Papa Francisco não quer dois “galos” no mesmo “capoeiro” . E D. Manuel III, Patriarca de Lisboa, não subiu (ainda) a cardeal – por Mário de Oliveira

Não é que o Papa Francisco desista dos cardeais. Não desiste. Que foram os cardeais que o elegeram. E sem cardeais, ele não teria chegado nunca ao topo da carreira eclesiástica, como chegou. O nome Francisco, por que se faz chamar, é só para ele não se esquecer de que convém dar à Cúria romana uma outra máscara, para ela poder ser cada vez mais Cúria romana. Com o Papa Bento XVI, a Cúria romana estava já pelas ruas da amargura. E podia ruir a qualquer momento. Agora, não. Todo o mundo do Poder está rendido à mascara Francisco, porque ele lhes faz lembrar o pai de Francisco de Assis. Não era de bom-tom escolher o nome do pai, grande empresário de Assis. Francisco, sim. Mas apenas o Francisco das “Ordens Mendicantes” (???!!!) carregadas de riqueza, que há por esse mundo além, não o histórico Francisco de Assis, traído ainda em vida pelos próprios companheiros que avançaram, à revelia dele, com uma “Regra” aprovada pelo Papa Inocêncio III, também ele, inocêncio só de máscara. Em boa verdade, o Poder papal em todo o seu esplendor e corrupção.

Mas se o Papa Francisco não desiste dos cardeais, não deixa, contudo, de surpreender que tenha desistido, pelo menos, para já, de D. Manuel III, Patriarca de Lisboa, que, às pressas, trocou a Diocese do Porto onde actuava há seis anos, para ir presidir ao Patriarcado de Lisboa, antes que o Papa Francisco escolhesse os novos cardeais. É que manda a Tradição do Poder eclesiástico em Portugal que o novo Patriarca de Lisboa seja feito cardeal, logo no primeiro consistório realizado depois da sua tomada de posse. O Bispo Manuel Clemente tomou posse como D. Manuel III, Patriarca de Lisboa, antes da divulgação da lista dos primeiros cardeais eleitos pelo Papa Francisco. Só que, para surpresa dele e da própria Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), o seu nome não figura nesta lista. A frustração é, pois, total. D. Manuel III, Patriarca de Lisboa, foi para Patriarcado por lã, e acaba por sair tosquiado, ainda que se mantenha como Patriarca. Apesar de ter recebido, não há muito tempo, das mãos do Papa Francisco o pálio que, desde então, usa nas costas,  sempre que preside aos cultos litúrgicos em honra de um Deus que, pelos vistos, gostará dessas coisas, com tanto de vaidade e de mau gosto, como de caricato.

 As hostes eclesiásticas cá do burgo nacional abalaram-se e andam aos papéis, perante esta decisão do Papa. Mas Papa é papa. Não pode ser contestado. Nem sequer as hostes eclesiásticas nacionais podem apelar para Deus, porque as decisões do Papa são todas inapeláveis. O próprio Deus está submetido a ele. O que ele ligar na terra fica ligado no céu. E o que ele desligar na terra fica desligado no céu. Que é assim o universo do Poder monárquico absoluto. E tal é o universo do Papa e do seu Deus, não o dos seres humanos, da Humanidade e o seu Deus. E por esta é que os Bispos portugueses não esperavam. Mas o Papa Francisco só actua, assim, porque não quer dois “galos” no mesmo “capoeiro”. E, por agora, Lisboa tem um cardeal vivo e com idade inferior a 80 anos. Por isso, papável e com direito a participar, com o seu voto, na eleição de um novo Papa. É apenas isto que se passa.

 Não. Não pensem que o Papa Francisco quer acabar com os cardeais. Não. O que ele não quer são dois “galos” no mesmo “capoeiro”. Já lhe basta a ele ter de conviver com um Papa emérito, com todos os direitos e privilégios de Papa. Até que a morte chegue e acabe com esta confusão. Por isso, D. Manuel III, Patriarca de Lisboa, apenas terá de esperar que o cardeal Dom José Policarpo complete os oitenta anos de idade, ou sofra de um ataque cardíaco fulminante. E não só. Terá de esperar também que volte a haver uma nova “fornada” de novos cardeais. Porque, sem cardeais é que a Cúria romana não se aguenta. Mas tudo tem de ser realizado com conta, peso e medida. Coisas que o Espírito Santo, o de Jesus, manifestamente desconhece. E, por isso, é que tem de ser sempre escorraçado da Cúria romana. Porque, na Cúria, do que se percebe é de finanças. Não de Evangelho, o de Jesus. Alerta, povos do mundo. E deixemos de procurar fora de nós o que está dentro de nós. Cresçamos de dentro para fora e sempre em relação maiêutica uns com os outros, e tudo o mais virá por acréscimo.

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NOTA DA COORDENAÇÃO: Este artigo foi transcrito do Jornal Fraternizar com autorização expressa do autor e editor. A partir de Fevereiro, a colaboração do argonauta Mário de Oliveira, Presbítero do Porto, será publicada numa secção específica com o título do jornal – Fraternizar. Dorindo Carvalho concebeu um logótipo para essa rubrica.

 

 

 

 

 

 

1 Comment

  1. COM O MEU MAIOR RESPEITO E ADMIRAO, o meu muito obrigado, meu irmo amigo por mais esta lio de vida. Serei o teu seguidor atento e desejoso de aprender contigo. Deixo te o meu melhor desejo de que possas prosseguir nesta tua misso de ensinar e esclarecer aqueles que, como eu, te respeitam e sentem que ests connosco e entre ns, como um de ns que s… Obrigado pois meu irmo e companheiro solidrio heitor

    heitor

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