Globalização e Desindustrialização – 4ª Série

Selecção e tradução por Júlio Marques Mota

 

Capitulo IV. 1. Bens e serviços negociáveis e não negociáveis no quadro da economia global: o caso da economia americana. Por Michael Spence e Sandile Hlatshwayo  – VII

 

(continuação)

 

A parte dos bens e serviços negociáveis internacionalmente apresenta uma configuração diferente. O emprego nas diferentes indústrias ou sectores mostra aumentos e descidas, mas em que o valor global líquido é muito pequeno. A figura 8 mostra, na da parte dos  bens e serviços negociados internacionalmente,  os três mais importantes sectores entre todos os sectores da indústria transformadora.

 


 

Na indústria transformadora III, nós isolámos a electrónica, os automóveis e outros transportes (aéreos, ferroviários e navios) para melhor e mais atentamente podermos analisar  essas indústrias. Na indústria transformadora II isolámos os produtos farmacêuticos. Fora já da metodologia que se acabou de descrever, essas indústrias que não pertencem predominantemente à parte da economia dos bens e serviços  negociáveis  têm um asterisco para indicar que a maioria da indústria está na parte da economia dos bens e serviços não negociáveis internacionalmente.

  

A estrutura é uma mistura, mas é clara.  Os sectores da indústria transformadora diminuíram substancialmente no emprego em todos os três grupos. O sector da indústria transformadora  III representa pois  a maior queda em empregos entre 1990 e 2008 (2,2 milhões). A maior  grande indústria  a perder  empregos  foi a indústria de electrónica  (650.500), depois a aeroespacial (337.400, ver Figura 9) e a seguir a indústria automobilística (172.400). O sector da indústria transformadora I  representa a segunda maior queda no período (1,3 milhão). Neste sector, a maior perda de emprego da grande indústria transformadora deu-se na indústria de corte  e confecção de vestuário (597.300) na indústria de tecidos  (203.000). O  sector da indústria transformadora  II representa  a terceira maior queda (880.400), impulsionada pela indústria do  papel (-438,000) e depois pela química industrial (-165,600). A agricultura também apresenta perdas de 535.000 postos de trabalho. Há partes de agricultura que são altamente capital intensivas, mas outras (como frutas e legumes) permanecem trabalho intensivas. Os acréscimos  mais notáveis nos principais sectores comercializáveis foram no sector financeiro e nos serviços de arquitectura e engenharia. A parte negociável da informação- telecomunicações, tratamento de dados, cinema, televisão, indústria discográfica, industria editorial – sobem globalmente mas tiveram   um claro aumento e depois diminuição durante a bolha Internet.

 

Entre os sectores e indústrias da parte dos negociáveis com menor peso,  (Figura 9), o sector  de design de sistemas de computação teve o crescimento mais marcante, com uma inversão temporária da sua trajectória pelo  final da bolha de Internet. A gestão,  a consultoria científica e técnica conjuntamente com os serviços de contabilidade e de  fiscalidade e com os serviços de apoio às empresas mostraram impressionantes ganhos em termos de  emprego. Curiosamente, o emprego na indústria farmacêutica farmacêutico subiu de  (83.500), contrariando a  tendência de  grande parte da indústria transformadora no seu todo. O sector das indústrias extractivas (minas) diminuiu e, em seguida, subiu para um modesto ganho líquido global. Isso terá sido provavelmente impulsionado pela evolução da estrutura geral dos preços, que caiu pela primeira vez e, em seguida, subiu com o crescimento dos mercados dos países  emergentes que levou os preços a subir.

 

 

 

(continua)

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