A REVOLTA DE 14 DE MAIO DE 1915 – por Carlos Loures

 

 

 

       

 

 

                                                                      

Na Baixa de Lisboa, populares em fuga durante a Revolta de 14 de Maio de 1915. Cerca de 200 mortos e mais um milhar de feridos, foi o trágico balanço.

 

 Há 97 anos Lisboa acordou com o estrondear da artilharia.

 

À frente do governo estava o general Pimenta de Castro que governava em ditadura, ou seja com as funções do Parlamento suspensas. O presidente da República era Manuel de Arriaga. O movimento foi liderado por Álvaro de Castro, um licenciado em Direito, por António Maria da Silva e pelo, então coronel. Norton de Matos.

 

Efectivos da Armada, da GNR e do Exército, num total de mais de sete mil homens, ocuparam o Arsenal da Marinha. O cruzador “Vasco da Gama”  fundeado no Tejo, e outros vasos de guerra às ordens do almirante Leote do Rego, começaram então a bombardear a cidade, provocando numerosos estragos e vítimas. Deposto o governo de Pimenta de Castro, ainda no dia 14, formou-se uma Junta revolucionária presidida por João Pinheiro Chagas (viera de Paris e, na fronteira, fora convidado a constituir um novo executivo), à frente de um Governo onde se destacavam os nomes de José de Castro e Barros de Queiroz. 

 

A ditadura de Pimenta de Castro nascera de uma iniciativa de Manuel de Arriaga, que em Janeiro de 1915, convidou o general para formar governo, passando por cima do parlamento, dominado pelo Partido Democrático de Afonso Costa. A ditadura não conseguiu impor a ordem. Dentro do próprio governo existiam vozes críticas e externamente o Partido Democrático (que mais não era do que o remanescente do Partido Republicano Português), a Maçonaria, militares e, sobretudo, a Carbonária, lançavam sucessivos apelos públicos à insurreição.

 

Os Unionistas foram aguentando o executivo de Pimenta de Castro. Mas, nos primeiros dias de Maio, também estes se afastaram do general. E a 14 a rebelião foi desencadeada.

 

Além dos sete mil militares, grupos de civis armados – a famosa milícia da “Formiga Branca” – actuavam por toda a cidade. A “Formiga Branca” era o braço armado do Partido Democrático e era o que restava da Carbonária. Foi, na prática, a polícia política dos democráticos, aterrorizando adversários do Partido, cortando estradas, atacando sedes de jornais. A “Formiga Branca” actuaria ainda uma última vez durante a revolta de Fevereiro de 1927 em Lisboa, contra o regime da Ditadura Nacional. Diz-se que muitos elementos da Formiga Branca pegaram em armas ao lado dos militares revoltados, tendo alguns deles sido fuzilados junto do chafariz do Largo do Rato.

 

Na tarde de 14 seriam assinadas tréguas, mas os combates prosseguiriam. A 17 tudo ficou resolvido. Os revoltosos venceram, o governo foi deposto, Manuel de Arriaga cairia nas eleições seguintes. Balanço –  além de muitos danos em estruturas urbanas, contaram-se cerca de 200 mortos e mais de um milhar de feridos.

 

À direita –  Sá Cardoso proclamando o fim do Governo de Pimenta de Castro

 (Benoliel-Arquivo fotográfico da CML).

 

 

 

 

 

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