por Rui Oliveira
O início da semana é calmo (o Domingo, não esqueçamos, é a Primeira-feira, a que se segue a Segunda, a Terça, etc…) e nele só teríamos a destacar :
No Centro Cultural de Belém − enquanto no seu Pequeno Auditório se repete (esperemos com sucesso) a Oratória de Pedro António Avondano (ver Pentacórdio de ontem) − recomeça o ciclo Bom Dia Música trazendo à Sala Luís Freitas Branco, às 11h, o Quarteto de Cordas de Sintra para interpretar Quartetos Românticos Portugueses.
Este conjunto, composto por Nélson Nogueira violino, Romeu Madeira violino, Eurico Cardoso viola e Abel Gomes violoncelo, tem contribuido para a divulgação e a preservação dum património musical nacional riquíssimo e, neste caso, decidiu fazer a estreia moderna dos três quartetos de Júlio António Avelino Soares (1846-1888), compositor prolífico que escreveu sobretudo música para teatro e música religiosa, quase toda para solistas, coro e grande orquestra, tendo produzido também alguma música de câmara, entre a qual se destaca um Solo de Contrabaixo com acompanhamento de cordas (além destes três quartetos apresentados neste concerto).
«Embora com uma estrutura relativamente formal e conservadora» (diz o CCB), «estes quartetos reflectem na plenitude a linguagem, a estética e o gosto musical vigentes na Lisboa oitocentista, bem distintos dos das demais correntes europeias, e revelam-nos um compositor hábil e de fácil invenção melódica».
O programa é pois constituído pelas obras de Avelino Soares :
Quarteto para Cordas N.º 1 em Dó Maior – I Allegro; II Minuetto-trio; III Andante; IV Vivace
Quarteto para Cordas N.º 2 em Dó Maior – I Allegro moderato; II Tempo di minuetto-trio; III Adagio; IV Finale allegro
Quarteto para Cordas N.º 3 em Lá Maior – I Allegro; II Adagio; III Minuetto-trio; IV Finale
Nessa tarde do Domingo, 22 de Setembro, e integrado nas Jornadas Europeias do Património 2013 (aqui ontem referidas), há um Recital de Canto e Piano na Sala dos Espelhos do Palácio Foz (na Praça dos Restauradores), às 16h com entrada livre, onde Manuel Pedro Nunes, barítono e Ana Jacobetty, piano, ambos formados nos Cursos Superiores do Conservatório de Lisboa embora com aperfeiçoamentos europeus distintos, abordarão momentos diversos da ópera europeia (ver programa escolhido abaixo).
Em texto longo (ver aqui ) Manuel Pedro Nunes justifica-o, como exemplifica o excerto : «A criação da Ópera, categoria musical por excelência europeia … surge no momento em que Monteverdi de forma revolucionária, descobre o poder da palavra conjugada com a melodia e a teatraliza, criando um sistema dramatúrgico de ruptura total e completa com o teatro medieval e renascentista das farsas e representações de cariz religioso ou moralizante. Pela Ópera, podemos seguir o pensamento estético e ideológico europeu».
Ir-se-á assim ouvir de :
Wolfgang Amadeus Mozart
“Le nozze di Figaro” (ária do Conde Almaviva) Hai già vinta la causa… Vedrò mentr’io sospiro
Richard Wagner
“Tannhäuser” (ária de Wolfram) Wie Todesahnung… O, du mein holder Abendstern
Jacques Offenbach
“Les contes d’Hoffmann” (ária de Dapertutto) Scintille, diamante
Alexander Borodin
“O Príncipe Igor” (ária do Príncipe Igor) Ni zna, ni otdikha
Giuseppe Verdi
“I Masnadieri” (aria e cabaleta de Francesco Moor) Vecchio… La sua lampada vitale Tremate, o miseri
Uma gravação (deficiente) daquela ária das Bodas de Fígaro de Mozart gravada em 2008 indicia as capacidades vocais do barítono Manuel Pedro Nunes :
Por curiosidade, quem queira ouvir como Ana Jacobetty executa o acompanhamento pianístico, tem aqui o registo em Lisboa (2012) de “Songs of the Shows” onde Agnès Parlange canta Show Me e I could have danced all night da opereta “My Fair Lady”.
No Domingo, 22 de Setembro, resta aos amantes de jazz cantado acorrer ao Largo das Necessidades, junto à Tapada do mesmo nome (à Infante Santo) onde, integrado no Meo Out Jazz 2013, haverá das 17 às 19h um concerto de Mariana Norton de acesso livre.
Desta «cantora com uma voz carregada de emoção e apoiada por um timbre cativante», detentora de um percurso pouco usual, que conta com colaborações com artistas e grupos de diferentes universos musicais, desde os Toranja até à Orquestra de Jazz do Hot Clube (onde se formou), é de esperar (segundo um texto crítico) «o aliar duma sensibilidade artística e expressiva a um dom musical, contando-nos estas suas histórias em forma de canção, ora num tom de desabafo intimista, ora num ritmo intenso e explosivo».
Mostramos-lhe aqui uma sua actuação ao vivo em 2012 cantando “My Personal Ghost”, com letra e música sua. Posteriormente foi lançado em Julho último “10 Sides To My Story”, o primeiro disco de Mariana Norton, composto por 10 canções escritas pela autora (música e letra, à excepção de um poema da sua mãe, Cristina Norton, e de uma colaboração com o músico e amigo de longa data, Tiago Bettencourt) de que pode aqui ouvir-se um teaser.
Passando agora ao dia seguinte, Segunda, 23 de Setembro, apenas há a assinalar novo evento na Sala dos Espelhos do Palácio Foz, às 19h, com a habitual entrada livre e numa iniciativa da Embaixada do Principado de Andorra, com transmissão em directo da Antena 2.
Será um Recital de Música de Câmara pelo Quarteto de Solistas da Jonca, composto por Francesc Planella violino, Josep Martínez violino, Sílvia Garcia viola e Mireia Planas violoncelo, que irá interpretar de :
Georg Philipp Telemann Suite burlesca de Dom Quixote TWV 55:G10
Abertura
O sonho de Dom Quixote
O ataque aos moinhos de vento
Suspiros de amor pela princesa Dulcineia
O picaresco Sancho Pança
O galope de Rocinante e o do burro de Sancho
O descanso de Dom Quixote
G.P. Telemann Quarteto nº 3, Op. 8 em Mi Bemol Maior, G. 167
I – Largho; II – Allegro; III – Tempo di Menuetto
Eduard Toldrà Vistes al mar
A giesta novamente (Alegro con brio)
Lá nas distâncias do mar (Lento)
O mar estava contente (Molto vivace)
Pau Casals S. Martí de Canigó
Sendo estes músicos membros da “Jove Orquestra Nacional de Cambra d’Andorra” (JONCA), mostramos-lhes, por não haver outro, um registo dum ensaio da mesma aqui .
Com melhor qualidade musical fica em seguida uma versão da última peça do concerto “S. Marti de Canigó”, um tema emblemático do repertório catalão, tocado pela Cobla Flama de Farners, sob a direcção de Jordi Molina :