por Rui Oliveira
O destaque desta Quinta-feira 13 de Dezembro pode muito bem ir para o concerto que a Orquestra Gulbenkian, no âmbito do seu 50ª aniversário, proporciona com a presença do pianista russo Arcadi Volodos no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, às 21h, repetindo-o na Sexta 14 às 19h.
Pianista de espírito intimista, Arcadi Volodos é também muito selectivo nas suas escolhas, apresentando-se em concerto apenas com alguns maestros, onde se inclui Lawrence Foster, dirigente da Orquestra Gulbenkian, com quem desenvolve há já alguns anos uma frutuosa colaboração.
Acresce que este inicial estudioso de canto que optou aos 15 anos por se dedicar ao piano no Conservatório de São Petersburgo sendo ali aluno de Galina Egiazarova, em Paris de Jacques Rouvier e, na Escola Superior de Música Rainha Sofia, em Madrid, de Dimitri Bashkirov, tem já significativa obra publicada. Destacaríamos o CD «Arcadi Volodos Live at Carnegie Hall» (Sony Classical, 1999) (foto) (Prémio da Crítica Discográfica Alemã, o prémio Gramophone e o Echo Klassik) e, mais recentemente em 2007, o CD «Volodos plays Liszt», considerado uma referência pela crítica e premiado com o Diapason d’Or.
Neste concerto a Orquestra dirigida por Lawrence Foster interpretará como programa de :
Marc-André Dalbavie Variations orchestrales sur une oeuvre de Janácek
Leoš Janácek Suite da ópera “A raposinha matreira” (arr. Talich)
Piotr Ilitch Tchaikovsky Concerto para Piano e Orquestra nº 1, op. 23
Mostramos-lhe a gravação integral deste último concerto de Tchaikovsky (curiosamente obra que o compositor russo submeteu ao exigente olhar de Nikolai Rubinstein) pela Filarmónica de Berlim (dirigida pelo maestro Neeme Järvi) acompanhada exactamente por Arcadi Volodos em 2010 :
Estream no dia 13 de Dezembro (Quinta-feira) mais dois espectáculos integrados no “Ano do Brasil em Portugal – Mostra de Teatro do Brasil” ambos no Teatro Dª Maria.
Assim na Sala Garrett do Teatro Nacional Dª Maria II, às 21h, prolongando-se até Domingo 16 (nesse dia às 16h), é mostrada a peça “Herivelto como Conheci” de Cacau Hygino e Yaçanã Martins com direcção de Cláudio Botelho (que a adaptou), tendo no elenco Marília Pêra com arranjos de Thiago Trajano no violão e bandolim e Márcio Castro no piano e acordeão.
Trata-se dum monólogo-musical que revela detalhes do romance entre o compositor e músico Herivelto Martins e a sua segunda esposa, Lurdes Torelly. Resumindo :
“Lurdes (Marília Pêra), aeromoça de família gaúcha tradicional, divorciada, conheceu Herivelto a bordo de um avião. Foi amor a primeira vista. Ela, no entanto, fez de tudo para não ceder aos seus encantos. Mas não conseguiu. No meio de tantas cartas de amor, a relação entre eles durou 40 anos e só terminou com a morte de Lurdes. Aliás, o seu desejo era que as correspondências, datadas de 1947 a 1949, fossem queimadas, mas a sua filha, Yaçanã, não teve coragem de destruir aquelas declarações de amor”, que culminaram num livro e neste espectáculo que veremos.
Como o monólogo-musical se baseia muito na obra de Hervelto Martins, lembremos uma das suas melodias :
Ao lado, na Sala Estúdio do mesmo Teatro Dª Maria II, agora às 21h15 (mas repetindo igualmente até Domingo 16) representa-se “Eu vi o sol brilhar em toda a sua glória” , o quinto monólogo de João Paulo Lorenzon e o segundo inspirado no universo de Jorge Luis Borges. Tem codirecção de Karim da Hora e música original de Manuel Pessoa.
É uma síntese de seu trabalho como actor e dramaturgo e das perguntas que gostaria de compartilhar com o público: Depois de se encontrar com as visões do infinito, podemos esquecê-las? O que fazemos depois de ter visto a maravilha? O que vem depois da revelação? Quais as coisas que nos restaram? Qual o sentimento depois do auge?
A peça mergulha na inesgotável obra de Jorge Luis Borges e olha para as perdas que nos constituem.
Este é um excerto desse monólogo :
Trailer “Eu vi o sol brilhar em toda a sua glória” from osvaldoguarnieri on Vimeo.
Um espetáculo de João Paulo Lorenzon
Começa na Quinta-feira 13 de Dezembro, às 21h30, no Pequeno Auditório da Culturgest o ciclo (há muito desejado pelo seu programador Augusto M. Seabra) sobre “Edward Yang – Histórias de Taipei”, um dos dois mais proeminentes autores do novo cinema de Taiwan, sendo o outro Hou Hsiao-Hsien de quem em Maio de 2007 a Culturgest apresentara um ciclo.
Edward Yang (Yang Dechang), nasceu em Xangai em 1947 e a sua família foi uma das muitas que rumaram a Taiwan quando da vitória comunista em 1949. Estudou nos Estados Unidos e foi certamente o mais “ocidentalizado” dos realizadores de Taiwan, mas foi também, como poucos outros, o cineasta de uma cidade, Taipei. Morreu a 29 de Junho de 2007 mas foi reconhecido entretanto como um dos grandes cineastas das últimas duas décadas do século XX.
No ano passado foi pela primeira vez apresentada a versão restaurada pela World Cinema Foundation do monumental A Brighter Summer Day. Graças à colaboração da Cinemateca Francesa, a Culturgest poude finalmente realizar este tão desejado ciclo, que apenas não inclui a primeira longa-metragem, That Day, on the Beach, e a derradeira, Yi Yi (foto dir.), esta a única estreada em Portugal.
O programa integral compreende :
Na Quinta 13, às 21h30, “In our time / Expectation”, seguido de “Taipei Story” (foto esq.).
Na Sexta 14, às 21h30, “The Terrorizers”.
No Sábado 15, às 15h, “A brighter summer day”.
No Domingo 16, às 15h, “A confucian confusion” e às 18h30 “Mahjong”.
Do filme-manifesto da “nova vaga” de Taiwan, reunindo Yang, Hou Hsiao-Hsien e ainda Chu Tien-Wen, co-argumentista de ambos, uma declaração de amor à cidade de Taipei, tendo subjacente a questão central da sociedade de Taiwan “aqueles que chegaram da «mainland» em 1949 serão também considerados cidadãos de Taipei?” – mostramo-vos o excerto legendado em inglês :
(pode ver a película integral em http://youtu.be/OEXEjff3Nm8 )
Ainda na Culturgest, na sua Sala 2, às 18h30 desta Quinta-feira 13 de Dezembro, há uma instalação/performance (de 1 hora) onde Ivan Franco, personalidade reconhecida na área das tecnologias interactivas, convida o público com um laptop e circuitos electrónicos a experimentar com construção de conexões que resultam na reconfiguração e mutação de audiovisuais interactivos.
Parte da seguinte reflexão : “ O Homem atribui símbolos e mapeia o que o rodeia. Na era da computação e da engenharia genética mapeamos mais informação que nunca: não só na ciência, como a biologia ou a geografia, mas também nas nossas relações sociais ou no comportamento dos mercados financeiros.
A máquina digital é também constituída de circuitos electrónicos e silicone, caminhos onde os eletrões fluem para criar novos mapeamentos de 0’s e 1’s, posicionados na memória artificial. Os audiovisuais sintéticos podem também resultar do mapeamento de valores e funções matemáticas a algoritmos de síntese sonora e visual”. Daí o desafio ao público.
A Mostra de Cinema da América Latina regressa ao Cinema São Jorge, em Lisboa, com início nesta Quinta-feira 13 de Dezembro (e encerramento no Domingo 16) na sua 3ª edição, organizada pela Casa da América Latina (C.A.L.), apresentando 10 longas-metragens premiadas em festivais internacionais e nos seus países de origem Argentina, Brasil, Chile, Cuba, Equador, México, República Dominicana e Venezuela.
O filme de abertura da Mostra (13 de Dezembro, às 21h)será “Habanastation”, de Ian Padrón (Cuba, 2011)(foto), que recebeu o Prémio Glauber Rocha no Festival Internacional de Novo Cinema Latino-Americano de Havana (Cuba, 2011).
No dia 14, às 19h, exibe-se “La Jubilada”, a primeira longa-metragem do realizador chileno Jairo Boisier, que a apresenta, vencedora do Work in Progress do “Festival de Belfort” (França) e com estreia internacional no Festival de Roterdão.
Ainda no dia 14, exibe-se “Hermano”, de Marcel Rasquín, filme selecionado para representar a Venezuela nos Óscares e que arrecadou prémios internacionais no “Festival Internacional de Cinema de Moscovo” (Rússia, 2010) e “Festival Internacional de Cinema de Los Angeles” (EUA, 2010).
No Sábado, 15, a Mostra leva o público a viajar através da cinematografia vinda de 4 países da América Latina. Da República Dominicana traz-nos “Bosch: Presidente en la Frontera Imperial”, do realizador René Fortunato, às 15h; da Argentina, “Juan Y Eva”, de Paula Luque, às 17h; do Brasil podemos ver “Hoje” de Tata Amaral, às 19h. O dia termina com “Abuelos”, às, 21h, o filme da equatoriana Carla Valencia Dávila.
No último dia (Domingo 16) são exibidos no cinema São Jorge, às 17h, “Flordelis, Basta uma palavra para mudar”, do brasileiro Marco Antônio Ferraz e, às 19h, “Alamar”, do mexicano Pedro González-Rubio. Encerra, às 21h, com “Verdades verdaderas. La vida de Estela”, do argentino Nicolás Gil Lavedra, filme que arrecadou prémios no “Festival de Cinema de Viña del Mar” (Chile, 2011) e no “Muscat International Film Festival” (2012).
“Habanastation”, o filme de abertura,retrata o dia a dia da vida em Cuba através do olhar de Mayito, um jovem estudante, filho de um músico de jazz de sucesso. Quando ele se perde durante as celebrações do Primeiro de Maio conhece de perto um novo mundo, emocionante, mas muito distante do seu… É este o seu filme-anúncio :
(Poderão conhecer-se todos os pormenores da programação no site da Mostra em : http://mcal2012.wordpress.com/ )
Nesta Quinta-feira 13 de Dezembro, no Ondajazz, às 22h30, Cristina Loureiro voz e Ruben Alves piano prestam homenagem ao cantautor de “Menino de Oiro” e símbolo do 25 de Abril num espectáculo “Zeca Afonso, 25 anos depois”.
Este é um registo dum recital anterior :
No Hot Clube de Portugal, às 23h de Quinta 13 de Dezembro a Sábado 15 toca o grupo alemão “Mikkel Ploug Group” constituído por Mikkel Ploug guitarra, Robin Fincker saxofone tenor, Jeppe Skovbakke contrabaixo e Tommy Crane bateria num espectáculo de que damos um vislumbre reproduzindo o seu “Featuring Mark Turner «Breakfast Special»” :
Quanto a conferências/debate há no Fundação Calouste Gulbenkian nesta Quinta-feira 13 de Dezembro dois eventos interessantes.
No Anfiteatro 3, com início às 9h30, debater-se-á “Ciência no Ecrã” com entrada livre (sujeita a inscrição prévia) numa iniciativa da Fundação Gulbenkian com a participação do Instituto Gulbenkian de Ciência e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
Às 9h45, sobre o tema “Comunicar Ciência” será orador Martin Bauer, Professor na London School of Economics e editor da revista “Public Understanding of Science”.
Às 11h15 em “Ciência nos telejornais de horário nobre” será apresentado um estudo por Tânia de Morais Soares, Departamento de Análise de Media (ERC) e os seus resultados por Alexandra Figueiredo e Filipa Menezes (ERC) e Sílvia Castro (IGC / Programa MIT Portugal).
A partir das 12h haverá discussão aberta numa Mesa Redonda com António Coutinho, Coordenador do Conselho Nacional para a Ciência e a Tecnologia, José Fragoso (TVI), José Carlos Abrantes, Provedor do telespectador da RTP, Rodrigo Guedes de Carvalho (SIC), Vasco Trigo, produtor do programa ComCiência, Vitor Faustino (IGC).
Mais tarde, às 17h30 no Anfiteatro 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, decorre a última sessão do ciclo de conferências “O futuro da alimentação – ambiente, saúde e economia” que terá dois temas em destaque: a dieta mediterrânica e a nutrição enquanto política pública.
Na sessão de encerramento serão apresentadas as principais conclusões do trabalho desenvolvido desde Março com sugestões de actuação dirigidas a todos os agentes envolvidos, tendo em conta as dimensões ambiental, da saúde, da economia, ética e cultural.
Neste dia, pelas 15h, haverá um workshop aberto ao público sobre “Desperdício Alimentar”, que divulgará os resultados do estudo PERDA (coord.: Sofia Guedes Vaz) sobre desperdício alimentar em Portugal, e que irá também revelar casos de sucesso em projectos nacionais nesta área.
Na sessão da tarde intitulada “Alimentação, Cultura e Ética” serão oradores Jesús Contreras, Observatório da Alimentação (Barcelona) sobre “Dieta mediterranea: de la necesidad como virtud a la virtud como necesidad” e Luísa Neto, Faculdade de Direito da Universidade do Porto sobre “A nutrição como política pública: ainda a garantia ou já a restrição de direitos?”
Segue-se o debate e posterior encerramento. A entrada é livre.
(Há transmissão on line em directo)
Por último, no Institut Français de Portugal, nesta Quinta-feira 13 de Dezembro, em mais um “Bar das Ciências” das 19h às 21h (com entrada livre) debarter-se-á “A Face Escondida das Trovoadas” com Serge Soula do Laboratoire d’Aérologie da Universidade de Toulouse (CNRS).
Introduzindo o tema: Os TLEs (Eventos Luminosos Transientes ou transitórios) constituem um conjunto de fenómenos luminosos que se produzem por cima de certas trovoadas. Estes fenómenos desenvolvem-se no espaço entre o ponto mais alto da nuvem da trovoada activa (aproximadamente 12km em latitudes temperadas) e a base da ionosfera (cerca de 90km – durante a noite) produzindo relâmpagos gigantes, observados há mais de vinte anos. À escala mundial, as mais frequentes são os elves, espécie de anéis luminosos de 100 a 300 km de diâmetro e 90km de altitude, que se produzem, neste caso, por cima das trovoadas oceânicas e costeiras. Os sprites são os mais frequentemente observados com câmaras no solo, por cima das regiões estratiformes nas trovoadas de média escala (MCS). De forma, de estrutura e de tamanho diversos, geram emissões nocturnas de luz espectaculares. Os jactos azuis emergem do topo da nuvem tomando a forma de cones de luz azulada que atingem 30 a 40km de altitude. Os jactos gigantes atingem a ionosfera ligando-a electricamente à nuvem da trovoada.
O conhecimento sobre estes fenómenos , contudo, ainda não está delimitado …
(para as razões desta nova forma de Agenda ler aqui ; consultar a agenda de Terça aqui )
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