Companhia de Caçadores 669
ANGOLA
1964-1966
A Companhia de Caçadores 669 pertencia ao Batalhão de Caçadores 670 que teve a sua origem no BCaç 10, em Chaves, de onde saiu em 9 de Maio de 1964 com destino a Angola. Comandado pelo tenente-coronel de Infantaria Armando Manuel Cardoso Alves de Abreu, o BCaç 670 era composto pelas Companhias de Caçadores 667, CCaç 668 e CCaç 669, respectivamente comandadas pelos capitães de Infantaria Jorge Esteves de Almeida, António Luís Baptista Barrinhas e Nuno Álvaro Pires Afonso.
O BCaç 670 seguiu para a Zona Norte de Angola, passou por Ambriz, Tomboco e São Salvador do Congo onde se apresentaram ao Comando do Sector F seguindo as Companhias cada uma para os seus aquartelamentos.
A CCS ficou em Cuimba, a CCaç 667 no Buela, a CCaç 668 no Luvaca e a CCaç 669 em Pangala. Todas estas povoações ficavam a cerca de 600km de Luanda junto a fronteira do Norte de Angola.
Um antigo combatente, que cumpriu o tempo de comissão nesta zona, descreve nas suas memórias como decorria a viagem de Luanda até Pangala, destino nos primeiros meses da comissão da CCaç 669:
RUMO AO NORTE
A deslocação era feita por companhias. Mesmo assim cada coluna, composta por jipes, GMS, Unimogs, e algumas viaturas civis que transportavam materiais diversos, era muito extensa.
O capitão ia na frente. Era a primeira viatura. O Senhor capitão não poderia apanhar com o pó nas ventas! Para isso ele era capitão. A viatura onde eu seguia com a minha secção – um Unimog – ia em sexto ou sétimo lugar na coluna. Ao lado do condutor, de pé, tentando ver a viatura do capitão, que parou à saída. As restantes viaturas iam-se aproximando, até que toda a coluna parou. O capitão fez sinal com o braço, indicando que seguiríamos para a direita.
A marcha começou lenta. Seguimos pela estrada que ia dar a Malange. Passados dezasseis quilómetros surge a povoação de Viana; continuámos viagem sem problemas de maior. O ronronar dos motores das viaturas adormecia os sentidos.
Olha! Uma povoação com casas de alvenaria ao longe! Fomos andando e apareceu uma placa na estrada que dizia Catete. Olhei o conta-quilómetros. Tínhamos andado sessenta quilómetros.
Fomos andando, até que passámos pela “Vila Salazar”. Aquele homem tinha o nome em tudo que era sítio. Se ele algum dia tivesse vindo ver esta província, como ele dizia, teria chegado à conclusão, como Norton de Matos, que o governo devia estar em Angola e o “Puto” ser um local de férias na Europa, para os Ultramarinos. Nunca saiu de “casa”! Só conhecia o ultramar de ouvido (por aquilo que lhe contavam); ficou com ideias fixas e os resultados ficaram à vista.
Chegados ao Lucála houve ordem de paragem, para descanso das viaturas e do pessoal. Tivemos um tempo para descanso, e ordem para visitar a povoação muito simpática por sinal.
Arrancámos. Á saída de Lucála voltámos à esquerda, e, finalmente rumámos a norte. A coluna militar era longa, a “estrada” era de uma espécie de barro vermelho, As viaturas levantavam um pó infernal. Era impossível usar os óculos. Os óculos iam para o bolso e do bolso saia um lenço, que era o lenço usado pela tropa. Era amarrado por cima do nariz e dava-se um nó atrás da cabeça. Assim podíamos respirar menos-mal. A viagem ia prosseguindo sem problemas de maior. Nem as viaturas avariavam, o que nos parecia milagre, pois havia viaturas como as GMC, que já eram da segunda guerra mundial. Íamos passando por sanzalas e povoações.
Chegámos a Camabatela onde devíamos passar a noite. As viaturas foram chegando e aparcaram para passar a noite.