Selecção e tradução de Júlio Marques Mota
Désindustrialisation: les fermetures d’usines en France 2009-2011
Desindustrialização: o encerramento de fábricas em França entre 2009 e 2011
Observatoire de l’investissement de Trendeo
Desde 1 de Janeiro de 2009, o Observatório de Trendeo sobre investimento, base de dados pública comercializada por assinatura, registou mais de 20.000 anúncios de investimento e de desinvestimento em todos os sectores e em todas as regiões da economia francesa. Isso corresponde a mais de 480.000 postos de trabalho criados e a 572 000 destruídos. A nota seguinte, detalha de forma mais precisa a situação da indústria e conclui que a situação da indústria está perante uma melhoria muito precária.
Os empregos no sector da indústria transformadora
Desde 2009, o sector da indústria transformadora destruiu mais empregos do que aqueles que ela criou, para um número de perto de 100 000 postos de trabalho industriais perdidos em cerca de três anos. Enquanto em 2010 a economia francesa tomada como um todo recomeçou a criar empregos, a indústria continua a suprimir postos de trabalho. No entanto assinale-se que o ritmo de destruição tem-se estado a reduzir.
2009 | 2010 | 2011 | |
Indústria transformadora | -79 870 | -14 294 | -5 105 |
Conjunto da economia | -117 338 | 12 665 | 18 294 |
Saldo líquido da criação ou destruição de empregos nos anúncios de investimento e de desinvestimento registados pelo Observatoire de l’investissement de Trendeo
Subsectores diversificados da indústria transformadora
Alguns subsectores continuaram a criar postos de trabalho
A indústria de transformação compreende um grande número de subsectores, em que alguns continuaram a criar postos de trabalho durante o período 2009-2011. Os três mais importantes subsectores são a construção aeronáutica e espacial, impulsionada pela Airbus; as indústrias alimentares; as indústrias de couro e calçado – principalmente graças aos artigos de luxo em pele. Pode-se notar que a indústria da aviação está a evoluir em sentido contrário da melhoria verificada desde 2009, uma vez que o saldo anual de empregos criados, se é positivo, tem significativamente diminuído.
2009 | 2010 | 2011 | Total | |
Construção aeronáutica e espacial | 1 596 | 1 167 | 462 | 3 225 |
Indústrias alimentares | 375 | 649 | 312 | 1 336 |
Indústria em couro e calçado | -551 | 996 | 779 | 1 224 |
Saldo líquido da criação ou destruição de empregos nos anúncios de investimento e de desinvestimento registados pelo Observatoire de l’investissement de Trendeo
Os sectores que eliminaram postos de trabalho
O sector automóvel é, de longe, o subsector da indústria transformadora que destruiu mais empregos ao longo do período, com quase 30.000 empregos suprimidos – para não mencionar os postos de trabalho de outros subsectores envolvidos no sector automóvel, tais como os plásticos. Em seguida, vêm a farmácia, o material electrónico, informática e óptica, química e metalurgia.
Ano | 2009 | 2010 | 2011 | Total |
Indústria automóvel | -22 825 | -5 717 | -798 | -29 340 |
Indústria farmacêutica | -3 109 | -1 925 | -1 790 | -6 824 |
Material informático, electrónico, e óptico e | -6 509 | -428 | 340 | -6 597 |
Indústria química | -5 623 | -361 | -564 | -6 548 |
Metalurgia | -3 950 | -1 124 | -1 386 | -6 460 |
Saldo líquido dos empregos criados ou suprimidos nos anúncios de investimento e de desinvestimento identificados pelo ’Observatoire de l’investissement de Trendeo
A diminuição do número de sites industriais
O Observatório de Trendeo sobre o investimento permite analisar a desindustrialização com dois critérios: o sector da sociedade (definido pela nomenclatura INSEE) e pelo tipo de actividade do site (nomenclatura definida pelo Trendeo). Nós registamos assim, como anúncio sobre um site de produção, o sector da sociedade (por exemplo, automóvel) e o tipo de actividade realizada no site (serviços, R & D, produção industrial, centro de chamadas telefónicas, ponto de venda…). Isto permite especificar as análises sobre a desindustrialização, identificando apenas os postos de trabalho criados ou eliminados nas instalações industriais.
Isso mostra que desde 2009 o encerramento de instalações industriais regularmente excede as criações de sites industriais, embora, felizmente, esse saldo negativo tenda reduzir-se. No período 2009-2011, o número de locais industriais diminuiu de 385 unidades. Em média, os estabelecimentos criados ou, em sentido inverso, suprimidos, utilizam cerca de 60 funcionários.
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Encerramento e novas aberturas de sites industriais, em número de operações registadas
Ter em conta as extensões de sites e a redução de efectivos
Nós contabilizamos à parte os investimentos que levam a aumentos de pessoal em sites existentes e, em sentido inverso, os desinvestimentos que levam a uma redução na força de trabalho sem fechar o site. Isto permite uma visão mais completa do número de locais afectados pelos investimentos ou desinvestimentos feitos.
Em número de operações recenseadas
Verifica-se assim que a ampliação das instalações industriais existentes é mais numerosa do que as suas criações (871 extensões ao longo do período 2009-2011, contra 494 criações de sites). Similarmente, os locais afectados pela redução de efectivos são mais numerosos do que os locais afectados por uma decisão de encerramento (1172 encerramentos para o período 2009-2011, contra 879 locais afectados por reduções de pessoal).
Sinal positivo, em 2011, as instalações industriais que beneficiaram de medidas de investimento eram mais numerosos do que os sites que passaram por um desinvestimento total ou parcial.
Em termos de emprego industrial global o saldo continua no entanto negativo porque as reduções de pessoal afectam em média mais assalariados do que sites industriais – cerca de 50 supressões são identificadas em média para as reduções de efectivos contra 40 postos de trabalho em média para uma decisão de extensão. *