PEDAGOGOS PORTUGUESES – MARIA AMÁLIA BORGES DE MEDEIROS por clara castilho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Desta vez trago as palavras de Rui Grácio sobre esta pedagoga (in Boletim do Instituto de Apoio à Criança, nº5 –Nov/Dez 1988).

(…) “Diga-se a quem o não saiba: licenciada em Letras (Lisboa 1943), obteve depois o diploma de ensino especial
do Instituto António Aurélio da Costa Ferreira (1946), vindo a trabalhar como psicóloga em clinicas de pedopsiquiatria e na orientação pedagógica de estabelecimentos de ensino para crianças deficientes ou com perturbações de desenvolvimento. Com João dos Santos e Henrique Moutinho fundou em 1955 o Centro Infantil Helen Leller, de cuja escola foi directora durante cerca de oito anos. Aí se iniciou uma experiência genuinamente original de ensino integrado de crianças cegas, amblíopes e de visão normal, orientando-se as práticas educativas pelas técnicas Freinet, de que Maria Amália foi porventura a introdutora em Portugal. É uma ilustração mais de um facto historicamente comprovado: o encontro potencialmente fecundo entre crianças diferentes e educadores a seu modo diferentes também.

 

Em 1963, Maria Amália inicia uma nova carreira no Canadá, tendo participado activamente no movimento de renovação pedagógica que se processou na província do Quebec nos anos 60”. Foi posteriormente “professora de pedagogia na Faculdade de Ciências de Educação da Universidade de Montreal e membro fundador e dirigente da Association Québecoise pour l’Éducation Active. A função docente colocou-a perante um novo desafio: a educação de adultos (professores ou futuros professores do ensino técnico).

  

 (…) Para Maria Amália, em Portugal foi-lhe decisivo o encontro com o pensamento e as técnicas de Célestin Freinet; no Canadá o encontro com o pensamento e as propostas de Allport, Combs, Maslow e Rogers.(…) Como ela própria alegou: “Só podemos dizer que aprendemos verdadeiramente quando o novo conhecimento foi de tal maneira integrada por nós e incluído na nossa experiência passada e presente que alterou o nosso comportamento e transformou a nossa percepção do  mundo e dos outros”(As três faces da pedagogia, Livros Horizonte, s/d).

(…) “Porque tive uma infância e uma adolescência que considero pouco felizes, interessei-me desde cedo pelos problemas da educação. A pedagogia teve imediatamente um significado, porque respondia a problemas que eram meus” (O papel e a formação dos professores, Centro de Investigação Pedagógica da Fundação Gulbenkian, 1970).

(…) Foi-lhe a vida abreviada por uma doença cruel. Sinto como privilégio ter contribuído para prolongar  o seu convívio connosco, ao empreender as iniciativas que tornaram possível os dois livros citados, os únicos que nos pôde legar. Num deles deixei registadas as qualidades que inspiravam “amizade e admiração” por Maria Amália: “a argúcia e, simultaneamente, a humildade e probidade da inteligência e bem assim, a simplicidade e a bondade no trato que os seus amigos lhe conhecem”.

 

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