditador Bashar al Assad, como, antes, as Populações da Líbia do ditador Kadafi, e as Populações do Egipto, do ditador Mubarak, estão a ser, medonha e absurdamente, utilizadas por Poderes Obscuros da Síria.
A Carnificina da Síria, com dezenas e dezenas de mortos, servidos, todos os dias, à hora do almoço e do jantar nos telejornais dos países do Ocidente, já faz parte das Rotinas das Populações. Conseguimos continuar a comer, como se nada fosse. Somos Canibais, e nem sequer damos por isso. É verdade que as nossas bocas não comem carne humana, pedaços destroçados de jovens e menos jovens sírios, pelos bombardeamentos, da responsabilidade do presidente assassino, Bashar al Assad, contra bandos de Populações armadas que exigem o seu derrube, porventura, a sua morte. Mas os nossos olhos e os nossos ouvidos comem. As imagens são reais. Não são ficção. Não se trata de um filme de mau gosto, como são todos os filmes que fazem da violência armada, o seu prato forte. São pedaços da realidade síria actual, objectivamente, Obscena, que os telejornais, há várias semanas, nos dão a comer aos nossos olhos e aos nossos ouvidos, em horário considerado nobre, em tvs. Como Humanos, não comemos só com as nossas bocas. Comemos, também, e de que maneira, com os nossos olhos e os nossos ouvidos.
As Populações da Síria do ditador Bashar al Assad, como, antes, as Populações da Líbia do ditador Kadafi, e as Populações do Egipto, do ditador Mubarak, estão a ser, medonha e absurdamente, utilizadas por Poderes Obscuros da Síria, apoiados por Poderes Obscuros do Ocidente, incluídos, os fabricantes e vendedores de armas de destruição em massa. O pretexto é sempre o mesmo: o derrube do Ditador que preside aos destinos do Estado sírio e, colateralmente, aos destinos das Populações sírias.
As Populações, só por si, não se Levantam contra os Ditadores. Em boa verdade, as Populações dos múltiplos Países do Mundo, nunca conheceram outro quotidiano, que não seja viver, do nascer ao morrer, sob o domínio de outrem, que se tem por dono e senhor delas, que toma decisões e promulga leis que lhes impõe, nem que seja pela força das armas, empunhadas pelos próprios filhos delas, obrigados a integrar os exércitos de cada Estado. Que o Estado é, aos olhos das Populações, o mais visível Deus omnipotente, omnipresente e omnisciente, que a tudo super-entende, umas vezes, mais Padrinho /Benfeitor e Liberal, outras vezes, mais Ditador e Cruel. Tirânico, sempre!
Se as Populações da Líbia e do Egipto, e, agora, as Populações da Síria, e, dentro de mais algumas semanas, as Populações do Irão, de repente, se erguem contra o respectivo chefe do Estado ou do Governo do seu país, apelidado de Ditador pelos chefes de Estado e de Governo dos Países do Ocidente, é porque minorias espertalhonas e gananciosas de cada um desses países, as manipulam, aliciam, arregimentam e obrigam a fazê-lo. De resto, as Populações são mantidas, geração após geração, no Infantil e no Ingénuo, para serem manipuladas, a qualquer momento. O facto de, neste nosso hoje, poderem ser, grande parte delas, Populações escolarizadas, não significa que sejam Populações já saídas do Infantil e do Ingénuo. Pelo contrário. O facto de serem escolarizadas, proporciona aos Estados que as escolarizam, introjectar nas mentes delas a sua própria Ideologia /Idolatria, de modo que as Populações acabam todas a pensar e a falar e a votar, como os Estados querem que elas pensem e falem e votem. O Poder, enquanto existir, jamais consentirá que as Populações deixem o Infantil e o Ingénuo. Podem ser escolarizadas, mas permanecem alienadas, porque diariamente alimentadas, nas suas mentes, com o que há de mais rasca e de mais medíocre.
O Ocidente, possesso que anda da Ideologia /Idolatria do Cristianismo que, em última instância, sempre se confunde com a Ideologia /Idolatria do Dinheiro, só conhece uma forma de Paz. A das armas. Há Paz, se houver armas. A Paz que nasce do coito entre a Justiça e a Verdade, é música celestial para os seus ouvidos: Não é para tomar a sério, à hora de tomar decisões de fundo.
A verdade é que as Populações da Líbia do ex-ditador Kadafi e as Populações do Egipto do ex-ditador Mubarak – que dizer daquela premeditada e programada ao milímetro invasão de campo de futebol que, em poucos minutos, deixa 74 mortos no terreno?! – estão, hoje, bem piores do que então. E nem sequer se pode dizer que desfrutam de Liberdade. Os que estiveram por trás da revolta armada das Populações, são hoje os novos donos, os novos ditadores, respectivamente, da Líbia e do Egipto. O mesmo sucederá na Síria, depois do derrube de Ashar al Assad. E, mais tarde, no Irão, quase de certeza, o senhor que se segue!
O Ocidente de raízes cristãs rejubila com tanto sangue humano, com tanto sangue de vítimas humanas. O seu Deus mais visível, o Dinheiro, carece de vítimas humanas e de destruição de grandes cidades, para continuar a garantir o seu Poderio absoluto, sem rivais à altura. Não tem emenda. E só as Populações, podemos fazer-lhe frente e fazê-lo cair, se lhe aparecermos Desarmadas e de pé. Em silêncio. Basta sermos perante ele, durante os dias, as semanas, os meses, que forem precisos, e em todos os locais que frequentamos, Populações politicamente de braços caídos. Ousemos!