Pentacórdio para Terça-feira 12 de Fevereiro

por Rui Oliveira

 

tarantino   Esta Terça-feira 12 de Fevereiro continua a escassez de acontecimentos da véspera, o que não impede que se saliente como evento do dia a estreia no Teatro da Politécnica, às 21h, da peça “A Paz” de Antonio Tarantino (foto), em tradução de Tereza Bento, com interpretação de João Pedro Mamede, Pedro Sousa Loureiro, Nuno Pardal e a colaboração de Jorge Silva Melo. A  cenografia e figurinos são de Rita Lopes Alves, numa co-produção Os Possessos/Artistas Unidos que permanecerá em palco até 2 de Março.

A Paz_4   A peça conta-nos a história de dois exilados que são enviados para o deserto, Arafat (General) e Sharon (Presidente), com o objectivo de “passarem por experiências duras, difíceis, amargas” – o que é anunciado no início da peça através de uma voz de mulher, que pronuncia o “interdito da água e do fogo”, mandando as duas personagens para aquele destino.

   No decorrer da história, sofrem as mais variadas peripécias, sendo castigados pela vida infame que levaram, pela guerra constante que causaram, por se acharem acima de tudo e de todos – são um politico e um general, castigados pela sua imoralidade e pelo seu prazer na permanente guerrilha.

a_paz_3 +   Ao longo do espectáculo, António Tarantino mostra-nos diferentes épisódios, desde a “Cidade dos mortos”, onde os dois exilados ouvem a voz de Che Guevara, passando por “As tâmaras do oásis de Touzeur”, “A Puta”, até ao episódio “O temível urso tunisino”.

 

   Segundo o autor, esta peça surge porque “Apeteceu-me mandar Arafat e o Sharon para o exílio, para o deserto, fazê-los sofrer as maiores misérias. Porquê? Porque não foram capazes de fazer a paz”.

   Contudo, quando se adivinhava um final trágico para estas personagens, devido a todas as provações, castigos e acusações, António Tarantino procura um final que, de certa forma, ridiculariza Sharon e Arafat.  A explicação para este facto é dada pelo dramaturgo: “aqueles dois não mereciam a honra duma conclusão trágica da peça, mas um final ridículo, anti-heróico; não os queria colocar num pedestal”.

 

 

 

Roda de Choro de Lisboa   No campo musical, o Onda Jazz volta nesta Terça-feira 12 de Fevereiro, às 22h30, certamente em celebração carnavalesca, a apresentar  “A Roda de Choro de Lisboa”, um quinteto luso-franco-brasileiro composto por Nuno Gamboa (violão de 7 cordas), Edu Miranda (bandolim), Carlos Lopes (acordeão), Etienne Lamaison (clarinete) e Alexandre Santos (percussão) que se caracteriza por interpretar temas do “chorinho” brasileiro de forma singular e criativa.

   Como o seu próprio nome indica esta banda é de Lisboa mas gaba-se de “ter uma alma sem fronteiras, porque a sua música entusiasmante revela uma fusão inesgotável de ritmos que vão do Chorinho ao Fandango, do Tango ao Corridinho, da Valsa ao Malhão, do Scottish ao Fado, da Polka ao Vira, havendo sempre espaço para algumas surpresas e apontamentos de humor”.

   Em Janeiro mostrámos a gravação de “Lusofolias”; veja-se aqui http://youtu.be/bsS0gtvIW5g uma sua presença televisiva e compare-se-a com os seus inspiradores brasileiros, também “Roda de Choro” constituida quase na mesma altura em São Paulo :

 

 

 

 

Vincent++Danny+Cavanagh++An+Evening+of+Anathema+Ac+anathemaacoustic13_add   Ainda neste campo, há também na Terça-feira 12 de Fevereiro, às 22h, no MusicBox um concerto em que regressam a Lisboa Vincent e Danny Cavanagh, membros integrantes da banda inglesa os “Anathema” que havia estado entre nós há em Outubro último em promoção do mais recente álbum de originais «Weather Systems».

anathema1   Neste “Na Evening of Anathema Acoustic” as músicas daquela banda, delicadas mas pesadas, são despidas para um formato acústico que também pode incluir investidas a canções alheias.

   Segundo a MusicBox “… dos primeiros registos mais doom às paisagens encantadores dos discos mais recentes, passando pela doce solidão que dominou grande parte dos álbuns que gravaram nos anos que rodearam a viragem de milénio, a banda britânica tem encarado sem qualquer receio ou pudor a missão a que se propôs desde muito cedo na sua carreira – transcender os limites da música como forma de arte”.

   É o que tentarão os dois irmãos, de que lembramos aqui temas originais tais este “Lost Control” :

  

 

 

myspace 

shortcutz cartaz   Como notícia solta no campo do cinema, saiba que existe um movimento internacional de curtas-metragens denominado “Shortcutz”, ele próprio parte integrante do Labz (o novo projecto da SubFilmes Creative Network) que é uma platafoma internacional e multidisciplinar de promoção e divulgação de talentos na área da cultura urbana.    Segundo os próprios, “mais do que um festival, mais do que uma mostra, o Shortcutz” pretende-se uma autêntica revolução urbana de ideias, projectos e pessoas na área das curtas metragens.  Numa primeira fase, irá começar por ter presença em Lisboa, estando previsto a sua implementação em várias cidades do Mundo.

   Em Lisboa, acontece “Shortcutz”  todas as terças-feiras, logo na Terça 11 de Fevereiro, às 22h, no bar Bicaense (Rua da Bica Duarte Belo, 38/42, 1200-056 Lisboa) com entrada livre.

   Ir-se-ão aí exibir 3 curtas metragens, sempre apresentadas por membros das suas equipas de criação. Uma das curtas será convidada (nacional ou estrangeira) e as outras duas farão parte da competição para a melhor curta do mês. Para concorrer terão de ter menos de um ano e não podem exceder os 15 minutos.

   Nota importante : Já está estabelecido que a atribuição dos “Prémios Shortcutz  Lisboa” na sua 3ª edição se fará no próximo dia 23 de Fevereiro no MusicBox.    Eis os nomeados para “Melhor Realizador 2012” :

shortcutz


 

 

barone6-7-16savedon-richard-1923-2004-usa-michel-auder-and-viva-nyc-1409538   Por último, como NOTÍCIA EM ATRASO tambem cinematográfica, lembra-se que ocorre hoje Domingo 10 no Pequeno Auditório da Culturgest, às 18h, a primeira das sessões videográficas  − a que se seguirão outras num ritmo quase sempre dominical até 14 de Abril – que acompanharão a exposição inaugurada há dias (Sexta 8) “Michel Auder”– Retrato de Michel Auder (foto esq.).

   Este é um cineasta francês (1945 – ) cuja obra videográfica ficou indelevelmente marcada por vicissitudes de ordem biográfica, começando por se ter casado com Viva (foto dir.), uma das actrizes dilectas de Andy Warhol, cujo círculo e amigos filmou obcessivamente até finais da década de 1980.

   “Chelsea Girls with Andy Warhol (1971-1976/1994)” (Vídeo SD mono-canal, NTSC, 4:3, cor, som, 72 min) será então o filme estreia deste pequeno ciclo.

22-michelauder   Sinopse: Em 1969, Michel Auder começou uma série de diários-vídeo que fazem a crónica da cena artística na downtown nova-iorquina. Em Chelsea Girls with Andy Warhol, Auder capta momentos reveladores da vida pública e privada de Warhol: a inauguração da retrospectiva no Whitney Museum em 1970, uma festa em casa de John Lennon e Yoko Ono, uma acesa conversa telefónica entre Warhol, Viva e Brigid Berlin, e uma esclarecedora entrevista com Larry Rivers, o avô da Pop Art, no seguimento da publicação de The Philosophy of Andy Warhol em 1975. A questão do dinheiro é um tópico recorrente na conversa com Viva, que, depois de abandonar a Factory em 1969, enviou a Warhol uma série de cartas ameaçadoras exigindo dinheiro.

(para as razões desta nova forma de Agenda ler aqui ; consultar a agenda de Domingo aqui)

 

 

 

 

2 Comments

Leave a Reply