Cançó cínica de l’ensopiment
No cerquis més. Tot és on ha de ser,
i no ha de ser enlloc més. Mira a pleret.
El món és una estampa fora del temps.
Deixa’l estar, que està bé tal com és.
I si no pots,
no t’hi encaparris gaire, perquè l’esforç
et passarà factura. Vigila el cor,
no l’apressis, que diuen savis doctors
que cal aprendre a viure, perquè no és bo
sentir tanta fretura, i és molt millor
guadir les quatre coses que Déu ens do.
Seu i prente una tilla tranquillament
mentre mires com passen, catric-catroc,
uns trens que mai s’aturen ni van enlloc.
I si et pren la malura de la llangor,
acluca els ulls i deixa que la buidor
se’t fiqui per les venes, t’arribi al cor,
t’ensopeixi i t’adormi… Non-non, non-non,
que per calmar les penes, res com el son…
Non-non, non-non…
I si t’adorms per sempre…, non-non, non-non,
ja et cantaran absoltes, non…, non…, non… Non!
Canção cínica da fraqueza
Não procures mais. Tudo está como deve ser
e onde deve estar. Olha em teu redor.
O mundo é uma estampa fora do tempo.
Deixa estar, está bem como está.
E se não podes,
não dês cabo da cabeça, pois o esforço
cobrará o seu preço. Cuida do coração,
não o esforces – dizem os sábios doutores
que é preciso saber viver, que não é bom
sentir tanta inquietação, é muito melhor
fruir as coisas que Deus nos dá.
Senta-te, bebe tranquilamente chá de tília,
enquanto vês passar, pouca terra, pouca terra,
comboios que nunca param nem vão a lado algum.
E se te vires vencido pela fraqueza
fecha os olhos, deixa que o vazio
te entre pelas veias e chegue ao coração,
te entorpeça e adormeça… dorme, dorme, sonha, sonha…
que nas dores o sono é o melhor,
dorme, dorme, sonha, sonha,
e se acaso adormeces e não acordas…,
dorme, dorme, sonha, sonha,
três badaladas e um balde de cal,
dorme – sonha…, sonha… Dorme!
(Versão portuguesa de Carlos Loures)