AS DOENÇAS DE OUTRORA ESTÃO A REAPARECER, de Clotilde Cadu

Selecção, tradução e nota introdutória por Júlio Marques Mota

Nota introdutória

Dedico este trabalho aos meus amigos médicos que no contexto presente fazem em Portugal o possível e, por vezes, quase o impossível por uma medicina de qualidade

Parte I 

Os excertos colados em realce falam por si, por muitas palavras de revolta que pudéssemos escrever, pelo que nos calamos. Simplesmente há responsáveis por estas mortes, as que já se deram, as que se irão dar e seria bom que a Tribunal fossem levados, porque contra o Homem, a Sociedade com o seu passado, o seu presente  e o seu futuro, os homens de Bruxelas e os seus empregados menores  escolheram  defender a Finança contra as populações que assim barbaramente se abandonam, desprotegendo-as .

Hoje. Face à paisagem de desgraça que paira sobre toda a Europa e com ameaças bem maiores, a pergunta que podemos levantar face aos golpes feitos contra a Grécia, contra a Itália, contra a própria Irlanda, golpes palacianos é certo, será então se não haverá aqui uma espécie de contrapartida aos mercados financeiros pelo favor que a Banca privada a Bruxelas prestou quando aceitou de forma voluntária e informal, a reestruturação da dívida grega.  As coisas têm sentido, é preciso encontrá-lo, e o que se está a passar parece não ter nenhum sentido. A menos  que… esta pergunta seja uma via de análise.

Para já, e por resultado das políticas seguidas e impostas por Bruxelas sabe-se agora que na França, quinta potência mundial, morre-se hoje como no século XIX! Inacreditável.

Mas curiosamente, hoje, parece, o problema também já se começa a levantar em Portugal. No telejornal deste dia já se falou também em tuberculose, e é de tuberculose e não só que se fala neste texto.

Julguem-se os verdadeiros responsáveis pelo que nesta Europa martirizada nos está a acontecer, a nós, aos nossos filhos, aos nossos netos, seja em França, na Grécia, na Espanha, na Itália.  Procurem-se e julguem-se com a urgência possível, recrie-se o Tribunal da História onde estes altos responsáveis  implacavelmente poderão e deverão ser julgados.

Dedico este trabalho aos meus amigos médicos que no contexto presente fazem em Portugal o possível e, por vezes, quase o impossível por uma medicina de qualidade.

Júlio Marques Mota

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As doenças de outrora  estão a reaparecer

CLOTILDE CADU – MARIANNE

Sarna, tinha , tuberculose, tosse convulsa, sarampo, rubéola, papeira … No século XXI, a França, quinta potência mundial, vê regressar e com força as doenças de um outro século.

“Hoje, existem bairros a 15 km de Paris, onde vivemos com a tuberculose como no século XIX. Isso deve levar a que se interrogue o Estado”

Antes de erradicar a tuberculose, é a pobreza  que deve ser eliminada.

É inaceitável que se morra ainda hoje do sarampo em França

Jornalista à Marianne, principalmente encarregada das questões sobre saúde

Eis pois que nos mudamos da gripe e da gastroenterite! A tuberculose, a sarna e o sarampo fazem um preocupante reaparecimento em França .

Doençasoutrora

Especialmente, não apertar as mãos. Muito menos dar um beijo. No Comissariado da polícia de Vannes, há mesmo indicações para as pessoas se cumprimentarem, mas ao longe!  Um surto de gastroenterite nos polícias ? Não, de modo nenhum! Desde Setembro, sete oficiais da polícia e a companheira de uma deles estavam infestados pelos ácaros Sarcoptes scabiei, o parasita que causa a sarna é transmitida por contacto.

De repente, evita-se escrupulosamente a mão estendida do colega na parte da manhã e as luvas trazem-se aos dois pares aquando de intervenções no terreno. Durante este tempo, em Marselha, onde as emergências psiquiátricas do  Hospital da Conception fecham as suas portas no espaço de alguns dias para eliminar o parasita que escolheu este hospital como domicílio. Em Forbach, em Toulouse, em Périgueux, nas escolas, nos asilos, a sarna, doença contagiosa que se considerava extinta, reaparece. A França está incomodada. E está assim cada vez mais. “As Agências Regionais de Saúde (ARS) constaram  um aumento de casos em todo o país. Através da análise das vendas de produtos contra a sarna, estima-se que tenha havido mais  de 350 casos por ano por cada 100 mil pessoas “, diz Didier Che, epidemiologista do Instituto de Vigilância Sanitária (IVS).

Na ausência de um sistema de monitorização específico, é difícil ter dados históricos. Os armários das farmácias fazem aqui o papel de indicador. Entre 2005 e 2009, as vendas de frascos de benzoato de benzilo e de comprimidos de ivermectina, o arsenal terapêutico contra a patologia,  aumentaram de 11 e de 24% ao ano. Ainda é difícil de explicar este aumento e que ultrapassa mesmo  certas farmácias em ruptura de stock. ” A sarna, a escabiose, é uma doença de promiscuidade, e que pode ser transmitida a toda a gente , diz o Pr. Marc Gentilini, uma especialista em doenças infecciosas e tropicais.

(continua)

1 Comment

  1. Obrigada pelo artigo denunciante de verdades que esta crise escamoteia -postei apenas um cabealho no face .. bom que haja um despertador … Maria S

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