Diário de bordo de 13 de Junho de 2012

Ele há dias assim – olha-se para as notícias e não se sabe por onde começar, como começar, se começar…

 

Não que faltem notícias – um “actor” que assume o namoro com uma “actriz” (nunca ouvíramos falar de um ou de outro, pelo que se nos escapa a relevância da notícia – ignorância nossa, dir-se-á); um agricultor que foi parar em estado grave ao hospital por ter interferido no acasalamento de um boi barrão, puro minhoto, um cobridor com 600 quilos, o qual, pelos vistos, não é adepto do  coitus interruptus. O treino da selecção e as declarações do seleccionador – que acentuam a velha dicotomia – besta/bestial – ou seja, após esta insistência no erro (ou perseverança no acerto) Paulo Bento ou ganha à Dinamarca e é o maior, ou perde, e passa para o fim da escala evolucionária. O Ministério da Educação estabeleceu uma lista com as médias de empregabilidade das licenciaturas e mestrados que existem entre nós – no topo, o curso de Medicina da Universidade de Coimbra, em baixo uma luta renhida entre diversos cursos como o de Ecoturismo também ministrado em Coimbra ou o de línguas estrangeiras da Universidade de Évora, com índices que rondam os 100% de insucesso. O buraco do BPN pode ascender a 5.800 milhões de euros, o metro e os comboios suburbanos de Lisboa estão parados, enquanto Cavaco Silva tem esperança que o défice português se resolva e na Síria lavra a guerra civil… etc.

 

Fala-se também muito de um rapaz de Alfama que, antes de Nuno Crato estabelecer o ranking de empregabilidade dos cursos superiores, estudou Direito em Coimbra e, sem recorrer ao programa Erasmus, viajou por Itália e França, partilhando o que sabia por essa Europa. Distinguindo-se como teólogo, místico, asceta e sobretudo como notável orador e grande taumaturgo, morreu com menos de 40 anos, mas ganhou o que equivalia na sua época ao prémio Nobel – foi canonizado pela Igreja Católica pouco depois de falecer. Chamava-se Fernando, tal como outro famoso lisboeta. Criou um só heterónimo, mas «bué» poderoso – Santo António – . De Lisboa e de Pádua. Um caso de sucesso.

 

Em Pádua não sabemos se continuam os seus milagres (podemos perguntar ao argonauta Sílvio Castro que, na Universidade patavina, ensina Literatura Portuguesa e Brasileira). Em Lisboa, os milagres são mais «desmilagres»… O único que se assinala é o de a sardinha ter mantido a cotação – um euro e meio. Nem tudo são más notícias. Ora vamos lá escrever o Diário de bordo:

 

Ele há dias assim…

 

 

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