OPERAÇÃO 1ª DANÇA-DEMBOS
A CCaç 1678 participou nesta operação com 4 Grupos de Combate de 14 a 18 Janeiro de 1968, na Região da Fazenda Maria Fernanda (CCaç 1680), foi um tanto ou quanto duro, chuva, muita com frio, e foram 4 dias a ração de combate (não completa) porque o pessoal para aliviar peso deixava metade no aquartelamento e como tal também alguma “fome”.
Resultados da mesma: 3-Flagelações, 1-Emboscada conjugada com uma mina antipessoal (cerca de 50 minutos debaixo de fogo) a qual causou uma “baixa” (um militar não da nossa companhia) e guia civil ferido qual foi evacuado de helio ao qual fizemos a necessária protecção para a evacuação.
A referida operação foi comandada pelo Capitão Miliciano Roberto Pacheco.
RECUPERAÇÃO DO CORPO DO PILOTO DO T6
Nos finais de Setembro/67 a cerca de 10 km (?) de Balacende despenhou-se um T6 e foram dadas ordens para se ir “recuperar” o corpo do malogrado piloto. Saiu do aquartelamento um grupo de combate para a dita missão, que no meio do percurso foi apoiado por um helicóptero que transportou o referido grupo até a um local perto aonde estavam os destroços do T6. Ao chegarem, estavam partes do avião numa área razoável, aí o soldado Godinho (era o mais velho do grupo com cerca de 26 anos) com determinação foi “apanhar” os bocados carbonizados do corpo do piloto e “embrulhou” num lençol, ali todos tinham coragem mas ao verem aquele “cenário” ficaram todos como tivessem levado um murro no estômago, mas estava lá o “velho” Godinho”. A partir dessa data os T6 quando sobrevoavam o nosso aquartelamento abanavam as asas em sinal de cumprimento e agradecimento pelo nosso “trabalho”.
No dia 22 de Julho/68 depois de mais uma escolta a viaturas civis a Mussera no regresso antes de Freitas Morna vimos ao longe sobre o capim que naquela altura estava bem alto, algo a mexer-se/andar e paramos as viaturas e o pessoal salta imediatamente das viaturas, ficando o apontador da metralhadora pesada (soldado Pinto) atento aos movimentos e julgo que também o homem da bazuca, enquanto o comandante do grupo Alferes Pereira decidia o que se devia fazer há um jovem mais “nervoso” que faz uma rajada, e deixamos de ver o que se mexia. Depois fizemos a progressão com três secções cerca de 300 a 500 mts e encontramos cerca de 80 kg de alimentos, (farinha, sal, etc.) abandonados no chão, e os carregadores bem longe, deviam ter vindo ao Ambriz fazer o seu abastecimento.
FEIJÃO MALUCO
O Furriel Cardoso era o homem responsável pelas transmissões como tal era muito “raro” sair do aquartelamento, mas como era um “rapaz” de Lisboa gostava de brincar/gozar com o pessoal: Quando chegávamos da picada como dizíamos na gíria (escoltas) ou de operações na mata, lá aparecia ele a dizer: então vêm cansados? comeram muito pó? calor? etc. e com ar de “gozão”, um dia pensei para os meus botões tenho que pregar uma partida a este “artista”. Um dia numa operação (na mata) quando ia afastar um arbusto, diz-me o soldado Lourenço (nativo de Angola) furriel não mexe aí que isso é feijão maluco (do qual eu sabia o efeito, mas não conhecia) perguntei como podemos levar um pouco sem problemas? Ele sacou do maço de tabaco, tirou os cigarros, e apanhou um pouco do dito, e embrulhou bem e deu-me, quando chegamos ao aquartelamento lá estava o Cardoso à nossa espera com os seus ditos, pensei é hoje que vais ter o sabor da mata.
À noite na nossa camarata (aonde dormíamos os furriéis) fui à cama dele e espalhei o feijão maluco, quando ele se foi deitar, passado pouco tempo, levanta-se e vai tomar banho (tal era a comichão) deita-se e passado alguns levanta-se e vai outra vez para o banho, e repete e cena mais uma vez, até que o Furriel diz: porra deixa o pessoal dormir, muda mas é os lençóis porque isso é feijão maluco que te puseram na cama, aí o Cardoso virou fera pegou na FN e diz se eu sei quem foi o filho da….. e dou-lhe já um tiro e disse mais um chorrilho de asneiras, e o Cruz calado que nem um rato e a fingir que dormia.
Passado uns tempos o Cruz informou-o que tinha sido ele o autor, respondeu: eu desconfiei de ti mas como não tinha a certeza…. Obs: É uma planta relativamente alta que tem uma vagem cheia de picos, tipo alfinete, e quase imperceptíveis a olho nu. À sua passagem, na sequência do movimento e abanar da planta, os picos das vagens começam a voar em todas as direcções penetrando a roupa e a pele em todo o corpo. A consequência imediata é uma irritação cutânea de grandes proporções fazendo-nos coçar até não poderemos mais. Daí os nativos terem dado o nome de maluco.