Na Terça-feira 15 de Maio, por escassez de outros eventos públicos relevantes, voltamos a sugerir filmes, sob pretexto de que, às 19h30 desse dia, o Institut Français de Portugal exibe “Portugal: Os caminhos da incerteza”do realizador François Manceaux, filmado entre dois aniversários da Republica Portuguesa (2010 e 2011). Segundo se anuncia “mostra, à lupa, o maior abalo que Portugal conheceu desde a sua revolução democratica de Abril 1974” e evidenciar-se-á, através deste filme “de uma beleza luminosa embora sombria, que Portugal é também um laboratório de desregulação económica e social para a Europa e o Ocidente. Uma descriptagem única dos nossos tempos!”.A entrada para a projecção é livre.
Não havendo filme-anúncio divulgado, assinale-se a curiosidade de o mesmo incluir o registo fílmico do concerto dado por Mísia na comemoração em 2011 no Palácio de Belém do 101º aniversário do 5 de Outubro onde se ante-estreou o seu novo disco “A Senhora da Noite”. Mostramos-lhe aqui o teaser oficial contendo aquela canção sobre um poema de Hélia Correia com música do célebre guitarrista Armandinho (1891-1946) e ainda “Simplesmente” com letra e música de Amélia Muge:
E para ficarmos ainda no cinema “português”, lembramos que “Rafa”, a curta-metragem premiada em Berlim de João Salaviza, com Rodrigo Perdigão e Joana Verona, já se encontra em exibição, essa notável filmagem da narrativa sobre um rapaz de 13 anos que deixa a sua casa nos subúrbios e ruma a Lisboa, em busca da mãe que não regressou na noite anterior. Retrata-se a qualidade cinematográfica num dos brevíssimos filmes-anúncio:
Com “Rafa” é também exibida “Nana”,”uma daquelas estrelas cadentes que o cinema de autor de vez em quando atira: objectos fulgurantes, de vocação orgulhosamente solitária e resolutamente singular…”, como um crítico (J.M.) classifica positivamente o filme da realizadora francesa Valérie Massadian, com Kelyna Lecomte, Marie Delmas e Alain Sabras, entre outros.
Tido como “uma espécie de Walt Disney politicamente incorrecto” porque restitituiria “a violência surda de uma ingenuidade de olhos abertos para o mundo que a progressiva urbanização da civilização veio urbanizar”, é facto que a cineasta, de forma notável, se afasta lentamente da observação documental do quotidiano rural ao narrar a história de Nana, uma menina de quatro anos deixada à solta na província francesa por uma mãe que desaparece sem dizer nada.
A ver.

