Uma clara ilustração sobre os sociais democratas na Alemanha e sobre os homens da senhora Merkle e do senhor Barroso como Wolfgang Schauble – II
(Conclusão)
O Acordo
O caso de “do CD roubado ” tinha estalado em Janeiro de 2010. A imprensa revelou que dados confidenciais de 1.500 titulares das contas na Suíça tinham sido vendidos para as autoridades alemãs por 2,5 milhões de euros. Seguiram-se vários outros roubos de dados.
Em Setembro de 2010, o caso deu origem à prisão de um acusado, que se enforcou na sua cela. No início de 2011, outro suspeito tinha sido libertado depois de ter sido colocado em prisão preventiva. No acordo fiscal assinado no passado mês de Agosto entre Berna e Berlim, que deveria por fim a este caso do roubo dos dados bancários, mas que ainda não foi ratificado sob a pressão do campo social-democrata e dos Verdes alemães, a Alemanha renuncia à compra desses dados e a Confederação Helvética concorda em não iniciar nenhum processo criminal pelo envolvimento na aquisição ilegal dos dados bancários.
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O Ministério Público da Confederação (MPC) confirmou no sábado a informação que irá ser publicada no domingo pelo jornal alemão Bild am Sonntag. De acordo com o jornal, os três inspectores são acusados de espionagem económica. Existe uma “suspeita concreta de que foram atribuídas na Alemanha missões de espionagem sobre os bancos suíços “, disse o porta-voz do MPC Jeannette Balmer.
E o porta-voz refere-se ao julgamento do ladrão dos dados bancários do banco Credit Suisse em Dezembro passado. O Tribunal Criminal Federal condenou este ex-colaborador com a pena de prisão suspensa por dois anos e a uma multa de 3500 francos. O Tribunal Criminal Federal seguiu inteiramente o relatório da acusação do MPC acusando o indivíduo de transferência qualificada de informações económicas, bem como da violação do sigilo bancário e do segredo do processo de negócios, (secret d’affaire – que alguns traduzem como o segredo de lavagem de dinheiro).
Por enquanto, o MPC transmitiu às autoridades alemãs um pedido de entreajuda judicial, disse o seu porta-voz. Balmer não pode, no entanto, dar nenhum detalhe sobre os aspectos processuais. O novo procurador da Confederação foi pouco falador na rádio pública alemã DRS.
Independência do MPC
Confirmando este também o mandato de detenção e o pedido de entreajuda que foi realizado , Michael Lauber sublinhou a independência do Ministério Público, negando qualquer ligação, sob qualquer que seja a forma, com o conflito fiscal que envenena as relações entre a Suíça e a Alemanha. O procurador considerou não se poder pronunciar quanto às eventuais consequências sobre as negociações em curso entre os dois países que as suas decisões podem implicar.
E M.Lauber repetiu que “o trabalho do MPC é absolutamente apolítico”. O quadro processual continua completamente independente de quaisquer considerações de natureza políticas, disse ele.
À questão de saber se se o MPC evocou junto do Conselho federal o mandato de detenção contra os funcionários alemães, Michael Lauber nada disse evitando a questão. Quanto a DRS, afirmou no entanto que, em geral, nos casos de espionagem económica, o MPC mantém com o governo uma “estreita e boa cultura” do diálogo.
Um processo monstruoso
Cedo, no início da manhã de sábado, o Ministério das finanças do Land alemão já havia confirmado a informação. Aguardando que a Alemanha responda à solicitação de entreajuda, os três inspectores correm o risco de serem interpelados se entram em território suíço. O Ministro-Presidente da Renânia do Norte-Vestfália, Hannelore Kraft, reagiu com força quanto às suspeitas contra os inspectores. “Para mim, é um processo monstruoso”, disse a social-democrata ao jornal “Bild am Sonntag”. “Enquanto que Land protestamos contra o facto de que os nossos funcionários se apresentem como sendo criminosos”, acrescentou ela.
Como o conjunto das autoridades do Land, a Ministra-Presidente defende expressamente os seus funcionários. “Os três inspectores fizeram apenas o seu dever, isto é, perseguir em nome do fisco alemão os contribuintes em situação de fraude a depositarem o seu dinheiro não declarado nas contas de bancos suíços”. O que fez a Suíça através da emissão de mandados de detenção vem “agravar consideravelmente a situação”, diz a Presidente . Kraft. Diferentes personalidades da maioria social-democrata e dos verdes no Bundestag (Parlamento Federal), retomaram as palavras da Presidente Kraft. O Presidente do grupo dos Verdes, Jürgen Trittin falou de um escândalo.
Por outro lado, o actual Ministro alemão das finanças Wolfgang Schäuble, do Partido Democrata Cristã (CDU) mostrou compreensão no processo interposto pela Suíça. “O nosso vizinho é um Estado de direito que pune criminalmente as violações de sigilo bancário”. “Eis porque o acordo fiscal com a Suíça não tem nada a ver com o mandado de detenção”, disse o Ministro.
Terminados os textos da imprensa suíça, como um simples comentário sublinhe-se o confronto do discurso da Presidente Hannelore Kraft e o ministro do actual executivo alemão, Wolfgang Schauble, duas personalidades, dois discursos, dois mundos e com o deste último nada temos a ver.