Pentacórdio, terça-feira, dia 29 de Maio de 2012. Por Rui Oliveira

 

   Na Terça-feira 29 de Maio mais um espectáculo do Alkantara Festival 2012 volta a ser uma escolha possível do dia. De facto estreia  (permanecendo até Domingo 3) na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, às 19h, “Três dedos abaixo do joelho”(Three fingers below the knee) de Tiago Rodrigues, peça que necessita da seguinte introdução:


    “No arquivo da Torre do Tombo, Tiago Rodrigues encontrou um arquivo enorme da censura exercida sobre o teatro durante o regime fascista. Entre milhares de textos de teatro submetidos ao exame dos censores do Secretariado Nacional de Informação, Tiago Rodrigues ficou particularmente interessado nos relatórios escritos pelos próprios censores onde explicam os cortes ou proibições de textos e encenações.

 

   A ironia por trás de Três dedos abaixo do joelho (uma “exigência” do regime para a dimensão das saias femininas – Nota redactorial) é que transforma os censores em dramaturgos, usando os seus relatórios como o texto de um espectáculo onde os actores formam uma máquina de censurar poética e absurda. De alguma forma, aqueles que oprimiram a liberdade artística e política do teatro deixaram-nos uma herança que nos pode ajudar a redescobrir o perigo e a importância do teatro na sociedade”.


   A encenação e o texto-colagem é de Tiago Rodrigues a partir de relatórios de diversos censores do SNI, redigidos entre 1933 e 1974, incluindo breves fragmentos de textos dramáticos censurados de vários autores, o cenário de Magda Bizarro e Tiago Rodrigues, a canção original “O Gosto do Poder” de Márcia Santos e a interpretação de Isabel Abreu e Gonçalo Waddington.  

 

  

   Outra escolha que, por lapso, não referimos na passada Terça-feira é a estreia no Teatro-Estúdio Mário Viegas (ao Largo do Picadeiro, no Chiado) da produção do TRÊS MAIS UM Teatro intitulada “Destinatário desconhecido”, às 21h (que se repete em Junho às Sextas), cuja apresentação (segundo propósitos confessados) têm a sua génese “na necessidade de despertar nos públicos actuais uma reacção às questões da intolerância nas suas mais variadas roupagens: o fanatismo religioso, o ideológico, o racial, o da diferença de género e o do poder económico”. 


 

  A correspondência entre dois amigos e parceiros de negócio constitui a moldura desta história. Max Eisenstein e Martin Shulse têm em comum uma amizade, uma mulher, Griselle (irmã de Max, antiga paixão de Martin e actriz em digressão por uma Europa perigosa) e uma galeria de arte. Max é judeu e encontra-se nos Estados Unidos da América; Martin é alemão emigrado, regressa à Alemanha imediatamente antes da implementação do nacional-socialismo. Resistirá a amizade ao debate ideológico? À corrosão do poder? À traição? 

 

  Construída a partir de “Address Unknown” de Kathrine Kressmann Taylor, tem encenação de Ana Paula Eusébio, com cenografia de Rita Azevedo Gomes e interpretação de Ana Paula Eusébio, Carlos Medeiros e Fernando Rodrigues.

 

   Assim se processou a primeira apresentação no Auditório Carlos Paredes:

 

 

 

 

 

 

 

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