
VAMOS AO CINEMA
Hoje falamos sobre um realizador português – João César Monteiro (1939-2003). Dos seus filmes dizem-se maravilhas e horrores – de génio a cabotino (passando por maluco), João César obteve todas as classificações. Dos seus filmes (todos eles polémicos) houve um que provocou escândalo – Branca de Neve – Porquê? Não tinha imagens, do ecrã negro saíam as vozes dos actores. Assim:
No dia da estreia, as declarações do realizador à comunicação social não contribuiram para serenar os ânimos:
Depois, numa entrevista João César Monteiro explicou:
Mas isto não fica assim. João César Monteiro era um homem do cinema e deixa uma obra importante, obra que, se quisermos fazer uma crítica justa, deve ser analisada no seu conjunto e não apreciada filme a filme. Claro que o João César se estaria nas tintas para a justiça e para a injustiça das críticas que lhe fizessem. A antropologia visual em que os seus filmes se inseriam, faz que muito da sua obra não seja compreendida, sobretudo por quem esteja habituado a uma gramática cinematográfica como a de Hollywood, por exemplo. Os filmes de Manoel de Oliveira também não reúnem o consenso do público. O cinema, a arte, não pode caber em cânones. João César Monteiro deu-nos o seu cinema. Que outro nos podia ele dar?