EDITORIAL – UM MENTIROSO SEM VERGONHA

 

EImagem2ste assunto tem sido muito debatido – foi ontem tema central do diário de bordo e volta hoje aqui. Inevitavelmente – de que haavemos de falar senão do crime que está a ser cometido por gente corrupta e sem vergonha contra a grande maioria dos cidadãos portugueses? Crime levado a cabo por um governo democraticamente eleito e que está a assassinar portugueses usando os meios que a democracia põe ao seu dispor. Porque , e esta é a maior vulnerabilidade deste sistema, uma maioria constituída por herdeiros da ditadura salazarista, tem poder para fazer tábua rasa da Constituição da República e para eliminar direitos que a Revolução de Abril outorgou. Gente indigna, como Paulo Portas e Miguel Relvas, ajudam um primeiro-ministro sem escrúpulos a levar a cabo a sua tarefa de destruição do Estado Social.

Passos Coelho é um homem despudorado e pouco inteligente, pois está, de dia para dia, a mostrar a sua verdadeira face de serventuário dos poderes supremos que motivam a sua acção. Agradar a Angela Merkel e à troika é para ele mais importante do que servir o povo, como jurou ao tomar posse. Quando desaparecer da cena política, espera-o um cargo qualquer que lhe garanta o futuro – o crime que está a cometer terá recompensa, Mas parece ter escolhido a pior maneira; as criminosas medidas que vai anunciando, vêm envolvidas em justificações cada vez mais próximas do tom ditatorial. Por isso, dizemos que é pouco inteligente. Despudorado é-o por certo – qualquer político com um mínimo de vergonha teria relutância em fazer o discurso que Coelho está a fazer. Quando diz que as carreiras contributivas dos pensionistas e reformados não cobrem as reformas que auferem, está a mentir de uma forma descarada. Então os descontos feitos a empregados por conta de outrem, somados aos descontos feitos à entidade patronal em carreiras contributivas de mais de 40 anos não cobrem as pensões de reforma? É um caminho sem retorno – Passos Coelho desistiu de se apoiar em qualquer espécie de lógica, o seu discurso resvala para o campo da pura trapaça. Vejam este vídeo:

«Dr.ª Judite de Sousa, eu tenho de ser sério nisto. Não pode ser de outra maneira, não é?!»

Ou seja, a única maneira de recuperar os roubos que andam a ser feitos há décadas pelos governos PSD e PS, por ministros, amigos e familiares de membros dos governos, têm de ser pagos por nós, cidadãos. Não há outra maneira? Claro que haveria, outra maneira – começar por auditorias rigorosas ao destino de fundos comunitários, aos custos de obras públicas, aos motivos das sucessivas derrapagens, congelando contas de ex-ministros e de familiares. Talvez houvesse injustiças – políticos sérios que seriam penalizados sem razão. Mas não seria preferível essa injustiça do que condenar a quase totalidade dos cidadãos de um país, á miséria, ao crescimento da marginalidade? Nós falamos, falamos, falamos, e não fazemos nada – os cortes nas reformas vão atingir transversalmente toda a população, tal como o desemprego.

Temos de ser sérios, não há outra maneira – estes biltres que tomaram o poder não saem a bem – vergonha não têm, consciência ainda menos. Se as Forças Armadas não intervêm a tempo, pode criar-se uma situação muito complicada. Tanto mais que o problema não afecta só os portugueses. Um foco de incêndio aqui, na Grécia, na Irlanda, no Estado espanhol, pode gerar uma catástrofe de grandes dimensões.

Será que ainda não perceberam?

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