A MÃE por clara castilho

 

 

 

 

 

 

 

 

Ontem foi o DIA da MÃE. Desde que me lembro de existir que havia este dia. Minha mãe nunca lhe deu muita importância e eu segui o exemplo. Lá recebi as prendas feitas por minha filha na escola e depois fui-a “dispensando” desta obrigação. Que é como eu vejo esta comemoração, celebração, como queiram chamar. Que é sobretudo económica. Para dificultar acresce que quando me dizem que tenho que fazer uma coisa é quando me apetece fazer precisamente o oposto…

As crianças fazem na escola todas a mesma coisa para oferecer a suas mães. Coisa pensada pela educadora ou professora, tudo igual, sem porem na oferta nada de pessoal. Uma tristeza.

Já me aconteceu crianças pedirem-me para fazer coisas especiais para as mães. Mas pensam, puxam pela cabeça e acabam por fazer algo que significa uma comunicação entre aquele filho e aquela mãe.

Situação difícil é quando as crianças se encontram a viver em acolhimento e não irão estar com a mãe nesse dia, ou quando ela já faleceu…

 

O Afonso, que estava connosco há pouco tempo, vivia com o pai e um irmão. O pai, senhor já idoso, desdobrava-se nas várias tarefas domésticas, com a melhor boa vontade e tentando corresponder ao que os filhos necessitavam, mas muito desajeitado… chegava a telefonar a pedir esclarecimentos de como resolver pequenas coisas da lida da casa. E o Afonso sentia a falta, a falta daquela mãe que certamente lhe terá dado tanto de si, dado que ele estava a aguentar a sua situação de perda.
E escreveu ele:

A MÃE

 

 No colo da minha Mãe

eu gostava de ficar bem.

Mãe, é das palavras mais

bonitas que o mundo tem.

 

Ninguém é melhor

que a minha Mãe.

Tu estás no céu,

mas eu estou bem.

 

Quando era pequenino

brincavas muito comigo.

Fazíamos jogos divertidos

e eu era muito teu amigo.

 

Tu não estás sempre comigo,

mas o Pai gosta muito de mim.

Prometo estudar muito

para sermos felizes até ao fim.

           Afonso – 9 anos

 O Afonso saiu do nosso convívio por ter mudado de casa. Soubemos que se integrou bem no ensino secundário. E, mais tarde, que lhe tinha também morrido o pai. Ignoramos com quem foram as crianças viver e o que lhes aconteceu. Quero crer que se aguentaram.

 

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