POEMAS DO AL-ANDALUS – 3 – fotografias de Fábio Roque

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Com esta terceira fotografia de Fábio Roque, vamos lembrar uma outra poetisa do Al-Andalus. Na verdade, embora Hafsa tenha sido talvez a melhor do seu século, não foi a única – Nazhūn bint al-Qa‘ala, também ela granadina, tornou-se famosa pelos seus poemas satíricos. Num deles exprime a sua paixão por uma jovem pessoa do mesmo sexo o que foge completamente aos limites morais impostos pelo Islão:

As lágrimas revelam os meus segredos num rio

onde existem tantos sinais de beleza;

é um rio que rodeia jardins

e são jardins que marginam o rio;

entre as gazelas há uma humana

que possui a minha alma e é dona do meu coração.

Eis a razão que me impede de dormir:

quando solta o seu cabelo  sobre o rosto,

parecendo a lua entre as trevas da noite;

é como se à aurora houvesse morrido um irmão

a tristeza se tivesse vestido de luto.

Outro caso de homossexualidade poeticamente declarada foi o de Ibn Sahl de Sevilha (1212-1251), hóspede da corte menorquina,

um judeu que se converteu ao islamismo. Apaixonado por um efebo, dedicou-lhe poemas como o que abaixo transcrevemos:

Será um sol com túnica  de púrpura

ou uma lua  subindo sobre um ramo de salgueiro?

Mostra dentes ou são pérolas num colar?

 São olhos o que mostra ou dois leões?

Uma face de maçã ou uma rosa

que dos escorpiões duas espadas guardam?

Lembramos que actualmente há estados islâmicos – a Arábia Saudita e a Somália, por exemplo, onde a homossexualidade é punida com a pena de morte:

(Tradução feita a partir da versão  em casatelhano do Professor Vicente Cantarino)

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