FALEMOS DE ECONOMIA, FALEMOS ENTÃO DE POLÍTICA – QUANDO A INCOMPETÊNCIA OU A MALDADE SÃO CONSIDERADAS QUALIDADES E, COMO TAL, PREMIADAS, por JÚLIO MARQUES MOTA

Quando a incompetência ou a maldade são consideradas qualidades e como tal, premiadas – IIª Parte – F

Ainda a propósito das recentes promoções de Vítor Gaspar, Álvaro Santos Pereira e José Luís Arnaut

(CONTINUAÇÃO)

Sobre as importações e exportações, sobre a dinâmica das políticas de austeridade, dois quadros ilustram-nos bem sobre a triste realidade construída por estas políticas e por estes homens que agora são promovidos internacionalmente, como tecnicamente competentes, tecnicamente como homens de visão, de futuro.

bazucab - II bazucab - III

Segundo as Figuras 1 e 2, encontramo-nos a perder na gama dos bens exportáveis de alta tecnologia, pois estes estão a diminuir relativamente; a ganharmos nos bens de baixa tecnologia a importar, pois estes estão a aumentar relativamente; e tudo isto justifica o crescente peso dos países emergentes na estrutura produtiva portuguesa. Posto isto, o ministro Crato “terá” razão, não precisamos de cientistas, não precisamos de doutorandos, não precisamos de bolsistas, pois estamos num forte processo convergência com os países em desenvolvimento e isso chega-nos. Ora aparentemente contra isto, o ministro Álvaro Santos Pereira terá tido, mas apenas ao nível do pressuposto, um mérito: o de ter co-assinado uma carta que alguém escreveu por ele e pelos restantes, a propósito do proteccionismo, a propósito da renovação industrial da Europa. Mas o Big Brother vigilante de Bruxelas carregou forte e feio, mandou um Comissário a Paris para falar com o ministro francês, o suposto autor da carta, e para que este se calasse e, de proteccionismo nunca mais se ouviu falar. Dos restantes assinantes nunca mais se ouviram e viram referências ao tema mencionado, como se de uma paralisia das faculdades destes se tratasse.

É por esta multiplicidade de efeitos mirabolantes que apareciam os multiplicadores negativos, pelos efeitos colaterais positivos que neutralizavam, e bem mais do que o valor da consolidação orçamental que é expressa por ΔG. No mundo puro e fantástico do neoliberalismo, similar à realidade da obra “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carrol, a realidade desenha-se assim, mas a história num curtíssimo espaço de tempo encarregou-se de mostrar o absurdo destas hipóteses.

Contudo, na arena internacional liderada e capturada pelos neoliberais estes incompetentes ou então loucos são agora promovidos pelo seu Curriculum Vitae, quando ao mesmo tempo o que se observa é um país completamente destruído e arrasado para as próximas décadas. Isto faz-nos considerar que aqueles que os nomearam são homónimos deles, ou ignorantes ou corruptos ou pessoas de má-fé, ou até, serem merecedores de todos estes atributos em conjunto, porque é impossível não verem os estragos que provocaram. O Secretário-Geral da OCDE, Angel Gurria, que pela prática destes homens, pelos efeitos das suas acções, me desminta. O tempo da economia dos termos já passou, lamento dizê-lo. Mas há evidentemente quem suba mais alto e pelos mesmos motivos. Dois ou três exemplos:

i)                    Nicolas Sarkozy

Segundo o Financial Times, um fundo de investimento do Quatari que movimenta na ordem dos EUR 250 milhões estaria disponível a oferecer a um posto de direcção ocupado por Sarkozy uma remuneração na ordem dos EUR 3 milhões anuais, sem entrar em linha de conta com as remunerações variáveis. Em Agosto de 2012, segundo Le Canard Enchaîné o banco Morgan Stanley estaria disposto a pagar até ao montante de EUR 250.000 por 45 minutos de conferência proferida por Nicolas Sarkozy. O ex-Presidente francês terá dado uma série de conferências para o Goldman Sachs, Câmara do Comércio de Montreal, grupo TATA, entre outras em que por cada uma terá recebido entre USD 75.000 e 200 000;

ii)                  Tony Blair – O socialista da Terceira Via

Um analista financeiro que estudou as suas contas considera que terá recebido USD 1 milhão por ter ajudado a desbloquear um contrato entre a companhia suiça Glencore sediada no cantão de referência como paraíso fiscal, Zoug, e o reino do Quatar. Tony Blair terá ganho num só discurso nas Filipinas em 2013 cerca de EUR 450.000. A fortuna de Tony Blair terá já atingido cerca de EUR 84 milhões.

Podíamos continuar

Deixemos apenas como lembrança uma foto, que de acordo com a fisionomia facial, mostra boas e francas relações de amizade e entre estes dois políticos.

FRANCE-POLITICS-SARKOZY-BLAIR

No entanto estes também recebem de outros bolsos. Na esfera desta temática, deixo-vos uma “pequena” lista dos pagadores aos antigos presidentes:

Goldman SachsJPMorganMorgan Stanley; Zurich International; uma companhia petrolífera da Coreia, o governo do Casaquistão (estes dois últimos pagam a Tony Blair), o grupo de imprensa suíço Ringier; Rothschild, o gigante russo do gás, Gazprom, o grupo petrolífero russo-britânico TNK-BP (que paga a Schroeder cerca de EUR 200.000 por ano); o grupo indiano TATA; (…) etc. etc.

(continua)

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Para ler a parte II – E deste trabalho de Júlio Marques Mota, publicada ontem em A Viagem dos Argonautas, vá a:

FALEMOS DE ECONOMIA, FALEMOS ENTÃO DE POLÍTICA – QUANDO A INCOMPETÊNCIA OU A MALDADE SÃO CONSIDERADAS QUALIDADES E, COMO TAL, PREMIADAS, por JÚLIO MARQUES MOTA

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