Continuando a antologia dos poetas da “negritude”, apresentamos uma selecção de poetas africanos e americanos que dedicaram as suas poéticas a esta isotopia.
BIRAGO DIOP
( 1906 – 1989)
SOPROS (fragmento)
Escuta com cuidado
mais as coisas do que os seres.
A voz do fogo sente-se,
ouve-se a voz da água.
Escuta atrvés do vento
soluçando nos matagais:
é o sopro dos ancestrais.
Aqueles que morreram nunca nos deixam
estão na sombra que se ilumina
e na sombra que se adensa,
os mortos não estão debaixo da terra:
estão na árvore que freme,
estão no bosque que geme.
Estão na água que corre,
estão na água que dorme,
estão nos antros estão na multidão:
os mortos não estão mortos.
(de “Leurres et Lueurs”, versão de MS)
Poeta e dramaturgo senegalês de expressão francesa. A sua obra poética, caracterizada pelo espírito negro-africano, foi reunida no volume “Leurres et Lueurs” (Paris, 1975). Os melhores cantos são escritos à maneira dos “kassaks” africanos (poemas exotéricos dos circuncisos). Incluído na “Anthologie de la Nouvelle Poésie Nègre et Malgache”, de L. Senghor (Paris, 1948).
Belo poema ressoante! Telúrico como só a África ainda sabe ser.
* Obrigada por este momento potico -Maria *