REFLEXÕES SOBRE A MORTE DA ZONA EURO, SOBRE OS CAMINHOS SEGUIDOS NA EUROPA A CAMINHO DOS ANOS 1930

Selecção, tradução e apresentação por Júlio Marques Mota

Seja bem vindo em 2012, seja bem-vindo ao tempo da mentira triunfante, a caminho de um 2013 ainda bem pior

Criticámos há dias a posição do ministro Álvaro Santos Pereira quanto à sua ideia de reindustrialização da Europa.  O texto crítico terá já sido publicado, aí está pois disponível.

Hoje, por mero acaso  recebi este texto abaixo por mim traduzido sobre a indústria automóvel e todo ele confirma os nossos receios anteriormente expressos : a China vai entrar em força no mercado automóvel na Europa. Um texto a ler com atenção e apetece-me dizer-vos : “seja bem vindo em 2012, seja bem-vindo ao tempo da mentira triunfante”. E é disso que nos andam a falar os nossos ministros, seguramente.

Mas o mais curioso ainda, do número da revista  Marianne citado  e com o titulo bem curioso “sur l’economie,  sur le social, ils osent tout”  podemos ler :

“Na véspera do último mundial do automóvel em Paris, o intrépido ministro da Renovação industrial, Arnaud Montebourg, comoveu-se face às partes de mercado francesas recentemente devoradas pelos construtores coreanos, graças, afirma – ele, às práticas de concorrência desleal. Levado pela comoção, o ministro apela ao ardor patriótico: “ eu digo aos franceses que compram Hyundai ou Kia que eles estão a participar numa certa dureza social (…) É necessário olhar para lá dos vidros dos automóveis que se estão a comprar” E antes de anunciar “ que ele fará o seu caminho, que ele passará em frente dos stands dos construtores coreanos”.

Poder-se-á ficar contente que um ministro apele a comprar produtos nacionais. Mas será para isso necessário dizer contraverdades, para expor as suas posições? Na verdade, segundo Patrick Gourvennec, director-geral de Hyundai France não somente “ os trabalhadores sul-coreanos só trabalham 8 horas por dia e não doze, mas como também somente 10% dos carros Hyundai vendidos em França vêm da Coreia. Os outros são produzidos na República Checa, na Eslováquia e na Turquia, como [para a] maior parte dos construtores franceses.” Pior ainda: Renault, via a sua filial Renault Samsung, importou em França mais carros made in Korea que Hyundai e GM, aliada de Peugeot-Citroen, importa da marca Chevrolet vindos estes da Coreia.”

Este exemplo mostra a situação curiosa em que está a União Europeia com a sua lógica de mercado único aberto ao mundo e sob todas as condições que a esta Europa são impostas pelo mercado mundial. E o que resta do ministro francês, o que resta do ministro português e das mentiras de ambos é simplesmente:   se puder consuma produto nacional . Assim não há empregos que resistam, com esta arquitectura institucional de Bruxelas e com estes ministros  do consuma nacional no mercado global. Assim,  claramente só nos resta vender também a bandeira nacional ou mais ainda, como no caso dos americanos, só nos resta até esta importar , feitinha de algures do Sueste Asiático, e a crédito também, que um dia com outra TAP haveremos de pagar.

 Mas os ministros só  mentem enquanto lhes permitirmos este jogo e estamos certos de que já foram longe de mais.

Júlio Marques Mota

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Os carros chineses deverão em breve desembarcar em França

Alain-Gabriel Verdevoye

Employee of Chery Automobile Co. works at the assembly line in WuhuCopyright Reuters

Fruto de uma associação a  50-50  por cento para cada empresa constituída entre o construtor de automóveis chinês  Chery e a companhia financeira Israel Corp., a marca chinesa Qoros deve estar presente no próximo Salão Automóvel de Genebra no início de Março de 2013. As vendas iniciar-se-ão  em alguns mercados no final de 2013 na  Europa e em França as vendas iniciar-se-ão em 2014.

As primeiras tentativas de colocação no mercado europeu do automóvel tinham-se saldado por um enorme insucesso, foram um enorme revés. Mas se desta vez a tentativa resultar? Os carros chineses poderiam em breve desembarcar em França. A marca Qoros chegará  provavelmente a França em 2014, de acordo com a  revista de automóveis  Auto mais. Fruto de uma associação a 50-50 por cento entre o construtor chinês  Chery e a companhia financeira Israel Corp, esta  nova marca  deve apresentar o seu primeiro modelo no próximo Salão de Genebra, no início de Março,  de acordo com o site especializado Automotive News China. Trata-se de uma berlina  compacta, que deverá ser introduzida na  China e em alguns mercados europeus em simultâneo,  no final de  2013. Dois outros modelos seguir-se-ão em 2014, incluindo um veículo de recreio . Qoros recrutou uma equipe internacional para conceber  modelos ao gosto europeu. A marca pretende inicialmente produzir 150.000 veículos por ano.

Primeiro exportador

Chery é um dos fabricantes que mais provavelmente irá ter sucesso no mercado europeu do automóvel.   É o primeiro exportador chinês de automóveis . As suas  exportações cresceram cerca de  22%  sobre   nove meses para  149.490 unidades. As vendas fora da China, principalmente (no Irão  e na Rússia), representaram 42% do volume de produção  do fabricante em Setembro passado. Para abrir o mercado latino-americano, a Chery vai-se implantar no  Brasil a partir do final de  2013. A fábrica brasileira da Chery, no estado de São Paulo, precisou de um  investimento de 2,5 mil milhões de yuans (cerca de 310 milhões de euros) para produzir 150.000 veículos por ano, de acordo com a China Automotive News.

Subvenções estatais

Chery, que acaba de se associar  com a Jaguar Land Rover (JLR, o grupo indiano Tata) na China para em  conjunto produzirem  veículos, tem dinheiro através do…  estado chinês! Sem os subsídios concedidos pelo Estado, o grupo Chery  teria sofrido  perdas substanciais em 2009 e 2010. Na verdade, o construtor teve  um lucro de 66 milhões de Yuans  (8 milhões de euros em 2009) e de 240 milhões de yuans em 2010, mas recebeu ajuda de 633 milhões e 1,12 mil milhões, respectivamente, de acordo com a Agência de notícias Reuters. Se a marca Chery é o sexta marca vendida  no mercado chinês, as suas  outros referências,  porém, não venderam  muito bem. A sua marca, considerada de alto de gama,  Rich (!), com  modelos muito apelativos,  é um fracasso (apenas 722 carros vendidos em Outubro na China ).

O NOVO CONSTRRUTOR DE AUTOMÓVEIS CHINÊS Qoros desembarcará em França no espaço de um ano

Automóvelchinês - IICopyright Qoros

Alain-Gabriel Verdevoye | 11/12/2012, 10:52 – 622 mots

Qoros apresentará uma berlina  de gama média no início de Março  de 2013, para  ser comercializada a partir de Outubro-Novembro  desse ano. Depois de ter recrutado  especialistas na Europa, em todas as áreas, a empresa quer definitivamente  competir com o topo de gama… alemão.

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Os primeiros carros chineses deverão desembarcar  “em Outubro e Novembro de 2013, ou seja,  dentro de um ano  na Europa continental, incluindo a França”, explicou  ao jornal La Tribune  Claude Makowski, que acaba de ser nomeada a assessora para as relações com a   imprensa  em França pela  marca Qoros. Este novo fabricante chinês é altamente ambicioso . Enquanto que a sua fábrica ainda está em  construção nos subúrbios de Xangai, este construtor  já aparece como a  primeira  marca em carros de topo de gama   do antigo Império do Meio. Nada menos.  E o seu raciocínio é lógico: para ser reconhecido como um construtor “Premium” na  China, “é essencial  que seja primeiramente  considerado como alemão ou pelo menos conseguir  conquistar os seus galões na  Europa”! Portanto, SE o seu grande objectivo é claramente o de conquistar o mercado chinês contra a Audi, BMW ou ainda os outros  Volvo, o fabricante deve impor-se  no velho continente. Uma abordagem original, mas também um desafio difícil. E bem propagandeado!

Qoros irá mostrar  na altura  do Salão Automóvel de Genebra, no  início de Março de 2013, “uma berlina   de gama média superior de 4,70 metros de comprimento com motores a gasolina de quatro cilindros  em versão atmosférica  e turbo “. Uma espécie de Mercedes C, de  linhas bastante elegantes, com um interior muito “high tech” e com controles digitais, segundo os poucos privilegiados que já viram o veículo.  Um derivado break  e um 4 x 4 completarão rapidamente a gama. Coupés e Cabriolet  também estão  previstos. “Haverá um novo modelo de seis em seis meses”. Qoros fornecerá  todo um  arsenal tecnológico com “diesel, caixas robotizadas,  transmissões às  quatro rodas”… E o carro ” terá os mais elevados  níveis de segurança passiva”, assegura   Claude Makowski.

Recrutamentos  na Europa

Para um tal resultado, o fabricante não quer andar de  mão morta. Proprietário a  50-50 por cento entre o  fabricante chinês,  Chery,  e uma companhia financeira de Israel, Israel Corp, Qoros vai entrar no  mercado da Europa. “As plataformas são desenvolvidas pelo  especialista (canadiano) Magna, quanto a motores  por  AVL, empresa  austríaca.” Qoros trabalha com os principais fabricantes de equipamentos como Bosch ou Continental”. E a empresa contratou especialistas   nos construtores do velho continente. “O responsável pelo design vem do Mini, o responsável pela segurança vem do  sueco Saab… O responsável operacional vem da Volkswagen. Qoros recrutou antigos empregados da  Volvo, Mercedes, Fiat…” A marca pretende inicialmente produzir 150.000 veículos por ano. Mas ele já planeou  aumentar a capacidade para  450.000 unidades anuais em caso de sucesso.

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