PRIMEIRO DE MAIO – “O sol quando nasce” – por Adão Cruz

 

 

 

O sol quando nasce…

 

Primeiro
Único
Verdadeiro
Maio acordado
Penoso
Duro
Forçado
Floresta de braços e abraços
Festa dor do Maio primeiro
Carne e alma
Seio fecundo
Onde corre o leite que alimenta o mundo
Ir e voltar
A ir e a vir
Noite e dia
Penoso caminho da vida inteira
Para prender um braço de sol
Entre mãos crispadas
Calejadas
Calor que os filhos aquece
Calar da fome que os adormece
Luta que não esmorece
Na esperança de outros sóis
Medos e canções de Maio
Maio de sempre
No fundo dos corações
Terra vida
Vida de todos que amam a terra
Na palma da mão
Aberta e solidária
Festa da alegria
Maio dor e lágrimas
Nunca Maio da agonia
Sol inteiro roubado
Sol do acordar de Maio
Incandescente
Que o sol será de todos
Maio de sol nascente

 

2 Comments

  1. Óptimo, Adão. Fico muito contente por ter sido o teu poema que veio substituir o “Calçada de Carriche” do António Gedeão que eu tinha publicado e me mandaram retirar. Vim um dia mais cedo das férias para participar nesta data. O poema do Gedeão, como se sabe, fala na dupla exploração da mulher trabalhadora e seria o único neste dia a abordar esse tema. Não houve a flexibilidade para perceber isso. É pena, publicá-lo-ei noutro dia. Entretanto, gosto muito do teu “O sol quando nasce”. Um beijinho.

  2. Belo poema Adão, neste 1º de Maio em que o Pingo Doce me deixou um sabor muito azedo. Também gostava de ter lido a calçada da carriche pois sou mulher!beijo grde

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