Pagar mais caro que o preço
E as coisas não ficam por aqui. Obriga-se a população a pagar mais caro que o preço correcto aquilo que ela própria produz. Esta produção, um enriquecimento real, transforma-se para o povo numa dívida sobrecarregada pelos juros. Com o decorrer dos anos, a soma dos juros pode igualar, ou mesmo ultrapassar, o montante da dívida imposta pelo sistema. Deste modo, obriga-se assim a população a pagar duas ou três vezes, o preço de produção.
Além das dívidas públicas, há também as dívidas industriais, igualmente sobrecarregadas por juros. Forçam o industrial, o empreendedor, a aumentar os preços e a fixá-los muito acima do custo de produção para poder reembolsar o capital e os juros, sem o que entraria em bancarrota.
Dívidas públicas ou dívidas industriais, é sempre a população que tem de as pagar ao sistema financeiro. Pagar em impostos quando se trata de dívidas públicas; pagar em numerário quando se trata de dívidas industriais. Os preços encarecem enquanto que as taxas emagrecem o porta-moedas.
Sistema tirãnico
Tudo isto e muitas outras coisas são significativas quanto a um sistema de dinheiro, um sistema financeiro, que escraviza em vez de servir e que mantém a população sob o seu domínio – tal como Martinho mantinha os cinco náufragos da Ilha sob o seu controlo até que eles se revoltaram.
E se os controladores do dinheiro se recusam a emprestar ou se propõem condições demasiado gravosas para os organismos púbicos ou industriais, o que acontece? Acontece que os organismos públlicos renunciam a projectos que eram, no entanto, urgentes. Acontece que os industriais renunciam a investigações ou a produções que correspondiam a necessidades. E isto provova desemprego. Para impedir que os desempregados morram de fome, é preciso criar novos impostos para aqueles que têm ainda qualquer coisa ou que ganham ainda um salário.
Pode-se imaginar um sistema tão tirânico, cujas malefícios se fazem sentir sobre toda a populacão?
AMANHÃ – OBSTÁCULO À PRODUÇÃO