Intérprete: Ronda dos Quatro Caminhos* (in CD “Recantos”, Polygram, 1996)
[instrumental]
Estou cantando à tua porta,
Vim aqui por causa tua:
Acordar à meia-noite
A mais bela flor da rua.
[instrumental]
Bem sei que te levantaste
E que me estás escutando
E que escreves num papel
As quadras que estou cantando.
[instrumental]
Chega-te a essa janela,
Vem ver a luz da manhã!
Vem ver a rua varrida
Pela capa de um galã!
[instrumental]
Ó luar da meia-noite,
Não sejas meu inimigo!
Estou à porta de quem gosto,
Não posso entrar contigo.
[instrumental]
Valha-me o lencinho branco
Neste momento em que choro,
Por não cair esta noite
Nos braços de quem adoro!
[instrumental]
Sol Baixinho (Moda de baile)
Letra e música: Popular (ilha de Santa Maria, Açores)
Recolha: Artur Santos (campanha de 1958) (in CD “O Folclore Musical nas Ilhas dos Açores: Antologia Sonora da Ilha de Santa Maria”, Açor/Emiliano Toste, 2002)
Intérprete: Ronda dos Quatro Caminhos* (in CD “Recantos”, Polygram, 1996)
[instrumental]
Sol baixinho, sol baixinho,
Sol baixinho também queima;
Eu hei-de amar, sol baixinho,
Só p’ra seguir uma teima.
[instrumental]
Cravo branco, não me prendas,
Que eu não tenho quem me solte;
Não sejas tu, cravo branco,
Causante da minha morte!
[coro / instrumental]
O meu pai é tocador,
Minha mãe é cantadeira:
Eu sou filho deles ambos,
Canto da mesma maneira.
[instrumental]
Eu gosto muito de estar
Onde estão as raparigas:
Uma canta, outra baila
E a outra ouve as cantigas.
[coro / instrumental]
Serração da Velha
Letra e música: Popular (Estremadura)
Intérprete: Ronda dos Quatro Caminhos* (in CD “Recantos”, Polygram, 1996)
[instrumental]
Vamos serrar esta velha
Aqui mesmo ao pé da porta!
Ela não quer que lhe chamem
A velha da perna torta.
A velha da perna torta
Sem dentes não sabe rir;
Nunca dormiu numa cama
Que não podia subir.
[coro / instrumental]
Vamos serrar esta velha,
Ninguém tem nada com isso!
Venha a velha e venha o velho,
Venham todos p’ró cortiço!
Venham todos p’ró cortiço,
Vamos serrá-los com brio!
O velho já não comia
E só tremia de frio.
[coro / instrumental]
Vamos serrar esta velha,
Esta velha tão cruel,
Que tem abelhas aos centos
E não dá pingo de mel!
Nunca deu pingo de mel,
Nem broa, nem pão, nem sal.
Vamos embora cantar
P’ra onde não levem a mal!
[coro / instrumental]
D’Onde Vens, Ana?
Letra e música: Popular (Baixo Alentejo)
Intérprete: Ronda dos Quatro Caminhos* (in CD “Recantos”, Polygram, 1996)
[instrumental]
– D’onde vens, ó Ana?
– Venho da junqueira.
– Cheira-me o teu lenço, ó Ana,
À flor de laranjeira.
À flor de laranjeira,
À flor do alecrim;
Diz-me de onde vens, ó Ana?
– Eu venho do jardim.
[instrumental]
– D’onde vens, ó Ana?
Lenço na cintura,
Não conheço andar tão firme
Com tanta formosura.
Com tanta formosura
Só os anjos do Céu;
Diz-me de onde vens, ó Ana?
És minha e eu sou teu.
[instrumental]
D’onde vens, ó Ana?
Há tanto nevoeiro!
– Venho de lavar a roupa,
Eu venho do ribeiro.
Eu venho do ribeiro
E estou tão cansada!
– Fica tu comigo, ó Ana,
Minha rosa amada!
D’onde vens, ó Ana?
* Ronda dos Quatro Caminhos:
António Prata – violas, violino, bandolim e coros
Carlos Barata – acordeão, adufe e 2.ª voz
Daniel Completo – baixo acústico e coros
João Cavadinhas – viola amarantina e voz solo
Vítor Costa – bateria e percussões
Músicos convidados:
A.C. – violino
Filipe Martins – contrabaixo e baixo acústico
José Barros – viola braguesa
Pedro Fragoso – piano e coros
António Lopes e Alexandre Jerebtzov – coros
Arranjos – António Prata, João Cavadinhas e Carlos Barata
Produção e direcção musical – António Prata
Produção executiva – Alain Vachier
Gravado no Regiestúdio, Amadora, e misturado no Estúdio Sincronia, Madrid, em Janeiro e Fevereiro de 1996