POESIA AO AMANHECER – 373 – por Manuel Simões

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Continuando a antologia dos poetas da “negritude”, apresentamos uma selecção de poetas africanos e americanos que dedicaram as suas poéticas a esta isotopia.

 BIRAGO DIOP

                                   ( 1906 – 1989)

            SOPROS (fragmento)

            Escuta com cuidado

            mais as coisas do que os seres.

            A voz do fogo sente-se,

            ouve-se a voz da água.

            Escuta atrvés do vento

            soluçando nos matagais:

            é o sopro dos ancestrais.

 

            Aqueles que morreram nunca nos deixam

            estão na sombra que se ilumina

            e na sombra que se adensa,

            os mortos não estão debaixo da terra:

            estão na árvore que freme,

            estão no bosque que geme.

            Estão na água que corre,

            estão na água que dorme,

            estão nos antros estão na multidão:

            os mortos não estão mortos.

 

            (de “Leurres et Lueurs”, versão de MS)

Poeta e dramaturgo senegalês de expressão francesa. A sua obra poética, caracterizada pelo espírito negro-africano, foi reunida no volume “Leurres et Lueurs” (Paris, 1975). Os melhores cantos são escritos à maneira dos “kassaks” africanos (poemas exotéricos dos circuncisos). Incluído na “Anthologie de la Nouvelle Poésie Nègre et Malgache”, de L. Senghor (Paris, 1948).

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