A HISTÓRIA PODE DAR ALGUMA AJUDA – III – por Carlos Leça da Veiga

Insisto que a História é boa conselheira e tem exemplos que são ajudas muito favoráveis e em que, sempre, será bom atentar. Bom grado haja os brandos costumes nacionais – será isso, uma verdade? – não deverá esquecer-se o episódio muito louvável da defenestração, em 1640, de Miguel de Vasconcelos, uma figura sempre recordada pela sua vontade de colaborar com um invasor.

A continuar-se neste clima político de subserviência total às ordens do exterior, de desrespeito pelos direitos da População e, não menos importante, pelos atropelos ao que tem de ser a Democracia será bom que os seus activos preconizadores e, em particular, os seus diligentes executores não excluam do seu pensamento o terrível exemplo que foi dado pelo aproveitamento político do poder da força da gravidade.

Nos últimos dias, aquilo que para uns tantos – talvez não tantos quantos já deveriam ser – era demasiado evidente, tornou-se numa conclusão nacional cujas excepções, pelas suas próprias argumentações – ficções do pior jaez – só servem para dar mais razão aos demais.

A Populaça Portuguesa, a avaliar pela informação vinda da comunicação social, por fim, está a reconhecer que a intervenção dos chamados governantes nacionais é catastrófica, senão mesmo criminosa e, como é detectável, começa a ser muito significativa a exigência popular uma reviravolta política muito completa.

Na realidade, a alteração total das deliberações antevistas e desejadas pelo chamado governo nacional tem sido aventada e exigida, dia a dia, pelos agrupamentos partidários, ditos oposicionistas, que frequentam S.Bento e que fazem constantemente – com muito acerto – as maiores e mais graves acusações ao executivo nacional, indo ao ponto de, com acerto máximo, atribuírem-lhe a acusação duma subserviência antipatriótica a desígnios alienígenas.

Se só merecem ter concordância nas suas diatribes condenatórias, já parece muito difícil acompanhar as soluções preconizadas – aliás muito débeis – porquanto, uma razão com peso decisivo, todos eles, ao longo de muitos anos, têm acumulado muitos telhados de vidro e, quer queiram quer não, já não merecem outro crédito que não seja o que lhes é facilitado pelos apaniguados mais íntimos.

 Como é possível que os chamados oposicionistas da actual maioria parlamentar, depois, de tudo e de todas as acusações – as mais graves – que têm dirigido ao executivo nacional continuem em S.Bento a legitimar esta ficção que dá pelo nome de governação nacional.

São eles mesmos agentes da ficção?

Querem ficar na História com colaboracionistas? Que triste recordação.

Apesar de estarem em causa interesses vitais do Povo Português e, até, a sua própria sobrevivência enquanto Nação independente, aqueles que a si mesmo se chamam de oposicionistas, apesar de tudo, prosseguem impunes com a sua colaboração activa na manutenção do regular funcionamento das instituições – em particular, a dum Órgão da Soberania – mas, tal a hipocrisia, pedem à população que faça manifestações inclusive corra riscos que eles, na sua inutilidade política, só têm de tratar dos possíveis benefícios eleitorais advenientes. Presunçosos, na quietude do seu remanso, sem chama e sem fibra política, sem terem o atrevimento duma atitude respeitável em defesa de quem os elegeu e sem quererem arriscar as mordomias parlamentares nem, ao menos, têm a decência de abandonar o local onde afirmam estar a dar-se um golpe mortal na Democracia e na Soberania Nacional. Mais incongruência será difícil.

Ao que parece aceitam colaborar com a ideologia doentiamente perversa duma maioria que no seu último preâmbulo eleitoral, tal a sua falta de lealdade, nunca anunciou as suas intenções mais autênticas.

Com S.Bento abandonado aos situacionistas, que teria de fazer o hospede de Belém?

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