Na situação que se vive na Europa, na zona euro, na Grécia, Portugal, etc., são grandes as confusões que se fazem, com relevo para as que dizem respeito às atitudes e opiniões das várias forças políticas e dos próprios políticos. Ainda mais significativas são as confusões sobre a situação existente nos vários países, ou na Europa em geral.
Algumas não terão grande importância, mas muitas são gravíssimas. Aliás a maioria. De entre estas últimas, diz-nos directamente respeito uma que Diário de Bordo já tem referido, a de que em Portugal há um consenso bastante alargado sobre a adesão às medidas da troika. A ideia de que existe esse consenso tem sido exprimida não só pelos nossos governantes, como também por responsáveis de organismos europeus, caso do comissário Oli Rehn, e por políticos norte-americanos (parece que até Obama o terá mencionado). Esta confusão, que qualquer observador, mesmo superficial, pode desfazer com facilidade, é propalada invocando resultados eleitorais de há um ano, que deram a maioria absoluta ao PSD/CDS.
Essa maioria absoluta, como Diário de Bordo já ontem referia, formou-se com base numa votação influenciada pelo mau governo de José Sócrates. Mas será de referir também que José Sócrates tinha chegado ao governo embalado pela reacção ao desastroso governo de Santana Lopes, que tinha formado governo a seguir a Durão Barroso ter abandonado e marchado para Bruxelas, a seguir à sua brilhante actuação na cimeira Bush/Blair/Aznar, e a um mau resultado numas eleições europeias. Pelo andar do actual governo, não será exagero prever que a sua saída vai ser igualmente desastrosa, e que o seguinte vai ter uma vida difícil. Mas, claro que quem estará pior serão os cidadãos, os portugueses. Para quebrar esta cadeia de desastres e incompetência, será precisa outra maneira de olhar a nossa realidade e o futuro, participada pela grande maioria dos portugueses.
É essencial, para quebrar a cadeia, desfazer as confusões. Outra, pior ainda, é a de que a actual situação é irreversível. Esta então é alimentada a todo o transe. Por exemplo, confundindo a permanência no euro com a inevitabilidade do cumprimento do programa da troika. Sobre a permanência ou não de Portugal na zona euro, mesmo aqueles que por princípio são contra concordam que uma saída é muito difícil, ou mesmo impossível, sem agravar ainda mais a situação portuguesa. Mas as medidas da troika, que o governo Passos/Portas está a pôr em prática muito à sua maneira, são um problema diferente, perfeitamente dispensável, até para a famosa consolidação orçamental. Servem sim para evitar que os responsáveis pelos desmandos financeiros sejam responsabilizados pelos seus actos. Por isso, há tanto afã em confundir as duas situações. Uma grave confusão, é o que é.
Exactamente!