SINDROME DE DOWN – É POSSÍVEL TER-SE SÓ UM BOCADINHO? por clara castilho

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É o que respondem a Pablo Pineda Ferrer quando ele se quer candidatar a exercer a sua profissão. Nascido em Málaga, foi o primeiro licenciado europeu com síndrome de Down, sendo consultor da Fundação Adecco. É formado em Psicopedagogia mas não o deixam  ser professor! Para além disso, também tem trabalhado como actor.

pablo pineda

 

Uma pessoa com síndrome de Down é vista como uma pessoa com deficiência. Neste momento já são dadas certas condições para que as crianças possam estar integradas na escola regular. Quando numa turma está uma criança com estas características, a turma tem um número menor de alunos. Pressupõe-se que irá exigir, por parte dos professores uma maior atenção. E eles até gostam., na generalidade são crianças que não levantam grandes problemas, dóceis e que acatam regras e ordens. Os outros alunos, com mau comportamento, que lhes exigem constantemente a atenção, esses são mias difíceis e não levam a diminuição de número de alunos…

De qualquer forma, não se espera muito destas crianças. Se aprenderem a serem autónomos na vida, andarem de autocarro, fazerem algumas comprar, lerem o essencial, já se fica contente. Lembremos a importante acções dos familiares que se organizaram, após 25 de Abril de 74, para criarem instituições onde seus filhos – com estas características ou outras “deficiências” – pudessem encontrar uma resposta de escolarização e de integração social.

Já aqui falámos de vários casos, considerados de sucesso, em que conseguiram protagonizar uma vida pessoal, integrada na sociedade, muitas vezes na área da cultura – teatro, cinema.

Mas voltemos a Pablo Pineda. Pode-se quantificar “quanto” uma pessoa tem síndrome de Down? Dizem-lhe que ele conseguiu tirar um curso porque é pouco Down”! Se o conseguiu, talvez seja porque teve uma família e outras pessoas que o apoiaram.

No cinema protagonizou  Yo, también (2009) com Lola Dueñas. Trata-se de um filme de ficção cuja história tem paralelismos com a luta que Pineda tem travado na sua vida pessoal.

Ele diz “ a minha família trata-me como um filho e não como um síndrome de Down. Os meus pais sempre me exigiram que saísse, tivesse amigos, que não ficassem em casa, que estudasse. […] Predomina a ideia de que quando se é imperfeito, se tem que se adaptar à sociedade, que, essa, é perfeita. Eu opto pela normalização. Significa o contrário, que é a sociedade que se deve adaptar à diferença. As pessoas com Down são um reflexo do mundo que as envolve. Se esse não são estimuladas…[…] A sociedade quer tornar difícil o que é fácil. Infravaloriza o diferente. Prejudica o diferente, aqueles que não sejam  homens  brancos, com dinheiro  e bonitos. [ …] O que é o síndrome? No par 21 de cromossomas não existem dois, mas sim três cromossomas. Temos dificultardes na linguagem, traços faciais achinesados, processamos mais lentamente a informação e temos algumas patologias cardíacas […] Um dos momentos mais felizes foi a entrega dos certificados. […] Gosto muito de crianças. Tenho alma de professor. Nunca pensei em fazer cirurgias para mudar o meu rosto. Sou feliz como sou.”


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