Pentacórdio para Sexta 7 de Dezembro

por Rui Oliveira

 

 

parkerculturgest   Na Sexta-feira 7 de Dezembro o nosso destaque iria para a Culturgest a cujo Pequeno Auditório regressa às 21h o contrabaixista William Parker, figura maior do jazz e da música improvisada das últimas quatro décadas (vide  a revista Downbeat ou a “Jazz Journalists Association”), que, na última vez, actuara integrado no “Folk Songs Trio”, projecto em parceria com o luso Victor Gama e o norte-americano Guillermo E. Brown.

   Desta vez Parker apresenta-se num solo absoluto num concerto integrado no ciclo “Isto é jazz?”, programado por Pedro Costa.

   Da sua biografia reteríamos : “… Na altura em que o jazz estava associado à luta pelos direitos civis dos afro-americanos, muito jovem ainda, já ele conquistara uma posição de relevo na cena de Nova Iorque, dirigindo a sua própria orquestra. Na década de 1980, quando se vivia o revivalismo bop e a crítica ignorava ostensivamente a actividade da vanguarda jazzística, o que acontecia no rescaldo do free gravitava em seu torno. Parker era o símbolo de uma resistência …  Nunca, porém, a história e a tradição foram ignoradas por este contrabaixista e compositor que também toca instrumentos étnicos de cordas, sopro e percussão …  Com o Raining on the Moon Sextet e a trupe The Inside Songs of Curtis Mayfield vem redescobrindo o molde da canção e as virtudes do swing, ao mesmo tempo que volta a dar mensagem política a uma prática musical que a perdera.

   Activista consequente, é ele igualmente que tem estado por detrás de tantas iniciativas de apoio à comunidade musical nova-iorquina e à população do bairro onde centra a sua atividade.

   Deixamos-lhe aqui  uma boa parte dum seu conhecido álbum “Sound Unity” (2005) em que tocou com Rob Brown saxofone  alto, Hamid Drake bateria e Lewis Barnes trompete  (contudo quem queira conhecer novos temas como “Let’s Go Down the River” do último álbum do William Parker Organ Quartet  “Uncle Joe’s Spirit House” (2012), veja aqui  http://youtu.be/y8Rkm71lZow )

 

 

 

   Entretanto, também na Sexta-feira 7 de Dezembro, o CCB (Centro Cultural de Belém) alberga dois eventos distintos (embora simultâneos).

 

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   No seu Grande Auditório, às 21h, encontram-se o fadista Ricardo Ribeiro e a cantora cabo-verdiana Lura para uma actuação conjunta.

   Acompanham-nos os músicos  José Manuel Neto guitarra portuguesa, Edu Miranda bandolim, Diogo Clemente guitarras, Vicky bateria e percussões e Marino de Freitas baixo.

   Como diz o programa em tom épico : “ Mais do que o longe dos mares, a força que os une. Mais do que as vidas diferentes, as almas iguais. Os anos que Portugal e Cabo Verde trazem de história e partilha na distância, criaram por si um misto sólido em cada chão, de influência mútua. O fado e a morna … Ricardo Ribeiro e Lura são hoje… referências de uma nova geração que traz consigo a história na alma, no canto e na música e estarão juntos a partilhá-la no palco”.

    Mostramo-vos duas obras recentes de ambos. Primeiro, o tema “Entrega”(2012) na voz de Ricardo Ribeiro com letra de Pedro Homem de Melo e a guitarra de Pedro Jóia. Depois, de Lura “Só Um Cartinha” :

 

 

murracas_Sexzombie99_e2fullsize-os-passaros   À mesma hora (21h) no Pequeno Auditório do CCB inicia a sua curta temporada de 7 de Dezembro (Sexta) até Segunda 10 a representação de “Os Pássaros”, uma peça original de André Murraças (que a encena), baseada no conto homónimo de Daphne Du Maurier e inspirada no filme de Alfred Hitchcock.

   Retendo o título, o ataque inexplicável de pássaros a uma povoação, André Murraças imaginou a história nos dias de hoje, numa Lisboa destruída e onde três sobreviventes dos estranhos ataques tentam viver mais um dia com medo e confrontando ideais, aspirações e inconformidades.

276652_158187270986264_1775150325_nOS_PAS~1   A acção decorre numa casa algures nas imediações de Lisboa, onde um Homem (Rui Morrison foto dir.), conhecido pelas memórias que escreve, acolhe um Rapaz (André Patrício foto esq.) saído do movimento dos indignados. Os dois sobrevivem do que pilham das casas dos mortos nas redondezas e tentam proteger-se das investidas bestiais. Um dia, uma sensual Mulher (Patrícia Roque foto dir.) entra, perdida e alucinada. Foi atacada e precisa de abrigo. É ela quem vai abanar a história quando o seu anseio mais humano questiona o que é que, num cenário de caos, valerá a pena salvar. Mas a ameaça maior está lá fora. E os pássaros estão sempre a atacar. Pelo meio, sobrevive-se…

   A interpretação está a cargo de André Patrício, Patrícia Roque, Rui Morrison e ainda, André Murraças, Aurélio Gomes, Bastet Cabeleira, Bruno Portela, Dina Santos, Ezequiel Coelho, Francesco Troisi, Miriam Faria, Paulo Castelo, Raquel Monteiro, Tao e Tiago Silva.

 

 

 

   Ainda no Sexta 7 de Dezembro volta a haver no Museu de São Roque, às 18h, novo espectáculo do festival Música em São Roque com a presença do Ensemble Peregrinação dirigido pela Maestrina Teresita Gutierrez Marques e dos Pequenos Cantores do Conservatório Nacional dirigidos pela Maestrina Teresa Cordeiro, que interpretam um programa composto por música coral de Natal.

   A entrada é livre, mediante donativo.

 

 

 

orquestra académica metropolitana 1   Também na Sexta-feira 7 de Dezembro, a Orquestra Académica Metropolitana sob a direcção musical de Jean-Marc Burfin com a participação de Afonso Fesch no violino vai estar presente no Auditório da NOVA (Universidade Nova no Campus de Campolide), às 21h, para interpretar um programa que compreende de Felix Mendelssohn  –  Abertura “A Bela Melusina”, Op. 32, de Max BruchConcerto para Violino e Orquestra n.º 1, em sol menor, Op. 26 e de Franz Schubert  –  Sinfonia n.º 4, D. 417.

   Ouça-se (para cotejo) a peça de Mendelssohn aqui tocada pela NIU (Northern Illinois University) Philarmonic, também uma escola de música (!), em 2011 :

 

 

   Já outros músicos solistas da Orquestra Metropolitana, Diana Tzonkova violino e Eldar Nagiev violino, constituidos em Duo de Violinos, irão na mesma Sexta-feira 7 de Dezembro aos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa, às 13h, tocar de Darius Milhaud  – Sonatina para Dois Violinos, de Reinhold Glière  –  12 Duos para Dois Violinos, Op. 49 e de Darius Milhaud  – Duo para Dois Violinos, Op. 258.

   Este concerto é repetido no Sábado, 8 de Dezembro, às 16h, no Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa).

 

 

 

A   No Coliseu dos Recreios, em Lisboa, às 21h30 de Sexta-feira 7 de Dezembro, estreia-se nessa sala o fadista de Beja António Zambujo, que neste concerto estará acompanhado por Bernardo Cruz na guitarra portuguesa, Jon Luz no cavaquinho e guitarra clássica, José Miguel Conde nos clarinetes e Ricardo Cruz no contrabaixo e direção musical.

   Tema central, sem dúvida, «Quinto», editado em Abril passado, a primeira aventura discográfica do fadista sob a chancela da Universal Music Portugal, êxito de vendas nacional (líder do top iTunes) e até internacional. Daí críticas favoráveis como “ Zambujo presta reverência à história do fado … incluiu canções ligadas aos cantores mais indeléveis do fado: Miss [Amália] Rodrigues e Alfredo Marceneiro. No entanto, ele vai levando o fado, discretamente, para territórios mais seus, ligando o fado tanto à música regional do sul de Portugal, onde cresceu, como à pop brasileira, que tem alguma da graciosidade do fado” (Jon Pareles, The New York Times).

   Deixamos-lhe aqui o tema desse álbum “Lambreta” (já que o inevitável “Flagrante” foi aqui anteriormente reproduzido e pode ouvir em http://youtu.be/3cTiDTedAkk ) :

 

 

(para as razões desta nova forma de Agenda ler aqui ; consultar a agenda de Quarta aqui )

 

 

 

 

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