Celebrando a Ronda dos Quatro Caminhos – 14- por Álvaro José Ferreira

Serenata

Letra e música: Popular (Beira Baixa)

Intérprete: Ronda dos Quatro Caminhos* (in CD “Recantos”, Polygram, 1996)

[instrumental]

Estou cantando à tua porta,

Vim aqui por causa tua:

Acordar à meia-noite

A mais bela flor da rua.

[instrumental]

Bem sei que te levantaste

E que me estás escutando

E que escreves num papel

As quadras que estou cantando.

[instrumental]

Chega-te a essa janela,

Vem ver a luz da manhã!

Vem ver a rua varrida

Pela capa de um galã!

[instrumental]

Ó luar da meia-noite,

Não sejas meu inimigo!

Estou à porta de quem gosto,

Não posso entrar contigo.

[instrumental]

Valha-me o lencinho branco

Neste momento em que choro,

Por não cair esta noite

Nos braços de quem adoro!

[instrumental]

Sol Baixinho (Moda de baile)

Letra e música: Popular (ilha de Santa Maria, Açores)

Recolha: Artur Santos (campanha de 1958) (in CD “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de Santa Maria”, Açor/Emiliano Toste, 2002)

Intérprete: Ronda dos Quatro Caminhos* (in CD “Recantos”, Polygram, 1996)

[instrumental]

Sol baixinho, sol baixinho,

Sol baixinho também queima;

Eu hei-de amar, sol baixinho,

Só p’ra seguir uma teima.

[instrumental]

Cravo branco, não me prendas,

Que eu não tenho quem me solte;

Não sejas tu, cravo branco,

Causante da minha morte!

[coro / instrumental]

O meu pai é tocador,

Minha mãe é cantadeira:

Eu sou filho deles ambos,

Canto da mesma maneira.

[instrumental]

Eu gosto muito de estar

Onde estão as raparigas:

Uma canta, outra baila

E a outra ouve as cantigas.

[coro / instrumental]

Serração da Velha

Letra e música: Popular (Estremadura)

Intérprete: Ronda dos Quatro Caminhos* (in CD “Recantos”, Polygram, 1996)

[instrumental]

Vamos serrar esta velha

Aqui mesmo ao pé da porta!

Ela não quer que lhe chamem

A velha da perna torta.

A velha da perna torta

Sem dentes não sabe rir;

Nunca dormiu numa cama

Que não podia subir.

[coro / instrumental]

Vamos serrar esta velha,

Ninguém tem nada com isso!

Venha a velha e venha o velho,

Venham todos p’ró cortiço!

Venham todos p’ró cortiço,

Vamos serrá-los com brio!

O velho já não comia

E só tremia de frio.

[coro / instrumental]

Vamos serrar esta velha,

Esta velha tão cruel,

Que tem abelhas aos centos

E não dá pingo de mel!

Nunca deu pingo de mel,

Nem broa, nem pão, nem sal.

Vamos embora cantar

P’ra onde não levem a mal!

[coro / instrumental]

D’Onde Vens, Ana?

Letra e música: Popular (Baixo Alentejo)

Intérprete: Ronda dos Quatro Caminhos* (in CD “Recantos”, Polygram, 1996)

[instrumental]

– D’onde vens, ó Ana?

– Venho da junqueira.

– Cheira-me o teu lenço, ó Ana,

À flor de laranjeira.

À flor de laranjeira,

À flor do alecrim;

Diz-me de onde vens, ó Ana?

– Eu venho do jardim.

[instrumental]

– D’onde vens, ó Ana?

Lenço na cintura,

Não conheço andar tão firme

Com tanta formosura.

Com tanta formosura

Só os anjos do Céu;

Diz-me de onde vens, ó Ana?

És minha e eu sou teu.

[instrumental]

D’onde vens, ó Ana?

Há tanto nevoeiro!

– Venho de lavar a roupa,

Eu venho do ribeiro.

Eu venho do ribeiro

E estou tão cansada!

– Fica tu comigo, ó Ana,

Minha rosa amada!

D’onde vens, ó Ana?

* Ronda dos Quatro Caminhos:

António Prata – violas, violino, bandolim e coros

Carlos Barata – acordeão, adufe e 2.ª voz

Daniel Completo – baixo acústico e coros

João Cavadinhas – viola amarantina e voz solo

Vítor Costa – bateria e percussões

Músicos convidados:

A.C. – violino

Filipe Martins – contrabaixo e baixo acústico

José Barros – viola braguesa

Pedro Fragoso – piano e coros

António Lopes e Alexandre Jerebtzov – coros

Arranjos – António Prata, João Cavadinhas e Carlos Barata

Produção e direcção musical – António Prata

Produção executiva – Alain Vachier

Gravado no Regiestúdio, Amadora, e misturado no Estúdio Sincronia, Madrid, em Janeiro e Fevereiro de 1996

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