Na Quinta-feira 14 de Junho, estreia na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, às 21h15, a peça a partir dum texto de João Guimarães Rosa “Meu Tio O Jaguar”, um espectáculo de Jorge Listopad com desenho de luz de José Carlos Nascimento e sonoplastia de Rui Dâmaso, interpretada por José Artur Pestana.
É constituída por um monólogo a duas vozes, com muitos presentes e ausentes, de um caçador de onças-jaguar que, numa metamorfose quase feita diante dos olhos dos espectadores, se transforma, pela solidão, melancolia aguda e alegria quase grotesca, em jaguar, o seu bicho mais amado antes de ser caçado.
Diz o programa: “Estaremos perto de uma emoção algures em zonas obscuras, entre animalidade e humanidade … mas também não estamos longe das grandes obras épicas do autor de Grande Sertão, Veredas, aqui ainda mais fascinante pela utilização de uma nova linguagem, uma osmose do português do Brasil e de tupi, de neologismos, de gritos e de sons. Um encantamento lúcido …”.
Numa iniciativa que visa “levar a música clássica aos quatro cantos do país”, tem hoje, Quinta-feira 14 de Junho, o seu ponto de partida o “Festival Grande Orquestra de Verão” constituido por 21 concertos sinfónicos em 16 distritos portugueses, envolvendo seis das orquestras nacionais com 360 músicos – a Banda da Armada, a Banda Sinfónica da GNR, a Orquestra do Algarve, a Orquestra Filarmonia das Beiras, a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Orquestra do Norte.
Trata-se duma proposta da Secretaria de Estado da Cultura que convidou o maestro António Victorino d’Almeida para director artístico desta espécie de “BBC Proms” à portuguesa, o qual comentou justamente: “ Sou céptico quanto à afirmação de que, na província, as pessoas não estão habituadas a ouvir música …É injusto dizer que o interior «tem sede» de cultura, como se se tratasse de uma manada de búfalos … Mas haverá realmente quem não queira saber? Ou não será que esta acusação até representa uma cruel injustiça em relação àqueles – que efectivamente ainda são muitos … – que tiveram e têm os caminhos para a cultura e para a própria instrução mais elementar sujeitos às contingências da canção hoje muito famosa do Sérgio Godinho: «acesso bloqueado» …?”
O concerto de abertura (o único recital de câmara incluido na programação – ver aqui integral http://www.grandeorquestradeverao.pt/programacao/programacao/) terá lugar neste 14 de Junho, às 21h30, no Palácio Nacional da Ajuda onde Olga Prats, o Quarteto Lopes-Graça (ver imagem) e um Ensemble de Metais interpretam «Suite Teatral n.º 6» op. 84 e «Render dos Heróis» de A. Victorino D’Almeida e «Quarteto de Cordas n.º 4 – Musica de Feria» de Silvestre Revueltas.
Ouça-se aqui, por ser pouco conhecido, este último Quarteto nº 4 do compositor mexicano Silvestre Revueltas por um outro Quarteto de Cordas, o “Cuarteto Latinoamericano” (Saúl Bitrán violino, Arón Bitrán violino, Álvaro Bitrán violoncelo e Javier Montiel viola) em 2010:
Também a 14 de Junho (Quinta), no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, às 21h, representa-se a Ópera Pantomina, em dois actos, para jovens intérpretes, “Cinderella” com libreto de Peter Maxwell Davies (na versão portuguesa de Eugénia Sena), numa encenação de Nicolas Brites com direcção musical de Henrique Piloto.
Estreada em 1980, esta “ópera pantomina” é uma divertida versão da tradicional história da Gata Borralheira, destinada a um público infanto-juvenil e inteiramente interpretada por crianças e jovens. Nesta interpretação, Cinderella entra na família de uma viúva rabugenta com três filhas muito feias. Uma gata muito especial e uma enorme ninhada de gatinhos são ainda alguns dos ingredientes desta comédia.
A cenografia e figurinos são de alunos da Escola Secundária Artística António Arroio. Quer os intérpretes são alunos das classes dos professores Ana Carolina Gaspar, Cláudia Finote, Henrique Piloto, Joana Levy e Marco Fernandes, quer os solistas, a Orquestra e o Coro pertencem igualmente à Escola de Música Nossa Senhora do Cabo.
Ainda na Quinta 14 de Junho tem início o Festival ÁFRICA MOSTRA-SE ! na sede do Institut Français de Portugal (também apelidado de Instituto Franco-Português) na Avenida Luís Bívar, nº 91, o qual se prolonga até 16 de Junho.
Durante esse período (como se anuncia) ter-se-á “a oportunidade de explorar a cultura africana e descobrir a diversidade artística de um continente … através (desta) mostra de Cinema e Cultura Africana (que) resulta da parceria entre o ISU – Instituto de solidariedade e cooperação universitária e o IFP que, por via da Cinémathèque Afrique,… irá apresentar ao público obras cinematográficas de grandes cineastas africanos, assim como gastronomia, artesanato e actividades que o vão envolver numa experiência multicultural”.
Neste primeiro dia, o programa compreende:
Às 19h, exibição do filme “Et la neige n’était plus”, de Ababacar Samb Makharam (Senegal/França, 1965), um drama social a preto e branco onde “ Um jovem bolsista senegalês regressa de França. O que aprendeu ele? O que esqueceu? Que via irá ele escolher para o contacto com as novas realidades africanas? “.
O filme recebeu o Prêmio de Melhor Curta-Metragem no Festival Mondial des Arts Nègres de Dacar em 1966.
Segue-se-lhe o documentário “Angano… Angano… Contos de Madagascar”, de César Paes e Marie-Clémence Paes (Madagascar/França, 1989). Sabendo que Angano significa “história”, neste filme contadas através das vozes de diversos narradores, o que inicialmente parece uma pitoresca recaptura do folclore malgaxe, “afirma-se como uma poderosa declaração e um grito de resistência !”. A entrada é livre.
Às 20h30 há Djumbai Sabi seguido de cinema. Sabendo que em crioulo tal significará “encontro saboroso”, deduz-se ser “um momento de convívio em que o público poderá degustar especialidades gastronómicas de diferentes países africanos”.
Posteriormente projectar-se-á “Cabralista”, de Valerio Lopes (Cabo Verde, 2011), um filme documentário (melhor dizendo, uma trilogia) deste realizador cabo-verdiano nascido no Luxemburgo que divulga as teorias nascidas em torno de Amílcar Cabral e os movimentos independentistas de luta pelos direitos humanos em África nos anos 60, nos quais foi figura central. O documentário reflecte uma memória colectiva, através de gravações de voz nunca reveladas, citações humanistas, imagens intemporais e efeitos visuais próprios da África de ontem e de hoje.