Termina hoje em Camp David, nos EUA, a reunião anual do G8. Esta organização, ou clube, como talvez seja melhor chamar-lhe, inclui oito países, que, se por um lado agrupam cerca de 15% da população mundial, por outro, o conjunto é responsável por metade da riqueza produzida no mundo. Este segundo valor, contudo poderá dentro de poucos anos estar ultrapassado. O G8 é composto pelos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão, que foram os membros fundadores, e que se identificavam como as maiores democracias do mundo, e pelo Canadá e pela Rússia, que se lhe juntaram posteriormente. Na realidade, surgiu na sequência da chamada crise petrolífera de 1973. Várias organizações internacionais, como a União Europeia, marcam presença regular nas reuniões, assim como países especialmente convidados.
Quando o G8 começou, em 1975, pretendia ser basicamente um clube de ricos, o que de certo modo ainda hoje mantém. Não inclui a China, a Índia e o Brasil, países que, pelo seu crescimento económico recente, deveriam incluir-se nesse clube dos mais ricos. Para além deste trio, alguns dos membros pensam convidar a República da África do Sul e o México para serem membros do grupo, que assim passaria a G13. Recorde-se que já se fazem reuniões do G20, que para além dos 13 mencionados, inclui a Coreia do Sul, Turquia, Austrália, Arábia Saudita, Argentina e Indonésia, mais a UE.
Nas reuniões têm sido tratados problemas muito importantes, como os da energia, circulação de alimentos e outros. Mas o impacto das resoluções não tem sido famoso. Entretanto a pretensão de ser um clube de democracias ainda é referida, mas não se deverá manter por muito tempo. Nesta reunião pretende-se abordar temas como o crescimento económico, ambiente, energia, Síria, Irão e Coreia de Norte. Até ao momento, ao que se sabe, o único acordo obtido foi a dois, entre Obama e François Hollande, sobre a necessidade de impulsionar o crescimento económico. Obama tem eleições daqui a menos de seis meses, e Hollande tem uma crise tremenda para enfrentar. E entretanto, estão em desacordo sobre a permanência no Afeganistão, pois Hollande quer retirar as tropas francesas ainda este ano, conforme prometeu na campanha eleitoral. Parece muito pouco, para gente tão poderosa.
O mais grave é que este clube de ricos trabalha para si. No que respeita a questões gravíssimas, que necessitam de tratamento extremamente urgente, pois dizem respeito a populações em situação de catástrofe, como é caso da Palestina, e também do Saará Ocidental, do Sudão, dos curdos e de outros povos, até problemas como o da Grécia e do Euro, têm-se a certeza de que, mesmo que sejam abordadas, não serão resolvidas. Nem mesmo se tentarão abordagens no sentido de as minorar. O efeito concreto da existência destes grupos de ricos é o minorar a influência da ONU e, sobretudo, manter a concentração de riqueza nas mãos dos mais ricos, países e classes dominantes. E é de ter presente que François Hollande sai da reunião do G8, no Maryland, e vai direito para a da NATO, que se realiza a 20 e 21, portanto amanhã e depois de amanhã, em Chicago. Uma viagem pela América, portanto.