ALUNOS E PAIS À DERIVA por clara castilho

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Para a maioria das crianças e jovens começou o novo ano lectivo ontem ou na passada 6ª feira. Com cada vez mais interrogações. E qual o panorama?

Este ano podemos contar com menos 2.724 estudantes do que em relação ao ano passado. As escolas do ensino básico perdem cerca de sete mil alunos mas no ensino secundário aumentam em mais de 4 mil, num estimativa que deixa de fora as crianças do pré-escolar e os adultos. Dados que são evocados para o Ministério de Educação justificar a redução do número de professores colocados nas escolas.

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Os horários também mudaram. O número de alunos aceites por turma aumentou e, no 1º ciclo, a meia hora de recreio a meio da manhã deixou de contar como tempo lectivo. Assim:

– os professores sairão mais tarde,

– o tempo necessário para completar o horário da estadia das crianças na escola é menor,

– as AEC – actividades extra-curriculares que antes tinham sido implementadas, com oferta gerida por cada agrupamento, mas contemplando áreas como educação física, música, inglês, expressões plásticas, deixaram de existir na maior parte das escolas, com correspondente desemprego de quem aí trabalhava.

– os professores são mais “rentabilizados”, dispersando-se de escola para escola, muitas vezes a dezenas de quilómetros, com as respectivas despesas às suas custas.

– há necessidade de menos professores, indo estes aumentar as filhas dos centros de desemprego.

E assim abriram as escolas, com falta de muitos professores, apesar de os altos responsáveis dizerem que ignoram estes factos e afirmarem que tudo corre bem!

Mas continuemos.

Que dizer do “cheque ensino”?

Que dizer dos exames de inglês no 9º ano – com diplomas a pagar a entidades externas? E isto depois de se retirar a possibilidade de as crianças do 1º ciclo terem inglês nas AEC’s ? Como irão ser os resultados nos exames, depois de se terem cortado as condições anteriores?

Que dizer do regresso a um currículo empobrecido, dos exames à moda antiga em todos os graus de ensino, dos mega-agrupamentos?  

Que dizer dos professores colocados tardiamente com evidentes consequências na organização da dinâmica familiar?

Que dizer dos manuais escolares, com preços escandalosos (compadrios entre ministério e algumas editoras), os mais luxuosos de toda a Europa?

Que dizer deste caminho desenfreado em direcção a uma escola a quem apenas compete ensinar alguns conteúdos disciplinares, não interessando mais nada do que lá se passa?

Que dizer da forma como estão a “cortar as pernas” ao ensino superior e à investigação, tão importante para o futuro (mas com jovens portugueses a mostrarem as suas superiores capacidades em entidades estrangeiras)?

Que dizer de esta visão das pessoas como números, em que a educação não é um investimento mas somente um gasto?

Prevê-se o aumento do insucesso e do abandono escolar. Que vai acontecer a esses jovens? Pois, poupa-se agora, mas daqui a uns anos, vamos gastar nos hospitais e nas prisões…

 

1 Comment

  1. *A medida que o tempo passa *,*assiste-se a novos captulos de uma telenovela …..cujo desenlace se prev uma caminhada para a crucifixao do Ensino Pblico -tenho duas filhas licenciadas,mestradas ,3 netos licenciados que se sentem escandalizadas com o rumo dado a este Ensino -hoje,ocupam uma posio de relevo e quando se sabe que vieram do Ensino Pblico ,olham-nas com achados arqueolgicos -o mesmo sucede com os netos -Espero bem que as autrquicas seja um filme de terror -Maria *

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