Depois de 2008 os mesmos escândalos, a mesma incapacidade

de resposta, a mesma preferência pelo maior local dos crimes, a City de Londres.

Selecção, tradução e apresentação por Júlio Marques Mota

 

Crónicas sobre quem até os cães da minha infância seria capaz de  devorar

 

 

Conheça um pouco da história. O banco JP MORGAN perdeu recentemente muito dinheiro, muito mesmo. Estamos em plena crise, financeira primeiro, da dívida pública depois, e agora da dívida pública e financeira também. Entretanto há quem jogue ao poker, que jogue em cada lance dezenas de milhares de milhões, até à centena mesma, centena de milhares de milhões, mesmo que em cada lance possa ser um país que está sair jogado e esse país possa ser o seu. E nestes números, de muitos zeros para a minha cabeça,  não há engano, foram aplicados  em apostas, aplicações de investimento dirão  os   analistas,  apostas puras direi eu que não percebo nada disto. Conhece  as consequências, creio, bem espelhadas por um ditado africano que nos diz que quando dois elefantes combatem quem sai pisado é a relva.  Conheça um pouco como se combate, porque a relva somos nós, conhece as consequências das apostas, conhece-as diariamente, e conheça então o  que está por detrás destas apostas, conheça um pouco a história de uma das reencarnações de Jesus, capazes de caminhar  sobre a água,  mas mais uma vez quem se afoga somos nós.  

 

Pelo meio destes textos há um avivar de memória de outras reencarnações de Jesus e em que cada reencarnação terá levado a um afogamento por mergulho, mas  do respectivo banco, claro.

 

 

9. Um comentário sobre este artigo.


“Isso assemelha-se e em muito aos velhos truques que nos levaram ao grande caos há quatro anos atrás. A legalidade do que fez  JP Morgan é muito duvidosa. O espírito da lei  Dodd-Frank está claramente contra  este tipo operações  de cobertura, mas o Federal Reserve, o Tesouro e o Comptroller of the Currency parecem piscar o olho para o que o JP Morgan estava a fazer, enquanto a SEC e a Futures Trading Commodity Comissão pensam que é ilegal o que JP Morgan fez.  Se há alguma justiça neste mundo  o alfaiate de fatos de topo de  gama de Jamie  Dimon deveria estar já a fazer-lhe e bem á medida  um elegante facto macaco em tons  laranja.


Pela nossa parte sugerimos  a leitura de um artigo do New York Times, JPMorgan Sought Loophole on Risky Trading, de  EDWARD WYATT, com a colaboração de Annie Lowrey e de  Ben Protess, onde se faz a ilustração da carreira de uma lei, a lei Dodd-Frank , de onde   retiramos  o seguinte excerto, relativamente ao tipo de cobertura feito por JP Morgan, a que se chama cobertura de carteira de activos e por esta entende-se a estratégia que essencialmente permite aos bancos tomarem a carteira de investimentos como um todo e tomarem  acções de cobertura para compensar os riscos de toda a carteira. Este comportamento contrasta com a definição tradicional de hedging, que contrapõe a uma aplicação sobre um titulo a realização de uma tomada de posição inversa sobre o mesmo título, fixando-se assim o seu valor pois se numa das aplicações se está a ganhar na aplicação inversa está-se a perder o correspondente valor, o do ganho, fixando-se assim o valor do activo em questão.


Duas posições de Angelides o senador que dirigiu a Financial Crisis Inquiry Commission, dita também Comissão Pecora II:

 

 “Pessoalmente penso que os Reguladores precisam de voltar atrás e de lápis bem afiado”

 “ A intenção da Lei consistia em impedir que depositários garantidos fizessem transacções por conta própria com este perfil de risco.” Independentemente do que o JP Morgan possa dizer, “isto parece mesmo transacções por conta própria, as quais a Lei Dodd-Frank pretendia precisamente retirar do âmbito das actividades de depositários garantidos”.

 

 

O presidente do JP Morgan, Jamie Dimon disse que o seu banco  sofreu uma perda comercial de mil  milhões de dólares, depois de uma  falha “notória”  numa  unidade de gestão de riscos,   comprometendo os esforços dos bancos de Wall Street para limitarem  a proibição federal de poderem  apostar  com seu próprio dinheiro, isto de assumirem por sua conta posições especulativas. 


O principal responsável pela área dos investimentos, Ina Drew, de 55 anos, tomou posições erradas sobre  produtos derivados  sintéticos que permanecem  voláteis e que podem ainda custar um adicional de mais um milhar de milhões neste trimestre ou no próximo, disse Dimon aos  analistas ontem. As perdas aumentaram quando  JPMorgan tentou mitigar as transacções designadas para  cobrir os riscos de crédito.

 

Depois de ter escutado a conferência (eu estava a morrer de riso), Jamie Dimon parecia estar numa posição muito defensiva, especialmente sobre um dado detalhe: que as atividades do COI foram somente na gestão de riscos, e que as suas apostas foram  feitas para efectuar a cobertura contra o risco . Agora, todos nós sabemos muito bem que os bancos são capazes de transformar a gestão  num  negócio altamente arriscado – esse era o verdadeiro problema com a bolha da titularização em meados dos anos 2000, que transformou num desporto o empacotamento de dívidas incobráveis e a sua  difusão por todo o mundo através dos balanços dos bancos e da intermediação bancária sombra, através do sistema bancário paralelo, e  transformando assim um pequeno risco localizado  (de incumprimento de  hipotecas) num enorme  risco  sistémico (uma cascata de incunprimentos).


Mas espere um minuto? Se um de nós  estiver a fazer cobertura de risco, então as apostas que se fizerem podem ser neutralizadas no seu balanço actual. Por outras  palavras, se as suas coberturas vierem a ser inúteis , então a sua carteira de títulos inicial deveria ter tido um ganho, e se a sua carteira inicial cai, então, a sua cobertura deve ser activada  limitando as nossas  perdas. È assim que  funciona a cobertura de risco. Se a perda da sua cobertura não é anulada  por ganhos do que tem inicialmente em carteira, então, por definição, não estivemos a fazer nenhuma. Estamos a especular…


Dimon então deixou ficar o seu pé preso  na sua boca ou  mesmo pior ainda ao pretender que o CIO foi “Gerenciando caudas gorduras”. Mas você não gerencia caudas gorduras fazendo apostas com caudas tão gordas que uma mudança na dinâmica produz uma perda de US $2 bilhões. Gerenciar riscos de cauda, fazendo lotes e lotes de pequenas apostas alta recompensa baratas, que parece ser precisamente o oposto do que o CIO e Bruno Iksil estava fazendo:


Dimon, em seguida, preso na boca de futebol história história ainda mais ao afirmar que o COI  tinha estado  “a gerir a cauda de gatos bem gordos”.  Mas não estamos a fazer a gestão de rabos de gatos gordos, fazendo  apostas com caudas tão gordas que uma mudança instantânea  produz uma perda de US $ 2 mil milhões . Estamos a gerir  o risco de cauda, ​​fazendo lotes  muitas apostas pequenas e baratas mas que são apostas de  alta recompensa, o que parece ser precisamente o oposto do que o COI e Bruno Iksil estava a fazer:

 

 

 

 

 

O ponto mais importante, porém, é que eu acho que todos nós sabemos muito bem o que é que Jamie Dimon e Bruno Iksil estavam a fazer  – como Hedge Zero explicava  no mês passado, eles estavam a usar  a actividade de gestão de risco  do CIO como uma cobertura para reabrir as actividades da empresa em especular por conta própria  em violação da proibição actual.

 

Pessoalmente, não tenho nenhuma ideia sobre qual a razão pela qual as  autoridades insistem nessa regra – se JP Morgan quer persistir com uma estratégia híper frágil  de especulação por conta própria que em vez de proteger contra o risco de cauda na verdade amplia esse mesmo risco,  então não deve haver nada para pará-los de perderem o seu dinheiro. Afinal,  estes vigaristas podem rapidamente aprender a parar de agir de forma tão incompetente, sem uma rede de segurança governamental a mimá-los. 

 

 

O facto é que  Dimon está a tentar  cobrir os registos e notoriamente a querer enganar  os reguladores mas  isto é o que se pode esperar deste covil de víboras e de  ladrões.

 

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