Pentacórdio para Quarta-feira 20 de Março

por Rui Oliveira

 

 

   Novo dia de reduzida oferta, esta Quarta-feira, 20 de Março, onde de novo um evento “gulbenkianico” surge como único destaque.

 

 

lawrence foster   No Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, às 21h, a Orquestra Gulbenkian dirigida por Lawrence Foster irá interpretar, juntamente com o pianista austríaco Rudolf Buchbinder, uma primeira parte da execução completa dos concertos do compositor alemão Ludwing van Beethoven, aqui designada Integral dos Concertos para Piano de Beethoven I, e que compreende :

 

      Ludwig van Beethoven  Concerto para Piano e Orquestra nº 2, op. 19

                                                 Concerto para Piano e Orquestra nº 4, op. 58

                                                 Concerto para Piano e Orquestra nº 3, op. 37

 

????????????????????????????????????????   Diz o programa da Gulbenkian Música que o pianista austríaco, nascido em 1946 na antiga Checoslováquia, é conhecido pelo seu perfecionismo e pelo profundo respeito pelas partituras que aborda. «Treino mais com a minha cabeça do que com os dedos», disse Rudolf Buchbinder numa entrevista. O diário Frankfurter Allgemeine Zeitung classificou-o como «um dos mais importantes e competentes especialistas em Beethoven», mas o Philadelphia Inquirer foi mais longe, atribuindo-lhe o lugar de «oráculo da mais relevante literatura de Haydn, Beethoven e Brahms».

10757-img1310665703166924   O repertório de Rudolf Buchbinder é extenso e inclui numerosas obras do século XX, atribuindo o pianista particular importância a um meticuloso trabalho de estudo das fontes… Uma produção discográfica de mais de cem gravações testemunha o alcance e a diversidade do repertório de Rudolf Buchbinder, que recebeu o “Grand Prix du Disque” pela sua magnífica interpretação da obra integral para tecla de Joseph Haydn. Privilegiando a gravação de concertos e recitais ao vivo, a sua interpretação do ciclo integral dos Concertos para Piano de Mozart, com a Orquestra Sinfónica de Viena, registado no Konzerthaus de Viena, foi considerada pelo crítico Joachim Kaiser como a melhor edição em CD do ano de 1998 … Ainda no domínio das gravações ao vivo, destaque para os Concertos para piano de Brahms, em colaboração com a Orquestra do Real Concertgebouw, sob a direcção de Nikolaus Harnoncourt, e os cinco Concertos para Piano de Beethoven, como solista e maestro, com a Orquestra Sinfónica de Viena.98ed301ac4832d32fd188439941749cbface0bee

   Por último e significativamente, Rudolf Buchbinder designa “uma das sua principais preocupações como o «Novo Testamento» do repertório pianístico”, traduzindo-se na interpretação cíclica das trinta e duas Sonatas para Piano de Beethoven, que tocou em mais de trinta cidades, incluindo Munique, Viena, Hamburgo, Zurique e Buenos Aires.

   Podemos apenas apresentar-lhes, hoje, um exemplo da técnica pianística de Rudolf Buchbinder na execução de outro concerto de Beethoven, aqui o andamento final Rondo (Vivace) do Concerto nº 4 em Sol Maior, op.58, dirigindo ao mesmo tempo a Orquestra (?) no Teatro Rossini em Pesaro (Itália) em 2011 :

 

 

 

   Outro evento musical, de menor importância óbvia, será o Concerto Antena 2 (com habitual entrada livre) que terá lugar esta Quarta-feira, 20 de Março, às 19h, no Auditório da Escola Secundária Camões (o antigo Liceu de Camões) onde actuarão os “L.A. New Mainstream”, um agrupamento formado no início do ano 2011 em torno de Lars Arens, trombonista, compositor/arranjador e professor na Escola Superior de Música (ESML), onde pretende reunir algumas das grandes revelações da geração nova de músicos de jazz portugueses.la_new_mainstream (1)

   Compõem o grupo Lars Arens (trombone), Desidério Lázaro (saxofone tenor), André Santos (guitarra), Daniel Bernardes (piano), António Quintino (contrabaixo) e Joel Silva (bateria).

   O repertório desta noite consistirá maioritariamente em originais de Lars Arens, mas incluindo igualmente algumas versões modernas sobre jazz standard, a saber :

   De Lars Arens  A Malha Rodrigues, Mechanics, Pato do Einstein, Ganz heimlich still und leise e Double Bass Base.

   Este foi o teaser do lançamento do 1º disco dos “L.A. New Mainstream” com alguma teorização dos propósitos de Lars Arens :

 

 

 

 

Lisbonne Eglise St Louis de Francais - Copy   Ainda na Quarta-feira, 20 de Março, às 21h30, há na Igreja Saint Louis des Français (Rua das Portas de Santo Antão, junto ao Coliseu dos Recreios ), promovido pela Embaixada de França em Portugal com o apoio do Institut Français, um concerto com apresentação das “Leçons de ténèbres pour le Mercredi Saint” de François Couperin.

   As vozes serão de Alberto Pacheco e Rui Aleixo, o violoncelo barroco de Edoardo Sbaffi e o cravo de Mário Trilha.

   (Nota: para assistir é pedida uma doação de 8 Euros)

francois%20couperin-289395   As Leçons de Ténèbres (que são três) foram escritas por François Couperin (1668 – 1733) (imagem) para as liturgias da Semana Santa de 1714 na Abadia de Longchamps. Elas representam o texto das lamentações de Jeremias do Antigo Testamento, onde o profeta chora a destruição de Jerusalém pelos Babilónios.  Assim, durante a execução desta obra-prima da música sacra, será respeitado o ritual da extinção progresssiva das velas que deu o nome à obra (Lição das Trevas).

   A obra de François Couperin , pianista titular da prestigiada tribuna de organista na igreja parisiense de Saint Gervais e em parte na Chapelle Royale e ainda músico, embora discreto, na Corte de Louis XVI, é composta por inúmeras peças, instrumentais e vocais, de conteúdo profano ou religioso, algumas das quais lhe asseguram um lugar de primeiro plano entre os músicos franceses do seu tempo, nomeadamente as suas peças para orgão, as suas Leçons de Ténèbres pour le Mercredi Saint, as suas Sonatas e Concertos Reais onde conseguia conciliar os gostos francês e italiano. 3487549902137xvFoi, contudo, a sua obra para cravo, composta por quatro livros publicados entre 1707 e 1730, que fez a sua glória, sendo o seu tratado L’art de toucher le clavecin, publicado em 1716, uma fonte preciosa relativamente ao ensino deste instrumento e ao entendimento da sua interpretação no século XVIII.

   Deixamo-o com a interpretação notável feita da 3ª Leçons de Ténèbres pelas vozes de Montserrat Figueras e Mari Cristina Kiehr ; é também possível ouvir aqui a 1ª Lição das Trevas por Caroline Mutel  (soprano) e Karine Deshayes (mezzosoprano) com o Ensemble les Nouveaux Caractères dirigido por Sébastien d’Hérin : http://youtu.be/PbOz7ngsics

   

 

 

 

image1361905821794   Por último, lembramos que se inicia nesta Quarta-feira, 20 de Março, a anual “8 1/2 Festa do Cinema Italiano” , uma iniciativa da associação Il Sorpasso em colaboração com a o Instituto Italiano de Cultura e a Embaixada de Itália em Portugal, existente já desde 2008 e que teve duas exibições preambulares de filmes no passado dia 12 (“Il Gato del Maine” de Antonello Schioppa, na Bicaense) e outra, a ocorrer amanhã Terça-feira 19 de Março, na Cinemateca Portuguesa onde será projectado às 21h30, na Sala Dr. Félix Ribeiro, o filme de Federico Fellini “Otto e Mezzo” (Fellini Oito e Meio).

   O programa integral está em : http://www.festadocinemaitaliano.com/  

   Nesta 6ª edição, de 20 de Março a 9 de Junho (mas em Lisboa só até 28 de Março), marcada pela passagem do evento para o Cinema São Jorge, o cartaz apresenta uma mostra das melhores longas-metragens (em competição e fora de competição) produzidas ao longo da última temporada em Itália; ciclos de retrospectiva (Focus: Mani in Alto! Cinema de género italiano dos anos 70), uma homenagem aos 50 anos de 8 ½ de Federico Fellini e de Il Gattopardo, de Luchino Visconti (Amarcord). A grande novidade este ano a nível de estrutura de programação, é o lançamento da secção Altre Visioni, composta por obras que reflectem uma abordagem singular à linguagem cinematográfica. Haverá ainda lugar para a exibição de uma seleção de curtas numa sessão especial dedicada ao jovem autor Alessio di Zio.image13625189574572

   É dado ainda espaço à música, com o concerto dos Calibro 35, banda inspirada nas trilhas sonoras dos policiais italianos dos anos 70.

 

   Nesta Quarta-feira, às 19h30, há Dopo le 8 ½, a já mítica Festa de Abertura do 8 ½ no miradouro das Portas do Sol, aberta a todos os convidados, curiosos e interessados pela cultura Italiana. A música estará a cargo de Il Commissario Cinzano e dos seus “criminal grooves & soft porn” (segundo a organização).

 

 

   Como NOTÍCIA EM ATRASO (lapso nosso !) lembramos que há HOJE (Segunda-feira, 18) no bar de A Barraca, no Cinearte, o 46º Encontro Imaginário escrito e moderado por Helder Costa, onde vão estar frente a frente os seguintes personagens  (segundo o guião) :encontro-imaginc3a1rio-18-de-marc3a7o

   Almeida Garrett, “um brilhante revolucionário de 1820 e combatente contra o absolutismo ao lado de D. Pedro (que) foi escritor, dramaturgo, orador, par do reino, ministro e secretário de estado. Ressuscitou o teatro em Portugal, criou o Conservatório de Arte Dramática e o Teatro Nacional D. Maria II”.

   Pablo Neruda, “o célebre poeta chileno, infatigável activista político, militante do partido comunista, de brilhante carreira diplomática (que) faleceu dias depois do golpe fascista de Pinochet em 1973, indo o seu corpo ser exumado dentro de dias a pedido dos familiares  devido a suspeitas de assassinato.

   E por último, Napoleão III, “hábil manipulador que escrevia e fazia declarações completamente contraditórias para satisfazer todas as classes civis e militares, assim conseguindo ser eleito presidente da República (!) Claro que da má fama não se livrou, e acabou por ser exilado ficando conhecido por “o pequeno Napoleão”, como Victor Hugo o nomeava…”.

   Interpretam estes personagens Adérito Lopes (Almeida Garret), Sérgio Moras  (Napoleão III) e João D’Ávila (Pablo Neruda). 

 

 

 

(para as razões desta nova forma de Agenda ler aqui ; consultar a agenda de Segunda aqui)

 

 

 

 

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