agenda cultural de 30 de Abril a 6 de Maio de 2012

 

 

 

 

por Rui Oliveira

 

 

 

Caro leitor : Esta semana volta a ser particularmente exígua, “esgotada” talvez pelos Dias da Música e pelo Indie que ainda persiste, contudo …

 

 

 

   Na Segunda-feira, 30 de Abril, o interesse possível dirige-se para o Palácio Foz onde, na sua Sala dos Espelhos, às 18h e com apoio da Juventude Musical Portuguesa, se exibe o Quarteto de Cordas Musikart, composto por Lilia Donkova, violino, Otto Michael Pereira, violino, Jean Aroutiounian, viola de arco e Nélson Ferreira, violoncelo.

   O conjunto dos violinistas búlgaros e do violista arménio, todos premiados bem como o violoncelista português, residentes e leccionando em Portugal, é de constituição recente e propõe-se um programa de que constam :

      W. A. Mozart  –  Quarteto nº 19 em dó maior, K.465 “Dissonâncias”

      Alexander Borodin  –  Quarteto de cordas nº2 em ré maior

 

   Não havendo registos do conjunto, ouça-se Lilia Donkova com a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras (a que pertence como solista) no Concerto para violino nº 1 em Sol menor, op. 26 no 3º andamento Finale. Allegro energico :

 

 

 

 

 

   Na Terça-feira, 1 de Maio, Dia do Trabalhador, estão grande parte dos agentes culturais de folga pelo que a nossa sugestão mais segura irá para o INDIE Lisboa’12, nomeadamente para as longas metragens da Competição Internacional  ou para o Foco Cinema Emergente que praticamente começa neste dia.

   Segundo o parecer de críticos (não vimos nenhum destes filmes), exibe-se nesta Terça no Cinema São Jorge, na Sala Manoel de Oliveira às 18h, a longa metragem romena Toata lumea din familia nostra (Everybody in Our Family), 2012 de Radu Jude, a sua segunda, “uma sátira dos absurdos do quotidiano … um colapso nervoso registado em tempo real, onde uma quezília familiar entre um casal divorciado descamba numa batalha campal no interior de um apartamento de Bucareste” (J.M. in Ípsilon), com Şerban Pavlu, Mihaela Sîrbu, Sofia Nicolaescu.

   Eis o seu trailer descrito como “apresentando uma visão humorística duma história triste : um pai  e uma filha planeiam umas férias paradisíacas mas ambos estão prisioneiros das suas infernais relações familiares” :

 

 

 

 

 

   Por seu lado o cinema em foco é o helvético, chamando-se a secção Cinema Suiço – Um Bando à Parte, uma referência ao franco-suiço Jean-Luc Godard e à sociedade de produção de Lionel Baier, o autor dum primeiro filme notado entre nós (Un Autre Homme de 2009) e de quem esta secção do Indie Lisboa apresenta no Cinema São Jorge, na Sala 3 às 16h, Comme des voleurs (À l’est), 2006, com Natacha Koutchoumov (Lucie), Lionel Baier (Lionel), Alicja Bachleda (Ewa) (entre outros), o primeiro elemento duma tetralogia consagrada aos quatro pontos cardeais e à Europa.

   Sinopse:  Quando Lionel (filho dum pastor com uma carreira de sucesso e uma homossexualidade assumida e aceite com um amante charmoso) descobre que tem um avô polaco, ele e a sua irmã Lucie, perturbados, abandonam os respectivos parceiros, partem a caminho da Europa Oriental mas dão por si sem documentos na Polónia e … essa trepidante busca de identidade altera a sua opção sexual anunciando o casamento com a polaca Ewa perante o desagrado fraterno.

   Veja-se um excerto elucidativo :

 

 

 

 

 

 

 

   Na Quarta-feira, 2 de Maio, o nosso realce iria para o espectáculo “Love at the Bottom of the Sea” que o grupo The Magnetic Fields , vindo da Casa da Música (Porto), apresenta às 22h na Sala Principal do Maria Matos Teatro Municipal.

   Composto por Stephin Merritt  uquelele, teclas, voz (seu compositor e director),  Claudia Gonson  percussão, piano, voz,  John Woo  violoncelo, flauta e Shirley Simms  banjo, guitarrista, os Magnetic Fields abandonam o quase folk do seu último CD Realism para “prometer (que) os habituais arranjos e instrumentação invulgar se unirão à anunciada tecnologia de ponta” e que “o regresso às máquinas (os sintetizadres) dará canções brilhantes aguçadas pela ironia, o humor e o amor”.

   Temos um registo da sua tournée de divulgação com o tema Andrew Drag tocado em Março 2012 em Vancouver (para ouvir o CD integral clique aqui ) :

 

 

 

 

 

 

 

   Na Quinta-feira, 3 de Maio, é de novo a Fundação Calouste Gulbenkian a concentrar o interesse musical pois no seu Grande Auditório, às 21h, o ainda novo maestro russo Kirill Petrenko vem dirigir a Orquestra Gulbenkian num concerto do ciclo Wagner +. O concerto é repetido, como usualmente, no dia seguinte (4 de Maio) às 19h.

   O dirigente, vindo da Komische Oper (Berlim) e da Metropolitan Opera (Nova Iorque) com percurso por todos os teatros importantes do Covent Garden às Óperas de Viena, Dresden, Frankfuhrt, Munique, Paris, Lyon, conduzirá a execução do 1º Acto da ópera Siegfried de Richard Wagner, para o que terá a colaboração de Scott MacAllister, tenor como Siegfried, de Wolfgang Koch, baixo-barítono como Viandante e de Peter Galliard, tenor como Mime.

   Será algo melodicamente parecido com este trecho operaticamente representado no Met com Siegfried Jerusalem como Siegfried  e Heinz Zednik como Mime em 1990 :

 

 

 

 

 

 

 

   Na Sexta, 4 de Maio, o desafio (calculado) será de ir ao Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, às 21h, ouvir Frankie Chavez, considerado um talento promissor da nova música portuguesa e mesmo a mais recente revelação blues do Sul da Europa.

    A sua música conjuga diferentes tipos de sonoridades resultando num Blues/Folk onde se identificam diferentes influências musicais (Robert Johnson, Jimi Hendrix, Kelly Joe Phelps, Ry Cooder), mas uma das características unicas da sua sonoridade resulta de ter, de certo modo, reinventado a abordagem da guitarra portuguesa … isto apesar de também abordar instrumentos tão tipicos do blues como o lap slide guitar.

   Editou em Janeiro de 2011 o seu 1º CD “Family Tree” de que reproduzimos a canção Another Day (quem queira vê-lo actuar, antes de ir ao CCB, pode ouvir I Don’t Belong do seu EP de 2010 clicando aqui ) :

 

 

 

 

 

   No Sábado, 5 de Maio, sugerimos a deslocação ao Salão Nobre do Teatro Nacional de São Carlos, às 18h, para assistir à Orquestra Sinfónica Portuguesa sob a direcção musical de Pedro Neves com a colaboração de Pedro Saglimbeni Muñoz  na viola, cumprir um programa de que constam :

 

      Gioachino Rossini  Tancredi (Abertura)

      Franz Anton Hoffmeister  Concerto em Ré Maior para viola e orquestra

      Ludwig van Beethoven  Sinfonia n.º 4, em Si bemol Maior, op. 60

 

   Sendo a segunda peça menos conhecida (e não registada por nenhum dos intervenientes), mostramos-lhe o 1º andamento Allegro do Concerto de Hoffmeister tocado pela Eastman Graduate Chamber Orchestra (dir. Jonathan Girard) tendo como solista Samuel Pang viola :

 

 

 

 

 

 

 

   No Domingo, 6 de Maio, voltamos ao “templo”, ao Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, às 19h, para escutar o jóvem pianista francês David Kadouch (prémio “Revelação  2010” segundo a associação francesa Victoires de la Musique Classique) na sua 1ª apresentação na FCG como solista. Dizem deste aluno de Dmitri Bashkirov que “aprecia as obras pouco tocadas, que é genuíno nas suas escolhas musicais e que possui o dom da delicadeza, raro nos jovens virtuosos deste tempo”. Eis o que escolheu tocar :

 

      Joseph Haydn  Variações em Fá menor, Hob.XVII:6

      Franz Liszt  Coro das tecelãs da ópera O Navio Fantasma de Wagner

      Nikolaï Medtner  Sonata em Lá menor, op. 38 nº 1, Réminiscence

      Fryderyk Chopin  Prelúdios, op. 28

 

   Foi esta execução do Rondo Capriccio, op.129 de Ludwig van Beethoven que lhe conferiu o tal prémio “Revelação” :

 

 

Caros leitores: Encontramo-nos dentro de uma hora para os outros eventos da semana … fraca. 

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